Dados do Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que as águas subterrâneas são a principal fonte de abastecimento de água para 28,3 milhões de brasileiros. A edição do Censo de 2022 diferenciou essa alternativa de abastecimento, separando ela em poços profundos e poços rasos.
O assunto é tema de um artigo assinado por três pesquisadores do Centro de Pesquisas de Água Subterrânea da Universidade de São Paulo, publicado no Jornal da USP. Para os pesquisadores, a separação em poços profundos e rasos “melhorou a identificação da água usada pela população não conectada à rede” ;
O Censo aponta que as águas subterrâneas são a primeira alternativa para o abastecimento de 14% da população. Mas a maior parte da fonte hídrica do país vem dos rios. Portanto, destacaram os pesquisadores, a rede geral de abastecimento do país tem 40% das cidades totalmente abastecidas por águas subterrâneas e 17% parcialmente abastecidas por elas.
Universalização da água
Os pesquisadores defendem no artigo que as águas subterrâneas são uma alternativa para a universalização da água. “As águas subterrâneas são fundamentais para superar os problemas de abastecimento de água e o retrato real da sua importância é peça-chave nas políticas de universalização do serviço de água e aumento de resiliência da população brasileira”, afirmaram.
Mas eles apontam que, apesar da melhora das informações do Censo, os dados podem estar subnotificados. “Esse recurso é captado por 2,5 milhões de poços tubulares ou “artesianos”, sendo que 88% são irregulares. Ou seja, não constam nos cadastros oficiais dos órgãos de controle, invisibilizando a extração de mais de 17,6 bilhões de litros por ano”.
As águas subterrâneas são importantes também contra as mudanças climáticas. Segundo os pesquisadores, os aquíferos são inegavelmente importantíssimos para algumas regiões do Brasil na questão do abastecimento, mas eles apontaram a eficiência dessa fonte contra a crise hídrica.
“Municípios abastecidos por águas subterrâneas foram duas vezes mais resilientes contra as últimas crises hídricas. E esse papel tende a crescer no enfrentamento dos impactos das mudanças no clima”, destacaram.
*texto a partir de artigo publicado no Jornal da USP
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 06 – Água limpa e saneamento.
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