Todo mundo já ouviu a pergunta do que quer ser quando crescer. No caso das jovens aprendizes, Kamile Rodrigues dos Santos e Mona Karolina Lira de Araújo, a primeira quer ser policial rodoviária federal e a segunda deseja seguir uma carreira artística. Já o João Paulo Sabino Pereira, também jovem aprendiz, revela que está fazendo bacharelado em Química.
Confira a reportagem na íntegra a seguir
Mas para alcançar nossos objetivos profissionais é preciso se preparar, estar pronto para fazer escolhas e, claro, ter paciência para subir um degrau de cada vez. A Kamile sabe disso e está se preparando, porque em breve vai começar a trabalhar no primeiro emprego.
“Vai ser em uma escola que eu já estudava e a minha empolgação está muita. Foi algo que eu sempre quis, só que não tinha oportunidade e agora tive. Então, é algo que estou buscando”, conta.
A Kamile conta com um time de professores que ajudam na qualificação profissional dela. A Kátia Barcelos, que faz parte da equipe da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi), destaca como os professores fazem a diferença através da educação profissional.
“Nós fazemos um papel de agente transformador e, na verdade, quando a gente vê, ao fim de cada módulo ou do programa, nós percebemos que a vida realmente tem sido transformada. A gente sempre tenta incentivar ao máximo essa questão da responsabilidade, da disciplina, do pensamento crítico. Tudo isso é um diferencial e tanto na vida de todos os jovens”, pontua.
Na sala de aula, quem está ensinando a turma sobre cargos, funções administrativas e leis trabalhistas é o professor Abner Marcelo. Jornalista de formação, o profissional se encantou com a oportunidade de ajudar as pessoas na aprendizagem profissional e, assim, se tornou instrutor.
“Um aprendiz chamado André veio, conversou comigo e me disse que queria me agradecer, porque era o último dia e não iria mais me ver. Perguntei se ele iria sair da aprendizagem profissional. Ele disse que que não, que seria efetivado na empresa onde trabalha e, por isso, queria me agradecer. E a gente fica muito contente com esse tipo de conquista, porque a gente sabe que está agregando nem que seja um pouquinho”, afirma.
Enquanto o professor explica, olhos atentos para captar cada informação e a chave para alcançar os sonhos na vida adulta pode estar dentro da sala de aula, como destaca João Paulo Sabino Pereira e Mona Karolina Lira de Araújo. “Eles falam muito para a gente seguir nossos sonhos e objetivos, e também nos preparam para atingi-los”, conta João Paulo.
“Eles ensinam sobre responsabilidade, comportamento, como tratar as pessoas, como reagir a um não ou um sim e eu levo para minha escola e minha casa”, declara Mona.
Às vezes, os caminhos da vida nos levam para lugares que não escolhemos, com isso, podemos acabar nos desviando da rota. Foi o que aconteceu com a dona Giseuda. Ela saiu do Maranhão e veio pra Goiânia aos 11 anos. Depois de um tempo, tentando conciliar estudo e trabalho, abandonou a escola quando engravidou da primeira filha. A vontade de voltar a estudar para melhorar de vida não saiu da cabeça, mas ela sempre deixava para outra hora. Até que, infelizmente, descobriu um câncer de mama.
“Foi difícil, porque eu era o pai e a mãe dos meus filhos. Então, foi um baque muito grande. Eu falo que cai dentro de um buraco, de cabeça para baixo, até que eu voltei, com ajuda dos meus filhos, lógico”, lembra Giseuda.
Hoje, com 55 anos, Giseuda está terminando o segundo ano do ensino médio. O projeto de vida está sendo pensado e com muitos planos para o futuro, como ela revela. “Ainda quero me formar em Biologia, quero fazer o curso de Fitoterápico, estou fazendo meu tratamento com Fitoterapia. É isso que eu quero”, completa.
Iury Sparctton é o professor de Matemática da turma. Para ele, calcular ou dimensionar o que o estudo é capaz de oferecer a esses estudantes vai muito além do que a gente pode imaginar. “É muito bacana quando você vê pessoas mais velhas nessa busca também, porque isso dá força e energia para a gente continuar, a esperançar pelo melhor”, salienta.
Quem também oferece apoio para a Giseuda é Maria Aparecida, professora de Português. Ela se dedica à educação há 23 anos. Já deu aula para todas as faixas etárias, mas, segundo ela, se encontrou no ensino para jovens e adultos.
“Eles chegam aqui dizendo assim: sou capaz, vou aprender. Então, a gente começa a vincular essa vinda deles e esse nosso ensino, que é diferenciado por eles serem adultos. Às vezes temos que sentar ao lado deles, dedicar aquele tempo, e isso é gratificante, me preenche como professora. Qual seria o sentido eu ser professora se o aluno não dependesse de mim?”, questiona.
O tempo passa e com ele os aprendizados e experiências ficam. No caminho, contamos com pessoas ao nosso redor, dispostas a nos ajudar. São mestres, professores, guias, que auxiliam a Kamile, o João, a Mona, pois nunca é cedo demais para sonhar. São inspirações que fazem a Dona Giseuda acordar todos os dias, sabendo que nunca é tarde demais para recomeçar.
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