Daniel Vilela (MDB) está perdendo a guerra da narrativa sobre sua candidatura. Passa fragilidade, em vez de construir fortaleza contra o inimigo interno – Ronaldo Caiado (DEM), na oposição – e o externo, o governador José Eliton (PSDB).

Declarações recentes de seu pai, Maguito Vilela, ‘vendidas’ como capitulação ao governo, são apenas mais um elemento nessa direção. Outro: a falta de uma agenda de candidato com perspectiva de vitória.

Maguito há tempos se mostra disposto a dialogar com todos. Faz um discurso amplo, sem beirada, que acena pra todo lado na esperança, ou esperteza, de ter apoio de todo mundo. Sempre funcionou a seu favor.

Mas não consta que esteja pronto para entregar a cabeça de seu filho ao adversário, como os adversários fizeram parecer. Suas declarações estão mais para oportunidade aproveitada pelos adversários, que transformaram o meio quente em fugueira.

E justo quando surgiram notícias nacionais de diálogo entre PSDB e MDB para juntar Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles em uma chapa só. Nesse ambiente, Daniel reagiu não reagindo.

Um post de Daniel numa rede social foi emblemático. Ele ressaltava a necessidade de se discutir projetos e propostas para o Estado, em vez de se bater em questões elementares como os embates em campo aberto e nos bastidores.

O debate sobre propostas é paralelo ao jogo. E nenhum dos candidatos, até agora, na prática apresentou relação de propostas para o governo, caso sejam eleitos. O esboço de um plano de governo. E são cobrados pela imprensa.

No MDB, a falta de ação de candidato e de reação dele diante do bombardeio e do avanço adversário preocupam. Há cobrança cada vez mais para que ele imponha ritmo à sua candidatura com urgência.

Nada de novo em Caiado e Eliton forçarem a mão para se firmarem na disputa. É do jogo. Daniel abriu a guarda. Fica a questão: para eles, o melhor é mesmo apostar na polarização desde agora, aumentando a carga contra Daniel? Isso está posto.

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Acompanhe o que disse Maguito no Twitter, depois da repercussão das suas declarações:

  • “Em entrevista coletiva durante a sessão solene da Câmara Municipal de Goiânia, que concedeu o título de cidadania ao ex-ministro Henrique Meirelles, defendi que quem participa da política precisa dialogar sempre pelo bem comum do estado de Goiás.”
  • “O MDB tem pré-candidato a governador. Daniel representa a verdadeira renovação. O partido sempre esteve na oposição ao governo do PSDB nos últimos 20 anos. Em momento algum fomos aliados indicando candidato a vice ou senador, como fez o DEM em 16 dos 20 anos de governo do PSDB.”
  • “Agora, cada partido vai apresentar o seu programa de governo para a sociedade apreciar e escolher. 
  • Isso não impede o bom diálogo entre as forças políticas, até porque o eleito, e vou trabalhar para que seja do meu partido, será a  partir de 1/1/2019 o governador de todos.”
  • “Dialogar com políticos de diferentes partidos e pensamentos ideológicos diferentes não significa necessariamente alianças eleitorais automáticas.”
  • “Em Aparecida, tive o apoio de mais de uma dezena de partidos – do DEM ao PT – colocando os interesses da cidade acima de questões partidárias. Resultado: realizamos dois mandatos com alta aprovação popular e conseguimos eleger o sucessor, Gustavo Mendanha, também em ampla aliança”
  • “Tenho quatro décadas de fidelidade ao MDB e sempre exercitei a política de forma pacífica e civilizada e assim continuarei.”

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