O professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) e membro do grupo de estudo de planejamento estratégico para enfrentamento da Covid-19, José Alexandre Felizola, afirmou à Sagres 730 nesta quinta-feira (14), que falta conscientização da população e fiscalização para o cumprimento do decreto n° 9.653. “Na realidade o decreto não está sendo cumprido, nós achamos que essa liberação de atividades econômicas essenciais é importante para manter o sistema funcionando e seriam suficientes, por enquanto, para manter a transmissão do coronavírus sobre controle”, afirmou.
José Alexandre considerou que, de acordo com dados do grupo de estudo, não são os setores econômicos que estão diminuindo o isolamento, mas sim o comportamento da população saindo às ruas. Ele ressaltou que o problema não é o decreto, mas sim o cumprimento dele, e que o governo estadual terá que ter sensibilidade. “Não se sabe se gerar medidas mais restritivas vai resolver o problema, porque o problema é o cumprimento dele”, disse.
Outro ponto ressaltado pelo professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), foi o cumprimento da quarentena para pessoas que tem dificuldade de renda. “Elas precisam de renda, e temos todo um problema na esfera Federal com a liberação de recursos, desses 600 reais que é pouco, então é uma situação complicada”, disse. “As pessoas precisariam ter uma alternativa, por exemplo uma renda. Precisaria dar alternativas para pessoas que não tem renda, não sair de casa ou sair com segurança”.
Um tema discutido pelo grupo de estudo de planejamento estratégico para enfrentamento da Covid-19 é até que ponto um novo decreto com medidas mais restritivas resolveria o problema. Para o professor José Alexandre Felizola, Goiás não precisa de lockdown, mas precisa de medidas para chegar à 50% de isolamento social. “Quando se fala em lockdown é para chegar a níveis de 70% de isolamento, a gente não precisa de um lockdown para chegar aos 50%”.
Segundo o José Alexandre, as medidas de lockdown ainda não são necessárias neste momento. “É como você usar um canhão para matar uma mosca”, disse. Mas ressaltou que a população precisa se conscientizar e respeitar as medidas propostas no decreto. “Se o governo entender que já fez todas as medidas já foram tentadas, ai sim ele adotar essas medidas mais restritivas”.
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Goiás atingiu novos recordes nos números de mortes e casos confirmados por coronavírus em um dia. Nove óbitos foram registrados na últimas 24h e 110 casos confirmados. De acordo com o professor José Alexandre Felizola, este crescimento já era esperado e caso perdesse o controle da pandemia, a curva estaria ainda mais acentuada. “Esse crescimento que estamos observando ainda está dentro das previsões dos nossos modelos, está crescendo e isso era previsto, mas temos que continuar monitorando para definir o cenário que estamos, se é mais agressivo ou menos”, afirmou.