As recentes ondas de calor aumentaram não apenas as temperaturas, mas também a preocupação com a exposição ao sol. Neste período, em que os termômetros registram máximas próximas a 40 graus, os cuidados com a pele devem ser redobrados.

Nesse sentido, a dermatologista Gislaine Sales orienta sobre a rotina de cuidados com a pele. Entre eles o uso correto do protetor solar e a hidratação. “Principalmente no quesito hidratação, que deve ser tanto oral quanto tópica”, afirma.

Já os filtros solares evitam queimaduras e desencadeamento de doenças mais severas como o câncer de pele. Mas como saber qual protetor solar correto a se utilizar? “Hoje temos falado no fator 50+, que é a indicação de qualquer protetor que se adeque à pele do paciente, mas com PFS maior ou igual a 50. É preciso olhar se tem proteção para UVA, que é visto pelo PPD, devendo ser no mínimo 1/3 do FPS e de preferência com cor para mulheres”, orienta Sales.

O PPD, do inglês Persistent Pigment Darkening, é um valor numérico que se refere ao fator de proteção contra a radiação ultravioleta. Além disso, de acordo com a especialista, a exposição solar só deve ocorrer em horários quando a incidência da radiação ultravioleta não é tão intensa. “O que ocorre entre 10h e 16h, então é melhor darmos preferência para essa exposição bem cedinho ou mais no fim do dia”, afirma.

Gislaine Sales recomenda ainda a utilização de roupas de proteção ultravioleta. Além disso, buscar abrigo em locais cobertos nos horários em que a incidência de radiação é mais intensa. “Devemos ensinar esses cuidados desde a infância, já que a associação com a incidência solar ao longo da vida já foi muito bem estabelecida como fator causal”, pontua.

Câncer de pele

O câncer de pele não melanoma é o mais frequente no Brasil. Por isso, dezembro ganha a cor laranja para alertar a população sobre os cuidados com essa enfermidade. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o número de casos novos da doença estimados, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 220.490, o que corresponde a um risco estimado de 101,95 por 100 mil habitantes, sendo 101.920 em homens e 118.570 em mulheres.

Esses valores correspondem a um risco estimado de 96,44 casos novos a cada 100 mil homens e 107,21 a cada 100 mil mulheres. Segundo Gislaine Sales, quanto menor os cuidados com a pele e a exposição solar intensa ao longo da vida, maiores as chances de desenvolver o câncer em idades mais avançadas.

“O aparecimento do câncer de pele é principalmente devido ao acúmulo de incidência solar que a pessoa sofreu ao longo da vida, então, é mais visto em pacientes de idades mais avançadas e de pele clara, que têm uma menor quantidade de melanina, principal protetor natural da pele”, afirma.

De acordo com o Inca, o principal fator de risco para todos os tipos de câncer de pele é a radiação ultravioleta, que inclusive induz a lesões no DNA. 

Segundo a especialista, são três os tipos de câncer de pele mais comuns. “Os carcinomas basocelular e espinocelular, que têm um comportamento menos agressivo em relação ao melanoma. Apesar de mais raro, o melanoma é, sem dúvida, o mais maligno de todos”, enumera.

Histórico familiar

Ademais, quem possui muitas pintas no corpo ou histórico familiar da doença deve redobrar a atenção. “A grande quantidade de nevos, que são as pintas, pode ser um quadro de síndrome de nevo displásico, que tem uma alta associação com cânceres de pele. O fato de se ter quadro na família também é outro fator que leva a esse aumento, principalmente no caso dos melanomas”, explica Sales.

Além exposição ao sol sem proteção ao longo da vida, câmaras de bronzeamento artificial também podem causar o câncer de pele. “Qualquer lesão na pele de difícil cicatrização, com sangramento, dor ou alteração de pintas prévias deve ser procurado o dermatologista para fechar o diagnóstico e iniciar o tratamento, uma vez que quanto mais precoce melhor a possibilidade de cura no primeiro procedimento”, conclui.

*Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 03 – Saúde e Bem-Estar

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