Após a deflagração da Operação Monte Carlo em feveiro, a política goiana passa por uma crise. Devido sua ligação com o empresário Carlos Augusto Ramos, o senador Demóstenes Torres (DEM) é o político que mais tem sentido os efeitos da operação.

Em entrevista à Rádio 730, Pedro Célio, cientista político e professor da Universidade Federal de Goiás, faz uma análise do atual cenário da política goiana. Para ele, o fato envolvendo o senador goiano chama atenção em diversos aspectos negativos.

Um dos primeiros pontos levantados pelo cientista é a surpresa. De certa forma a sociedade ainda está perplexa com as revelações envolvendo o político, um dos maiores defensores da moralidade no Senado. Segundo o cientista, antes da operação da Polícia Federal, Demóstenes era a figura que representava a moralidade pública, com um certo radicalismo em relação à corrupção, com isso, possuía projeção nacional.

Segundo o professor, os acontecimentos confirmam os vícios da elite política brasileira, e, por outro lado, esse positivo, mostra que a sociedade não está tolerante com esse tipo de ato político. “A democracia são fortalecida como também arranhada”.

Pedro relata que a elite política brasileira possui vícios, com destaque para a mistura da função pública com a privada. “É tocar a vida pública como se fosse continuidade das suas fazendas, empresas, escritórios, da hierarquia e autoritarismo”.

Célio levanta características de políticos com o perfil de Torres e considera o fato sociologicamente importante. O cientista explica que figuras que se apegam a uma única bandeira, como da moralidade e da honestidade, certamente são políticos vazios.“Eles não possuem outro nível de compromisso social, de sustentação em bases sociais mais firmes e consistentes. Se apegam e definem suas atuações naquilo que deveria ser o mínimo obrigatório, serem honestos”. Segundo ele, quando ocorrem fatos como os consequentes da Operação Monte Carlo, um pequeno abalo é suficiente para desestruturar e colocar fim em carreiras políticas. 

Em relação ao Ficha Limpa, Pedro considera que Demóstenes Torres cavalgou no movimento sustentado pela sociedade, assim como conseguiu colar sua imagem política ao mesmo, adquirindo com isso, notoriedade diante da população brasileira, por ter sido o relator do processo.

Após o episódio, a oposição ficará constrangida, aquietada em relação aos níveis de cobranças, exigências e discursos contra as ações do Governo Federal. Na visão do cientista político, oposicionistas minimizarão estridência dos discursos, assim como a capacidade de articulação com a sociedade civil, já que o senador Demóstenes Torres era uma das principais vozes no Senado.