No Sagres Internacional desta quinta-feira (28) o professor de História e Geopolítica, Norberto Salomão explicou como funcionam as principais entidades que envolvem os interesses dos países sul-americanos. Conheça mais sobre o Mercosul, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e o Foro para o Progresso da América do Sul (Prosul).

Assista o Sagres Internacional na íntegra:

Mercosul

O Mercosul foi criado em 1991 firmado pelo Tratado de Assunção. Começou com um tratado bilateral entre Brasil e Argentina envolvendo o presidente José Sarney à época e avançou em 1991 com o presidente Fernando Collor de Mello, tendo como membros fundadores Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

“Nessa tentativa de fazer um bloco econômico no cone sul, a ideia era que fosse um modelo de integração entre os países como a lógica de mercado comum, isso é, de livre circulação de bens e serviços, pessoas, informações e mercadorias”, explicou o professor.

Assinatura do Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, em 1991. Na foto, da esquerda para a direita, presidentes Fernando Collor de Mello (Brasil), Andres Rodrigues (Paraguai), Carlos Menem (Argentina) e Luis Alberto Lacalle (Uruguai).

O bloco econômico do Mercosul foi estruturado e institucionalizado em 1994 no histórico protocolo de Ouro Preto, Minas Gerais. Atualmente, a Bolívia é um país associado em processo de adesão e os demais países da América do Sul são associados ao bloco.

“A Venezuela aderiu ao Mercosul em 2012, mas em dezembro de 2016 foi suspensa e está suspensa até hoje porque afirma-se que ela descumpre o Protocolo de Adesão à democracia (Cláusula Democrática do bloco). porque o governo  de Nicolás Maduro é considerado ditatorial”, afirmou o Salomão.

Uma curiosidade sobre o bloco é a placa de identificação dos veículos, conhecida como placa Mercosul, que tem a cor azul e segue o mesmo padrão em todos os países que integram o bloco.

Celac

Foto: Reprodução Sagres TV

A Comunidade de Estados Latino-Amercicanos e Caribenhos (Celac) foi criada em fevereiro de 2010 na Cúpula da Unidade da América Latina e do Caribe, é portanto, um bloco regional intergovernamental composto por 33 países.

“A Celac pegou muito aquela onda de governos mais de centro-esquerda e progressistas e tem aquela tentativa de escapar da hegemonia que os Estados Unidos tem sobre a Organização dos Estados Americanos (OEA). Eu não vou dizer que a Celac surgiu para ser contra a OEA, mas seria uma alternativa para os países latino-americanos e caribenhos terem esse grupo”, disse o historiador. 

As principais vertentes da organização são a cooperação para o desenvolvimento e a concertação política.

Unasul

Reunião extraordinária da Unasul em 2010 teve a presença dos então presidentes Rafael Correa, do Equador, Cristina Kirchner, da Argentina, Evo Morales, da Bolívia, o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, Michelle Bachelet, do Chile, Álvaro Uribe, da Colômbia, e Bharrat Jagdeo, da Guiana.

A União de Nações Sul-Americanas (Unasul) foi formalizada em 23 de maio de 2008, em Brasília, quando representantes políticos dos 12 países sul-americanos assinaram um documento de criação da entidade. A ideia do projeto surgiu durante uma reunião de chefes de Estado e de Governo dos países em 2004. Segundo o professor, a organização envolve ideologia.

“É um bloco que quando surgiu visava fortalecer as relações comerciais, culturais, políticas e sociais entre 12 nações da América do Sul. Então Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. Então se você observa a formação da Unasul, essa realmente está muito envolvida com aqueles presidentes ligados à centro-esquerda e a esquerda”, analisou Salomão. 

Prosul

Jair Bolsonaro (Brasil); Lenín Moreno (Equador); Iván Duque (Colômbia); Sebastián Piñera (Chile); Mauricio Macri (Argentina) e Martín Vizcarra (Peru).

O Foro para o Progresso da América do Sul (Prosul) é mais recente e é como se fosse uma resposta à Unasul. O grupo foi formado no dia 22 de março de 2019 com a assinatura da “Declaração presidencial sobre a inovação e o fortalecimento da integração na América do Sul”. 

“Essa ideia já envolve elementos da centro-direita e da direita. O Prosul vem de certa forma para desbancar a Unasul. Ele está em andamento e o Brasil está como carro-chefe nesse processo. O Prosul tenta dialogar com a Celac, mas não é um diálogo muito fácil”, avaliou o professor Norberto. 

A ideia do grupo partiu dos presidentes Sebastián Piñera do Chile e Iván Duque da Colômbia. A proposta é que se organize gradualmente.

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