Nos dias 16 e 17 de agosto, ocorre em Brasília (DF) o evento oficial de lançamento da Cátedra Unesco UniTwin – Cidade que Educa e Transforma. A Cátedra Unesco UniTwin foi estabelecida no ano de 1992, com o propósito principal de sistematizar e compartilhar conhecimento e experiências que abordem o conceito de cidades como espaços e territórios educativos.
Essa iniciativa representa um consórcio internacional que foi coordenado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Ao todo, participam 12 instituições de ensino superior brasileiras, uma universidade em Portugal e outra em Guiné-Bissau.
A Unesco aprovou em setembro de 2022, e sua instalação ocorreu em 28 de fevereiro deste ano, em Portugal, durante uma cerimônia na Câmara Municipal de Lisboa.
Objetivos
Durante uma entrevista concedida ao portal Educação & Território, o professor Márcio Tascheto, que possui doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destacou os principais objetivos que norteiam a Cátedra Unesco:
- Promoção de um sistema integrado de atividades que englobam investigação, formação e documentação no campo das Cidades Educadoras, com a intenção de difundir conhecimentos sobre o conceito de cidade educadora. Isso visa a desenvolver modelos de governança em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
- Investigação e reflexão a respeito das práticas fundamentadas em modelos de governança inspirados pela concepção de Cidades Educadoras. Isso inclui a análise das respostas que esses modelos oferecem aos desafios emergentes nas sociedades, especialmente considerando a consolidação de sistemas democráticos.
- Estabelecimento de uma Rede de conhecimento que permita que governos locais apresentem soluções abrangentes e justas para os problemas atuais da sociedade.
- Fomento da colaboração e cooperação para a construção de sociedades do conhecimento por meio de diversas estratégias relacionadas às Cidades Educadoras.
Cidades mais justas
Para Márcio Tascheto, fazer parte da Cátedra Unesco representa um compromisso com a promoção de cidades mais justas e igualitárias.
“Cidades mais igualitárias, socialmente mais justas e que possam ser, socioterritorialmente, democráticas e diversas”, cita o professor da Universidade Franciscana (UFN). Ele ainda ressalta que é dever das cidades colocar em prática o respeito aos direitos humanos.
As instituições que fazem parte da Cátedra são:
- Instituto Superior de Educação e Ciências – ISEC, Lisboa, Portugal
- Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI, Brasil
- Universidade Passo Fundo, UPF, Brasil
- Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil
- Universidade Federal da Bahia, UFAB, Brasil
- Universidade Franciscano, UFN /Santa Maria, Brasil
- FACED/Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil
- Instituto Politécnico Nova Esperança da Guiné Bissau
- Universidade Presbiteriana Mackenzie, Brasil
- Centro Universitário Internacional, Uninter/ Curitiba/PR, Brasil
- Fundação Anísio Teixeira, Brasil
- Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unisinos, Brasil
Cidade que educa e transforma
O evento será subdividido em dois momentos distintos. Na quarta-feira (16), das 8h às 17h, ocorrerá a Reunião Técnica entre o Programa Escola de Tempo Integral e a Cátedra UNESCO. Nesse encontro, estarão presentes representantes dos Ministérios da Educação (MEC), da Cultura (MINC), do Esporte (MESP), da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), bem como dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).
O propósito principal desse dia é estabelecer um espaço de diálogo entre a Cátedra e os ministérios mencionados, com o objetivo adicional de explorar potenciais pontos de interconexão e contribuições para a política de Educação Integral conduzida pelo MEC. Na sequência, na quinta-feira (17), ocorrerá o lançamento oficial da Cátedra UNESCO, o “Cidade que Educa e Transforma”. A solenidade está agendada para as 9h30 e será realizada no Memorial Darcy Ribeiro, na UnB.
Os painéis temáticos contarão com a participação de especialistas em Educação Integral, incluindo Natacha Costa, diretora executiva da Associação Cidade Escola Aprendiz e do Centro de Referências em Educação Integral. Além dela, também estarão presentes os educadores Jaqueline Moll e Márcio Tascheto. O debate contará com a contribuição da secretária de Educação de Diadema (SP), Ana Lúcia Sanches, bem como dos acadêmicos Levindo Carvalho (UFMG) e Gilberto Lacerda (UnB).
As atividades serão encerradas com uma homenagem ao saudoso professor Carlos Rodrigues Brandão, uma notável referência na área de Educação Integral no Brasil, que faleceu início de julho.
Programação
9h30 às 10h – Atividade Cultural: Banda musical Luiz Antônio
10h30 às 11h – Cátedra Unesco – Cidade que educa e transforma: trajetória e perspectivas. Mesa com a profa. Dra. Jaqueline Moll, da UFRGS/URI e o prof. Dr. Márcio Tascheto, da UFN/UPF.
11h às 12h30 – Educação, Cidade, Território: Interfaces, fazeres e desafios para a Cátedra na perspectiva de consolidação da democracia no Brasil. Mesa mediada pela Adriana Bragagnolo, da UPF; com a participação de Natacha Costa, da Cidade Escola Aprendiz; Ana Lúcia Sanches, Secretária de Educação de Diadema; Levindo Diniz Carvalho, da UFMG; e Gilberto Lacerda, da UNB.
12h30 às 13h – Homenagem da Cátedra Unesco: professor Carlos Rodrigues Brandão: Presente!
Políticas públicas
Conforme Márcio Tascheto, o Brasil tem ao longo do seu percurso histórico, acumulado uma série de experiências, reflexões e políticas públicas que se alinham com os princípios de uma cidade educadora.
Apesar de algumas delas terem sido interrompidas, destacam-se experiências significativas, como as Escolas-Parque de Anísio Teixeira em Salvador (BA), os Cieps no Rio de Janeiro (RJ) e o Programa Mais Educação. “Além disso, é possível observar inúmeras experiências municipais, pulverizadas de políticas de Educação Integral. O território, acima de tudo, é luta”, destaca o professor.
Na perspectiva do historiador, a participação das universidades na Cátedra UNESCO traz inúmeros benefícios, especialmente no âmbito da contemplação sobre como os currículos e métodos pedagógicos das instituições de ensino superior podem ser mais harmoniosamente entrelaçados com os contextos locais em que se inserem. Essa abordagem ultrapassa a fronteira das discussões estritamente acadêmicas e adentra no domínio da formulação de políticas públicas urbanas.
“Ou seja, as universidades podem produzir processos de aprendizagem a partir dos saberes territoriais, da conexão com seus bairros e seus sujeitos. Essa perspectiva pode auxiliar na produção de respostas qualificadas para grandes demandas sociais que temos socialmente, por exemplo, a partir de pesquisas que nascem dessas demandas”, argumenta.
De acordo com o professor, um dos principais obstáculos que a Cátedra UNESCO, bem como qualquer outra instituição, enfrenta é a compreensão do seu papel social e da contribuição real que oferece nas áreas onde exerce influência.
Além disso, destaca-se a valorosa dimensão de intercâmbio de conhecimentos estimulada pela Cátedra UNESCO, promovendo colaboração entre instituições nos três continentes: América do Sul, África e Europa. “Isso cria uma rede de cooperação de produção acadêmica que fomenta a internacionalização da troca de conhecimento entre essas instituições, favorecendo um crescimento cultural para as instituições de ensino”, conclui.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade
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