Andar por Goiânia durante o período chuvoso e encontrar alagamentos é algo frequente. Vários pontos da capital são tomados pela água, que transformam vias em verdadeiros rios, desafio para motoristas e pedestres.

Assista a reportagem completa:

A Rua 87, no Setor Sul, em Goiânia, é um dos pontos de alagamento da capital. Além de dar acesso a outras partes da cidade, na local há comércio, universidade, clubes e outros prédios. O problema é que, quando chove, a área fica toda alagada, causando transtorno e destruição.

(Foto: Arquivo pessoal)

De acordo com o conselheiro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO), David Finotti, o alagamento da área pode ser explicada pela falta de permeabildiade no solo.

“Essa área era para correr o Córrego dos Buritis, mas ele foi praticamente todo canalizado. Então, essa área foi toda impermeabilizada, criando um ponto de tensão. Essa água, que naturalmente tinha um local para percorrer, agora não existe mais. Sendo assim, acumula e o local sofre com o excesso de chuva”, explicou.

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Plano de Drenagem

Para tentar solucionar esse problema, a Prefeitura de Goiânia anunciou neste mês de fevereiro o processo licitatório para contratar instituição que vai elaborar o Plano Diretor de Drenagem Urbana. Para David Finotti, é necessário conhecer bem a área antes de executar qualquer ação.

“Aqui exige um mapeamento da prefeitura, em que ela possa pedir um aumento da permeabilidade desse solo. Uma revitalização que permita uma maior redução dessa impermeabilização, como reestruturar as calçadas, promovendo uma área de grama, utilização de pavimentos que possibilita essa permeabilidade do solo e a chuva possa escoar para o lençol freático”, exemplificou.

(David Finotti | Foto: Reprodução/Sagres TV)

Na mesma região, próximo à Rua 87, que fica na Avenida 136, uma área tem causado preocupação aos moradores, segundo a diretora de arquitetura e urbanismo da Associação Pró Setor Sul (Aprosul), Márcia Guerrante. No local, segundo laudo de técnicos da AMMA de 2022 indica a existência de uma nascente do Córrego dos Buritis. A AMMA emitiu novo laudo em 2023, e a prefeitura autorizou o uso de 5 mil m² da área.

“A União leiloou e nós da Aprosul entramos com a medida administrativa pedindo o bloqueio dessa venda, mas na virada do governo foi vendida e agora já derrubaram as árvores, na nascente do córrego. Como ela é espaça, precisava de 100m de proteção”, ressaltou.

(Área na Avenida 136 vendida | Foto: Sagres Online)

“Estamos perdendo áreas importantes de drenagem e mais do que isso, colocando em risco uma área de nascente importantíssima. Isso traz consequência para o Córrego dos Buritis, para o Lago das Rosas e a gente precisa parar e pensar agora”, alertou.

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(Márcia Guerrante | Foto: Reprodução/Sagres TV)

Solução

Neste momento, a tecnologia surge como alternativa para o problema. Um escritório de advocacia de Goiânia, por exemplo, decidiu investir em um piso diferente na área externa. Antes da obra, o local era gramado e, quando chovia, alagava, impossibilitando de realizar eventos. O material escolhido consegue drenar a água com maior facilidade, como explica o diretor da empresa que vende o piso, Guilherme Barros.

“O princípio de funcionamento é armazenar nos espaços vazios, que são os poros da peça, 100% da água da chuva. A água consegue passar de uma maneira muito rápida e, dessa forma, a gente consegue eliminar o escoamento superficial, que seria aquela água que passaria pelo ralo, a sarjeta, a boca de lobo e os rios, colaborando para o crescimento das enchentes. Se reter toda essa água, a gente consegue eliminar o acontecimento de alagamentos”, explicou.

(Piso que possui maior permeabilidade | Foto: Reprodução/Sagres TV)

O material já vem sendo utilizada em obras públicas, mas não faz parte do código de obras da cidade. De acordo com Guilherme Barros, o piso pode ser uma alternativa aos alagamentos dos grandes centros urbanos.

“Se nós conseguíssemos com que o código de obras recomendasse essa tecnologia, que é normatizada pela ABNT desde 2015, o conhecimento chegaria para mais pessoas, teríamos mais imóveis sustentáveis e, esse conjunto de obras trabalhando, teria com certeza o poder de eliminar os alagamentos nas cidades”, concluiu.

(Guilherme Barros | Foto: Reprodução/Sagres TV)

Esta reportagem integra a segunda temporada da série Repense desenvolvida pelo Sistema Sagres de Comunicação com o apoio da Renapsi e da  Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 48 episódios abordamos temas relativos aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da Organização das Nações Unidas ONU. Nesta reportagem a temática inclui os ODS: 06 – Água potável e saneamento, 11 – Cidades e comunidades sustentáveis, 12 – Consumo e produção sustentáveis e 13 – Ação contra a mudança global do clima.

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