A última pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (23), mostra um cenário estável na corrida presidencial. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 19 pontos de vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL), marcando 47% das intenções de voto no primeiro turno contra 28% do atual presidente.

Em entrevista à Sagres, a professora e doutora em Ciência Política, Mayra Goulart, disse que a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, depois de denúncias de corrupção dentro do ministério, o atual presidente pode perder parte de seu eleitorado.

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Ouça ““Discurso anti-corrupção ficou enfraquecido”, afirma cientista politica” no Spreaker.

“Pode interferir porque a ideia de corrupção serve como um mecanismo aglutinador de segmentos que não são radicalizados, que compartilham de ideias de extrema direita, conservadores e reacionários, que são minoritários, não chegam a 30% da população.”

“Porém, Bolsonaro, a partir do discurso anti-petista, anti-corrupção, conseguiu aglutinar outros segmentos não tão radicais como estes dentro deste discurso. Então, com casos de corrupção acontecendo dentro do governo, esse público não muito radical tende a ficar mais balançado”, afirma a professora.

Eleitorado

Ainda segundo a cientista política, as pesquisas mostram uma tendência de estabilização nos números e definições bem claras dos eleitorados de Lula e Bolsonaro.

“O que se observa é uma estabilidade nos dados e uma definição do perfis dos eleitores de Jair Bolsonaro e de Luis Inácio Lula da Silva. No caso de Bolsonaro, os eleitores tem sua maioria composta de classes médias e altas, brancos e homens, um eleitor que se acha parte das classes hegemônicas e que faz parte das maiorias.”

“No caso de Lula, percebemos camadas sociais subalternizadas, pessoas pobres, jovens, negros, mulheres, com destaque para os números de 56% a contra 26% entre pessoas que ganham até 2 salários mínimos”, afirma a professora.

A especialista ainda analisou o plano de governo de Lula, divulgado recentemente, que faz acenos a outros segmentos. Segundo Mayra Goulart, o plano mostra uma tentativa de governo de coalizão por parte do petista.

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