As nomeações de pessoas ligadas diretamente aos vereadores de Goiânia para cargos no Paço Municipal pôde ser notada nos últimos dias diante do aumento das negociações conduzidas para compor a base do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz. A vereadora Aava Santiago (PSDB) teve o marido, Guilherme Liberato Alves, nomeado como assessor especial da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), porém após a repercussão, Guilherme renunciou ao cargo na última segunda-feira (12).

Em entrevista à Sagres, a vereadora contou que a indicação foi feita em uma situação específica, quando ela notou uma certa lentidão nos projetos de assistência farmacêutica. “Antes de indicá-lo, eu sentei e conversei com outras pessoas da área dele, mas essas pessoas não mostraram disponibilidade”, explicou Aava que ainda afirmou que o marido deixou a iniciativa privada, pois imaginou que seria benéfico para o município.

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Argumentando que tem uma relação muito próxima com seus apoiadores e que ouviu deles que a indicação não agradava, a vereadora decidiu recuar. “Eu acho que a gente precisa ter coragem de ouvir e refluir quando for necessário e, também, a coragem de não refluir se for algo que a gente deve seguir em frente”.

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Aava também reconheceu que faltou um pouco de experiência quanto à indicação, mas que política para ela é, de vez em quando, rever decisões e ouvir cada vez mais para poder acertar. “Eu poderia ter feito uma leitura mais profunda? Com certeza poderia. Acredito que falhei na leitura política do fato”.

Eleita como oposição

A Câmara de Goiânia surpreende pelo apoio da maioria dos vereadores ao prefeito Rogério Cruz. Aava fez questão de deixar claro que não faz parte da base da prefeitura, mas que também não fará oposição por oposição. “O que é construtivo é a independência de que eu consigo apoiar os projetos que venham do Paço se eles forem bons para a cidade, criticar aqueles que não são e cobrar onde há vacância de proposituras”.

Sobre a Comissão Especial de Inquérito (CEI), criada para apurar possíveis irregularidades nos contratos de pavimentação asfáltica, assinada pela vereadora, Aava disse que foi pega de surpresa com a suspensão dos contratos. Ela afirmou que isso será questionado, pois não há porque suspender um contrato sem ter acesso a ele e que precisa ver os números para entender o que está acontecendo.

Educação

Presidente da Comissão de Educação, Aava Santiago discute alterações no Projeto de Lei, de autoria do vereador Ronilson Reis (Podemos), que pretende transformar os serviços de educação pública e privada do ensino infantil até pós-graduação como essenciais. Segundo a vereadora, o projeto tira a autonomia de prefeitos e governadores, que não poderão determinar aulas remotas em nenhuma hipótese. “Você tem a média de 4.800 mortes por dia no Brasil, Goiás no cenário vermelho e fila para UTI. ‘Eu posso fechar escola?’, o prefeito vai perguntar e o projeto diz que não”.

Outro ponto que precisa ser alterado, segundo a psdebista, é a equiparação entre ensino público e privado. “A gente está em força-tarefa para fazer as reformas necessárias. Então, a gente toca adiante o projeto, mas a gente discute ele com seriedade na Comissão porque se ele for aprovado do jeito que está, nós estaremos aprovando um grande massacre”.

A vereadora ainda afirmou que provavelmente não será possível esperar vacinar 100% da comunidade acadêmica para o retorno das aulas presenciais, mas que é preciso ações mais concretas do que “simplesmente dizerem que seguem todos os protocolos”. Aava detalhou que o ideal é testagem periódica em massa dos servidores, além de garantias trabalhistas e investimento em tecnologia para os que precisam ficar em home office.