Um total de 47% das áreas situadas às margens do Rio Meia Ponte, em Goiânia, estão ocupadas pelo homem. A constatação foi feita durante a primeira expedição científica do Meia Ponte, cujos resultados foram apresentados na última segunda-feira (12). A cada dia da semana, a Sagres tem apresentado detalhes específicos do documento que contém 100 páginas, denominado “A Carta das Águas”.

Durante a expedição, equipes percorreram 45 km de extensão do Rio Meia Ponte na cidade de Goiânia. Diversos tipos de degradação foram encontrados no curso e às margens do manancial. A ocupação desenfreada nas proximidades do Meia Ponte é um dos graves problemas.

Para o Meia Ponte foi considerada como Área de Proteção Permanente (APP) a faixa bilateral de 100 metros.

A classificação de uso e cobertura do solo indicou que quase metade da área analisada (47,66%) é composta por classes de uso antrópico, ou seja, estão ocupadas pelo homem.

Segundo a Carta das Águas, mesmo nas áreas com vegetação nativa, é notória a presença de atividades irregulares, tais como currais e galinheiros (criação porcos, bovinos e aves), depósito de entulhos (ferros-velhos), captação irregular de água ou o lançamento irregular de efluentes, especialmente nos trechos mais urbanizados.

O documento informa que a ocupação urbana na faixa de APP foi a principal causa de degradação do trecho observado por conta do acúmulo de lixo e de 15 lançamentos da rede pluvial, os quais por vezes trazem esgoto clandestino e água servida de milhares de habitações próximas ao Rio Meia Ponte ou de seus afluentes.

Em chuvas mais intensas, áreas situadas em bairroso como a Vila Roriz, Negrão de Lima, Bairro Feliz, Jardim Novo Mundo, Recanto do Bosque entre outras, são tomadas pelas águas do Meia Ponte.

O nível do rio sobe em locais que eram considerados de controle de aumento da vazão.

Vegetação invasora

Quanto às margens do Rio Meia Ponte, 8 de 9 pontos listados, foram classificados como instáveis.

Em 100% das áreas amostradas, foi observada a ausência de vegetação ou modificação nas margens do Meia Ponte. Quando havia vegetação, esta era composta predominantemente por espécies exóticas e/ou invasoras.

O que é a expedição?

A 1ª Expedição Científica do Rio Meia Ponte foi um trabalho realizado pela Câmara Municipal de Goiânia, em conjunto com outros órgãos, como:

Universidade Federal de Goiás (UFG), Instituto Federal de Goiás (IFG), Saneago, Batalhão Ambiental da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad), Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA), Centro de Zoonoses e Secretaria Estadual de Educação (Seduc).

O trabalho contou também com a participação de entidades privadas como a Fecomércio e o Secovi, além de organizações de voluntários como o projeto Guardiões do Meia Ponte e o Movimento Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis.

Entre os dias 22 e 27 de março deste ano, o grupo de trabalho percorreu 45 km do Rio Meia Ponte, dentro do município de Goiânia.

A atividade começou na Estação de Tratamento de Água (ETA) da Saneago, no Bairro Floresta (Região Noroeste) e encerrou na região do Vale das Pombas, na divisa com Senador Canedo.

O objetivo foi de colher amostras da água, solo, fauna e flora para identificar os possíveis problemas e avaliar a situação do rio para construção de um diagnóstico do Rio Meia Ponte, em Goiânia.

A partir dos resultados, a proposta é oferecer aos gestores públicos e parlamentares, informações adequadas à criação e a implementação de políticas públicas de proteção e recuperação do manancial que contribua para o abastecimento sustentável da população.

*Este conteúdo está alinhado com o Objetivo de Desevolvimento Sustentável (ODS) 06 da Agenda 2030 da ONU – Água Potável e Saneamento.

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