O Estado de Goiás anunciou o retorno das aulas presenciais, com o ensino funcionando de maneira híbrida para o próximo dia 2 de agosto. Com aulas remotas desde 16 de março, em função da pandemia da Covid-19, professores e alunos terão que recuperar o aprendizado perdido durante este período.

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Em entrevista à Sagres, a secretária de Educação de Goiás, Fátima Gavioli, lembrou que no início da pandemia previu uma perda de aprendizagem de 40%, mas que cerca de um ano e meio depois, para algumas turmas o prejuízo foi maior.

“As pesquisas nacionais, internacionais, os relatórios que estão sendo apresentados diagnosticam as crianças, dependendo do ano, como durante a alfabetização, com perda de até 60% de aprendizagem, enquanto o Ensino Médio está na faixa de 42%. Goiás travou em 39%, quase 40% de perda de aprendizagem. Perdas possíveis de serem recuperadas”.

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Fátima relatou que se surpreendeu com crianças que foram alfabetizadas antes da pandemia, mas que acabaram perdendo a leitura durante as aulas remotas. “Esses casos se apresentam nas famílias, que a gente sabe que por um motivo ou outro não conseguiram fazer o acompanhamento das atividades em casa”.

A secretária deixou claro que tudo pode ser recuperado com um trabalho de recomposição dos conteúdos nos próximos anos. Os alunos que terão menos tempo serão os que hoje estão na 3ª série do Ensino Médio e, por isso, se possível, todos estes estudantes deverão voltar para o ensino presencial.

As aulas presenciais serão retomadas com 50% da capacidade de cada escola, com protocolos de distanciamento de no mínimo 1 metro entre os alunos com máscara e de 2 metros entre alunos e professores. Além disso, as cadeiras não devem ser dispostas uma em frente à outra. Vale ressaltar que escolas com até 100 alunos podem retornar de maneira 100% presencial.

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Além do retorno total de alunos da 3ª série do Ensino Médio, estudantes com pouco ou nenhum acesso à internet e alunos que a avaliação diagnóstica apontou uma perda muito grande na aprendizagem também terão prioridade na volta. As aulas dos professores serão transmitidas para os demais estudantes, considerando que ficam em casa justamente os que tem conexão de qualidade.

A nossa prioridade é socorrer aqueles que não tinham acesso às aulas de forma remota e nem às aulas transmitidas em tempo real. As escolas que não trabalharem assim, nós vamos focar de maneira que a aula que está sendo dada lá no colégio possa ser distribuída em forma de atividades”.

O ensino híbrido também será utilizado para que os professores possam dar aulas de reforço para os estudantes com dificuldades. “A nossa intenção é montar uma sala em que os professores possam entrar no contraturno e ofertar essas aulas de nivelamento. Essa é uma riqueza muito grande que foi aprimorada na pandemia e que ninguém vai querer perder isso mais. Vamos continuar trabalhando com modelo híbrido e, principalmente, com as aulas presenciais”.

Diante da insegurança de alguns em relação a um retorno seguro, em função da contaminação da Covid-19, que continua alta em Goiás e registrou média de 3 mil novos casos nos últimos três dias, a secretária de Educação deixou claro que o responsável pode optar pela permanência do ensino remoto para o filho. Porém, estes pais serão monitorados e precisarão obedecer os dias de retirada de atividades e entrega das mesmas para a escola, além de se reunir com o professor, presencialmente, para saber como está o aprendizado do estudante.

“Se isso não for feito, nós vamos informar o Conselho Tutelar e o Ministério Público. Eu tenho o dever de ofertar educação. A família tem o dever de me ajudar nesse processo educacional e ela está me dizendo que neste momento não concorda com a ida do filho para a escola. Muito bem, não temos porque obrigar e nem queremos, mas essa família terá que dar conta de nos ajudar e apoiar no processo de aprendizagem. As pessoas querem muito falar em educação familiar, mas a pandemia acabou de dar uma demonstração para nós de que a família brasileira, em sua maioria, não tem tempo, disponibilidade e algumas não tem formação mínima para poder acompanhar o filho em casa”.

Analfabetismo em Goiás

Foi criada pela Secretaria de Educação (Seduc), o programa Bolsa Alfabetizador, que visa a redução do analfabetismo em Goiás, com a oferta de bolsas para professores que atuam na alfabetização de jovens e adultos em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

A secretária de Educação de Goiás, Fátima Gavioli, detalhou que, proporcionalmente, Goiás é o estado brasileiro com mais adultos analfabetos, com cerca de 17% das pessoas não alfabetizadas. “Nos últimos 10 anos se investiu muito pouco na alfabetização de adultos”.

Detalhadamente, o projeto visita municípios vulneráveis em Goiás, que apresentam alto índice de pessoas não alfabetizadas, faz um diagnóstico e junta turmas com cerca de 5 a 10 alunos, no máximo. As aulas são planejadas conforme o horário e o dia que a turma tem disponível, mesmo que seja só às sextas e aos sábados, por exemplo. “Essa bolsa vai servir para contratar o alfabetizador, em um processo que dura de quatro a seis meses e a forma de saber que houve um trabalho eficaz é que quando termina o curso, todos têm que estar alfabetizados”.