Sagres em OFF
Rubens Salomão

Indicação política prevalece na seleção de diretores em escolas públicas brasileiras

Estudo da associação civil Dados para um Debate Democrático na Educação (D³e) mostra que a indicação política ainda é adotada em mais da metade das escolas brasileiras, na escolha de diretores. A pesquisa será apresentada oficialmente nesta quinta-feira (11), durante o a 5ª Edição do Simpósio Nacional de Educação (Sined), que ocorre em Goiânia nesta semana. Os dados apresentam uma análise detalhada sobre a seleção e a formação dos diretores e diretoras nos estados e nas capitais brasileiras.

O relatório indica que 54,9% das escolas brasileiras selecionam os ocupantes dos cargos por meio de indicação política – o dado tem influência das Regiões Norte e Nordeste. Apesar da prevalência, o estudo indica crescimento da adoção de processos seletivos qualificados para a seleção nos últimos dez anos, tanto em estados como capitais, além de eleições. Os dados fazem parte do Relatório de Política Educacional “Seleção e formação de diretores: mapeamento de práticas em estados e capitais brasileiras”.

A pesquisa tem autoria do D³e, em parceria com a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) e o Todos Pela Educação. Quando consideradas todas as escolas. Na avaliação de perfil, 80% dos diretores são responsáveis por apenas uma escola e 10,8% são responsáveis por quatro ou mais escolas. Sobre a formação, 88% têm ensino superior e 86% têm mais de 5 anos de experiência como professor. Já 55% estão no cargo há 5 anos ou menos.

diretores escolas
Foto: Alunos saindo de escola, no Distrito Federal. (Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Indicação

Apenas 26,7% dos diretores de escolas no Brasil passaram por escolha via eleição, com participação da comunidade escolar. Os casos incluem participação combinada ou não a um processo seletivo qualificado. As informações têm origem no Saeb 2019 e Censo Escolar 2020.

Melhora!

“A análise dos dados indica uma tendência crescente da qualificação técnica dos processos de seleção”, afirma Antonio Bara Bresolin, diretor executivo do D³e. “No sentido induzido pelo Plano Nacional de Educação (meta 19) e pelo FUNDEB”, considera.

Porém…

“Mas sabemos que, além do processo de seleção, as competências desenvolvidas pelos diretores para desempenhar suas atividades e o tempo que ficam nesta função são muito importantes para a qualidade da gestão escolar. Neste sentido, o relatório sinaliza a necessidade das redes aprimorarem os processos de formação continuada e de apoio aos diretores escolares”, afirma o diretor.

Organização

“Os resultados oferecem subsídios importantes também para os Tribunais de Contas, tanto na sua função fiscalizadora quanto na orientação aos gestores e no estímulo à adoção de boas práticas. Os dados ajudarão a definir as estratégias de cada órgão de controle”, relata Cezar Miola, presidente da Atricon.

Crescimento

“Um importante subsídio que o relatório traz é que os processos seletivos qualificados, ou seja, que observam critérios técnicos, estão aumentando no país. Porém, ainda é fundamental seguir avançando nesse quesito e na formação em serviço dos diretores, para que estejam preparados para assumir os desafios da gestão escolar, que mesclam aspectos pedagógicos como administrativos”, avalia Ivan Gontijo, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação.

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