A derrota do Goiás para o Botafogo por 1×0 nesta quarta-feira, 28, foi um tropeção inadmissível. Toda atmosfera estava favorável ao Goiás, desde que fosse feito o simples. O time jogava em casa, o Botafogo veio desfalcado de peças importantes e o técnico Luís Castro ainda achou de reinventar a roda, escalando mal a equipe: deixou Jeffinho, Del Piage, Gustavo Sauer e Rafael no banco de reservas, para escalar Victor Sá, Lucas Piazon, Júnior Santos e Saravia como titulares. Ainda que no segundo tempo ele tenha desfeito estes equívocos, colocando três destes quatro (Gustavo Sauer, Jeffinho e Del Piage no jogo. Del Piage inclusive marcou o gol da vitória) o Goiás teve tempo de sobra para tirar proveito dos equívocos do técnico botafoguense e não tirou.

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Não tirou porque o elogiado técnico Jair Ventura acabou abrindo margem para críticas, por invencionices. A maior delas foi a escalação do lateral Danilo Barcelos adiantado pelo lado esquerdo, mantendo um dos destaques técnicos da equipe, Dieguinho, como lateral esquerdo. O
lógico, racional e natural seria posicionamentos contrários para estes dois jogadores. Dieguinho ficou em uma zona morta do jogo e não pôde resolver com a criação para a bola chegar nos atacantes Nicolas e Renato Jr. com qualidade para jogadas de finalização, e Danilo jogou onde havia espaço para criar as jogadas de fundo ou em diagonal, mas, como o esperado, não deu conta.

O mais difícil foi ouvir da boca do Jair Ventura, após o jogo, na coletiva, que a inversão se deu porque o Dieguinho tem velocidade e o Danilo Barcelos não. Justificar a escalação de um lateral, que jogando na posição dele já tem pouco a contribuir, como atacante pela falta de velocidade, é no mínimo duvidar da inteligência de quem está ouvindo o impropério.

Mas não foi só esta inversão absurda a responsável pela partida ruim do Goiás. Jair Ventura ainda colocou seu time excessivamente defensivo, contra um Botafogo mal escalado e mal distribuído em campo, logo a retranca era desnecessária. Os dois atacantes, ao invés de agredir o adversário, auxiliaram na marcação, Nicolas inclusive na área do Goiás, tirando as bolas alçadas em chuveirinhos pelos homens de lado do Botafogo.

O meia Marquinhos Gabriel (que acabou substituído pelo atacante Pedro Junqueira aos 38 minutos do segundo tempo), cuja maior virtude é a capacidade de movimentação entre as linhas de marcação (os técnicos gostam de chamar isto de “flutuação”) para criar as jogadas que fazem alas e atacantes jogar com poder de decisão, também foi utilizado, no período em que esteve em campo, como marcador.

O tempo todo o Goiás jogou dando chutão da defesa para o ataque, tentando achar um erro da zaga botafoguense e este erro não veio, e o gol também não saiu.

Outra justificativa que não convence é que o time estava muito desfalcado, e estava: Pedro Raul, Sávio, Dadá Belmonte e Caetano não jogaram. Mas Nicolas, Renato Jr. e Lucas Halter são substitutos que se não jogam o que jogam os titulares, também não são desprovidos de qualidade ao ponto de dizer que as ausências foram responsáveis pela derrota – não foram. Já Danilo Barcelos não tenho peito para defendê-lo, mas tinha o Hugo no banco e este também joga um arroz com feijão bem temperado que não deixa a desejar.

A responsabilidade pela derrota foi da estratégia escolhida para a disputa do jogo. Jair ainda colocou entre os desfalques o atacante Vinicius, e este não vem jogando desde o jogo contra o Flamengo, logo é peça que não vinha jogando e não dá pra citar uma peça que está fora – mesmo se tratando de um jogador tão qualificado quanto o Vinicius, como desfalque.

A estratégia errada do técnico do Goiás acabou tendo consequências ruins na classificação. Com seus 37 pontos, o Goiás iniciou o jogo na 9ª posição e com a derrota foi parar na 11ª.

Jair Ventura tem comigo e com a maioria da crítica esportiva, o prestígio de bom treinador. Mas ver o mérito do seu trabalho não tira de mim a obrigação de notar as espertezas que acho que ele poderia abrir mão – isto o faria crescer muito como profissional. Uma delas é estabelecer objetivo raso, por baixo a ser buscado pelo Goiás. Com a atual situação técnica do futebol brasileiro que possibilita qualquer equipe bem esquematizada vencer qualquer um dos adversários e com a chance do 8º colocado da Série A, conseguir ranking para disputar a mais importante competição interclubes da América do Sul, a Copa Libertadores da América, ele não pode continuar falando em busca de pontos para a fuga do rebaixamento.

O Goiás não se rebaixa nem se quiser. O aproveitamento dos clubes que estão na rabeira do campeonato não coloca o Goiás neste risco. Mas falar em fuga de rebaixamento acaba tirando das suas costas o esforço no trabalho para alcançar a pontuação para disputar a Libertadores, e num ano em que alcançar este objetivo é plenamente possível, o Goiás tem a obrigação de lutar por ele. O clube é grande, tem prestígio nacional e uma diretoria que certamente vai saber investir para fazer bonito na competição continental. Então, Jair Ventura, seu discurso e atitudes precisam ser outros.

Em tempo: para o jogo contra o Botafogo o Goiás esteve desfalcado de quatro jogadores: Caetano, Sávio, Dadá Belmonte e Pedro Raul. Já o Botafogo esteve desfalcado de 10: Lucas Fernandes, Eduardo, Breno, Kayque, Daniel Borges, Danilo Barbosa, Carlinhos, Hugo, Patrick de Paula e Rafael.

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