O Dia Mundial do Meio Ambiente é celebrado nesta segunda-feira, 5 de junho. A data foi definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972 na conferência sobre o “Meio Ambiente Humano”,  em Estocolmo, na Suécia.

Entre os principais avanços da conferência, conforme seus documentos, estão a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Além da compreensão plena de que a “proteção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma questão fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo inteiro”. Atualmente, a manutenção da vida humana depende do uso econômico do meio ambiente. 

Manuel Eduardo Ferreira, professor do Instituto de Estudos Socioambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás (UFG) explicou que um conjunto de elementos físicos, biológicos e sociais que interagem e formam o nosso planeta é que compreendemos como “Meio Ambiente”. Desta forma, a atmosfera, o solo, a água, a vegetação, os animais e nós, seres humanos, estamos ligados a essa natureza e, ao mesmo tempo, dependemos dela para nossa subsistência.

“Um meio ambiente equilibrado fornece os serviços ecossistêmicos necessários para a manutenção da vida, como a regulação do clima, a polinização das plantas, a purificação do ar e da água, a formação do solo com nutrientes minerais e orgânicos, entre outros serviços. É por isso que precisamos protegê-lo e renová-lo para as gerações atuais e futuras”, explicou o professor.

Uso econômico

Pessoas
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Já não é mais uma novidade para nós que nos tempos atuais é necessário promover a conservação do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais. No entanto, também precisamos interferir na natureza para suprir as nossas necessidades básicas. Entre elas, a produção alimentos em larga escala e construção de moradias, ou seja, cidades. 

Apesar disso, Manuel Eduardo Ferreira destaca que “nos padrões atuais de consumo, necessitaríamos de vários planetas Terras” para garantir esse sustento. “É justo que [o ser humano] interfira no meio ambiente para garantir a manutenção da própria espécie. No entanto, a busca por riquezas naturais e crescimento econômico de forma ininterrupta, para uma população global cada vez maior, que atualmente é de 8 bilhões de pessoas, é inviável. Ameaça não só a nossa existência como também a dos demais seres vivos, ao demandar recursos naturais sabidamente finitos”, pontuou o professor da UFG.

O uso dos recursos naturais e sua preservação para a manutenção da vida humana foi um dos motivos para a reunião de 113 nações em Estocolmo, em 1972. A declaração da conferência apontou que os impactos ambientais que são causados pelo homem já eram à época, 51 anos atrás, um “problema urgente”. Como já envolvia todos os países, então, era necessária uma cooperação internacional para serem resolvidos.

Contexto

Petróleo
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Segundo Ferreira, o contexto da conferência foi marcado por uma crise na indústria do petróleo. Assim, o preço do barril aumentava significativamente por causa de políticas de preço impostas pelos países produtores no Oriente Médio. Portanto, afirmou o professor, isso “desregulava a economia dos países desenvolvidos baseada no uso deste combustível fóssil”

“Foi o suficiente para aquecer o debate sobre a elevada dependência a este recurso natural, antes restrito a um pequeno grupo de ambientalistas e cientistas, principalmente sobre os nocivos impactos ao meio ambiente”, contou.

A partir de então, os governos também começaram a se movimentar coletivamente em torno do tema. Entre as discussões, segundo Manuel Eduardo Ferreira, estavam assuntos como as emissões de gases e a contaminação dos recursos naturais.

“Começou pelas emissões de poluentes, contaminação do ar e da água, inclusive com a constatação de chuva ácida. Além de outros efeitos deletérios para a saúde humana, fauna e flora em geral, culminando com a prudente preocupação com as mudanças climáticas globais. Infelizmente, tal situação ainda não mudou muito de lá para cá, mas demos saltos importantes no conhecimento científico e na conscientização da população brasileira”, analisou.

Uso sustentável

Água potável (Foto: Bio-Manguinhos/Fiocruz)
Água potável (Foto: Bio-Manguinhos/Fiocruz)

É importante fazermos um uso sustentável dos recursos naturais disponíveis. Mas, realizar uso sustentável da água nas atividades cotidianas, por exemplo, não é fácil. Especialistas garantem que é um desafio, mas destacam que o primeiro passo é compreender que recursos como esse podem faltar para muita gente. O professor do IESA pontuou, nesse aspecto, o quanto é essencial para a natureza que cuidemos de sua existência e para a nossa.

“A resiliência da natureza, isto é, a sua capacidade de se recuperar frente aos impactos ambientais causados pelas atividades humanas, é bastante lenta e complexa, dependendo de vários fatores, muitos dos quais sem o nosso controle. Assim, empregar práticas mais sustentáveis implica, sobretudo, garantir que o ambiente esteja saudável para as futuras gerações”, disse.

