Estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que a população total do planeta chegou a 8 bilhões neste mês de dezembro, 1 bilhão a mais que a quantidade de pessoas no mundo em 2011. O aumento da expectativa de vida, provocada por avanços e desenvolvimentos em saúde pública, saneamento e nutrição, é um dos fatores que ajuda a explicar esse crescimento populacional. Mas e a alimentação? Haverá comida para tanta gente?

Para o nutricionista, engenheiro agrônomo e coordenador do curso de Nutrição da Uninter, Alisson David Silva, é possível produzir mais alimentos sem necessariamente expandir áreas de plantio e de pecuária. Para ele, é preciso investir em políticas públicas específicas para alimentação e, principalmente, em tecnologia no campo.

Leia também: Embrapa renova plano de combate ao desperdício do campo à mesa

“Não preciso aumentar a minha área de plantação, a minha área de pastagem. Eu tenho que produzir mais no mesmo local”, afirma. “É preciso pensar em tecnologias para o campo para que realmente não precise expandir a questão de mais áreas. Eu preciso, na mesma área, conseguir uma produção maior”, destaca Alisson Silva.

Só no Brasil, de acordo com o Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área agrícola do país equivale a 7,6% do território nacional. São mais de 664.784 km² de terras para plantio e criação de animais. Enquanto o planeta possui 1,87 bilhão de hectares de lavouras, segundo último estudo da NASA, a Agência Espacial Norte-Americana, divulgado em 2017. Cada hectare, segundo o levantamento, alimentaria quatro pessoas.

Solo

Outra preocupação, conforme o especialista, está nos cuidados com um dos recursos minerais renováveis mais importantes para a vida no planeta: o solo. Aproximadamente 11% das áreas da superfície terrestre são responsáveis pela produção de diversas culturas, que supre aproximadamente 7 bilhões de pessoas. O manejo inadequado pode tornar extensas áreas inférteis para o cultivo de qualquer planta.

Para Alisson Silva, não seria possível sobreviver apenas com alimentos industrializados, cuja origem não esteja ligada ao cultivo no solo. “Há suplementos de proteína, de carboidratos, de lipídios, viveria-se à base de pó. Mas isso não é viável fisiologicamente para o nosso organismo. A gente precisa, pelo menos, dos vegetais”, explica.

Alimentação e desperdício

Criado em 2006 e reeditado em 2014 pelo Ministério da Saúde em conjunto com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), da Universidade de São Paulo (USP), o “Guia Alimentar para a População Brasileira” é um aliado sobre como se alimentar há 18 anos.

O documento traz diretrizes sobre alimentação e promoção da saúde de pessoas, famílias, comunidades e como prevenir doenças crônicas, como a diabetes. “É de simples leitura, é feito para a população e não para profissionais. Lá estão todos os passos de como fazer uma alimentação saudável”, reitera Alisson Silva.

Combater o desperdício de alimentos também pode ser uma saída. Isso ocorre quando a produção excedente não encontra absorção do mercado e acabam estragando devido a problemas no armazenamento, dificuldades de transporte, assim como nas sobras de supermercados.

Para Alisson David, a mudança de comportamento não deve ocorrer apenas na produção, mas também por quem consome o que é produzido. “Compre alimentos frescos, fortaleça a agricultura local. Não é preciso comprar uma quantidade exagerada de alimentos, compre em menor quantidade. Não precisa armazenar alimentos, porque é nesse descuido que muitos acabam estragando e, a gente, descartando”, conclui.

O engenheiro agrônomo e coordenador do curso de Nutrição da Uninter, Alisson David Silva (Foto: Sagres Online)

Leia mais: