Na série de entrevistas feita para o Podcast Debates Esportivos – Goianas Olímpicas – em virtude do Dia Internacional da Mulher comemorado em 8 de março, conhecemos um pouco da história de Laís Nunes, goiana de Barro Alto, que começou a lutar logo cedo pelo sonho de vencer através do esporte.

Junto com a ciclista Janildes Fernandes e a paratleta do tiro com arco Jane Karla, Laís mira mais uma olimpíada. Os jogos de Paris serão o terceiro da lutadora, que começou com 12 anos. A ideia era praticar judô, mas por um acaso surgiu o wrestling.

“Inicialmente seria no judô, mas como era muito caro o quimono, o tatame, acabou mudando para o wrestling, que era conhecido como luta olímpica”, lembra Laís, que iniciou sua trajetória em um projeto em Barro Alto. E foi quando conheceu Goiânia, que teve a chance de vencer sua primeira competição.

“Meu treinador disse pra eu colocar uma malha, calçar a sapatilha, pegar nas pernas e derrubar. Foi a única dica que ele me deu”.

Foi também o pontapé para entrar de vez no wrestling, tomar o esporte como uma profissão capaz de superar desafios e a saudade dos pais em Barro Alto.

“Ganhar o título estadual, me abriu olhos pra tentar algo maior. Continuei treinando, fui para o Brasileiro, ganhei também, então aos 15 anos fui para o um projeto em Brasília. No mesmo ano, entrei na seleção nacional adulta, já competi pelo Brasil no Panamericano, competições internacionais, foi quando as coisas começaram a decolar pra mim”, detalha Laís, que depois foi treinar no clube SESI, em Osasco, na grande São Paulo, quando disputou sua primeira Olimpíadas.

Foto: Comitê Olímpico Brasileiro

Desafios

Mas a chegada em Osasco não foi nada fácil. As dificuldades foram enormes e, por um momento, pensou em voltar para Barro Alto.

“No meu primeiro projeto em Brasília era tudo organizado e fui para Osasco achando que seria também. Mas era uma república com muitos atletas, tive de dormir no chão alguns meses, passando aquele frio de São Paulo e não tinha salário porque era menor de idade. Pensei em voltar para a minha cidade, mas segui. Foi muito difícil até começar a receber para pagar o aluguel, a própria comida, então acho que foi um grande teste para eu saber se eu estava disposta a continuar”, ressalta Laís, que ao mesmo tempo, vê na ida para o SESI, em meio a tantas dificuldades, a grande virada profissional.

“Mas foi boa a minha ida para o SESI. Competi minha primeira olimpíada, conheci meu treinador atual e logo depois me mudei para São José dos Campos, trouxe meu técnico e desde 2017 pra cá, são meus melhores anos em alta performance no esporte.

O esporte

No bate- papo, Laís Nunes explicou como é o esporte, popularmente conhecido como luta greco-romana.

“O wrestling é conhecido pelo estilo greco-romano, que deu início aos jogos olímpicos na antiga Grécia. Dentro do wrestling, existem três tipos de luta: o greco-romano, que só pode ser praticado por homens, que é da cintura pra cima, e ainda tem o estilo livre no masculino e também no feminino”, detalha Laís, que vê evolução das lutadoras brasileiras.

“No estilo feminino, a gente vem com bons resultados. Um exemplo é a Aline Silva, que hoje detém a única medalha mundial no esporte. Atualmente estamos entre as grandes potências. Estamos sempre batendo de frente com as melhores do mundo”.

Rumo a Paris

E Laís está em plena preparação para os jogos de Paris. “Já estou no caminho para a conquista da vaga olímpica”, destaca a lutadora, que espera o Campeonato Mundial da Sérvia, em setembro, para garantir vaga.

“Me sinto preparada e acredito que estou no caminho certo. Existe também uma seletiva panamericana no ano que vem onde os dois primeiros vão automaticamente para as olimpíadas”.

Com incontáveis medalhas na carreira, Laís não se resume ao wrestling. Aliás, o esporte abriu portas. Sargento da Marinha, conta com o apoio do governo Federal para se preparar. Além disso, teve chance de estudar. Atualmente é pós-graduada em Gestão de Alta Performance.

“Sou muito privilegiada de ter conhecido a luta e ter conquistado tantas coisas, não só como atleta, pois hoje sou pós-graduada, conheci vários países e isso foi muito bom pra mim”, agradece Laís, que aposta nas mulheres, seja em qualquer modalidade esportiva.

“A gente vê muitas mulheres conquistando seu espaço dentro do esporte de combate, mostrando que não existe gênero para ser lutador, guerreiro. fico muito feliz por fazer parte desse movimento e inspirar outras mulheres também. O esporte é pra todos”.

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