Em relação ao uso sustentável desses recursos, Manuel Eduardo Ferreira destacou que atividades essenciais para a subsistência humana influenciam diretamente na manutenção e recuperação desses ecossistemas. “O atual nível de exploração dos recursos naturais, seja em ambientes terrestres, marcados pela intensa conversão da cobertura vegetal para os mais diversos usos da terra, seja em ambientes aquáticos, marcados pela intensa atividade pesqueira, não está compatível com esta resiliência natural dos ecossistemas”, afirmou.

O professor destacou ainda o amplo uso dos recursos naturais, que em geral são finitos. Além das práticas de exploração que “estão inadequadas ou antiquadas”, como desmatamentos, queimadas e emissões de gases de efeito estufa.

“Então, se queremos que os nossos filhos e netos tenham um ar respirável, fontes de água potável para o consumo humano, rios perenes e vivos, matas e florestas ricas em biodiversidade, precisamos de uma mudança de curso urgente, com ações sustentáveis”, pontuou.

Educação ambiental

Ações de educação ambiental são trabalhadas nas empresas. (Foto: Lucas Xavier)
Ações de educação ambiental são trabalhadas nas empresas. (Foto: Lucas Xavier)

Nós precisamos do meio ambiente e o meio ambiente precisa da nossa ajuda. Apesar de parecer um dilema fácil de se resolver, não é tão simples assim. Para pensar nessa questão em conjunto, 113 nações se reuniram em Estocolmo em 1972. Isso ocorreu porque as questões ambientais são um problema que se resolve regionalmente, mas que influenciam ao mesmo tempo o mundo inteiro. 

As reuniões da ONU sobre o tema buscam chegar a acordos coletivos e desenvolver metas para mitigar os efeitos da ação do homem que impactam as mudanças climáticas. Mesmo diante de tantas possibilidades para solucionar a questão ambiental, talvez, a principal ação esteja na Educação Ambiental.

“Educação ambiental é um tema amplo, que envolve várias áreas do conhecimento. Na perspectiva das Ciências Ambientais, minha área de atuação, podemos defini-la como um campo de estudo e prática que visa promover a conscientização, compreensão e ação em relação às questões ambientais, embasada em sólidos conhecimentos científicos, incorporando conceitos e princípios, por exemplo, da biologia, ecologia, química, geografia, sociologia, economia, entre outras”, explicou Ferreira.

Atualmente, um dos grandes desafios para o mundo é incorporar a educação ambiental na vida das pessoas, seja no ambiente familiar, nas escolas ou nas empresas. Esse movimento, conforme o professor Ferreira, visa desenvolver habilidades e atitudes necessárias para a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais.

“A Educação Ambiental vem sendo incorporada no currículo escolar, desde o nível fundamental até o superior. Nas universidades, cursos de graduação e pós- graduação abordam o tema em diversas atividades teóricas e práticas, buscando o pensamento crítico de estudantes e profissionais.”, contou.

Meio ambiente e economia

Sustentabilidade
Sustentabilidade (Foto: Fundación del Centro Histórico de la Ciudad de México)

A sustentabilidade é a forma de conciliar o crescimento econômico com a preservação do meio ambiente. Para alcançar essa forma de produção e consumo é essencial a adoção de hábitos de consumo mais conscientes e inteligentes.

“As chamadas “tecnologias verdes” podem contribuir com processos de desenvolvimento, fabricação e descarte menos impactantes para os ecossistemas terrestres, ao reduzir o uso de materiais tóxicos, ao maximizar a eficiência energética de equipamento de veículos automotores e ao promover a biodegradabilidade de produtos como plásticos”, disse.

Além de práticas de redução do desperdício de alimentos, água e geração de lixo por meio do reuso e da reciclagem, Manuel Eduardo Ferreira destacou também as Tecnologias da Informação (TI).

“As Tecnologias da Informação fazem parte deste conjunto de inovações, já aplicadas, por exemplo, na agricultura, transporte, construção civil e mineração. O problema é que as soluções caminham a uma velocidade bem menor que a atual demanda, além de seu acesso dificultado à maior parte da população”, explicou.

Sustentabilidade

ods
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU define sustentabilidade como “desenvolvimento sustentável, que é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, garantindo a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro”.

Manuel afirmou que para chegar à sustentabilidade as soluções não são fáceis e não estão prontas. “Por isso, a educação ambiental deve se estender para toda a sociedade, com ações de governos, organizações não governamentais, empresas e comunidades locais, incluindo o próprio núcleo familiar. Somente assim, será possível construir uma sociedade mais consciente e responsável em relação ao Meio Ambiente”, disse.

Um dos principais meios de combate às mudanças climáticas e promoção da sustentabilidade no mundo são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Esta matéria está ligada a todos os ODS, mas, principalmente, ao ODS 04 – Educação de qualidade e ao ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima.

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