Pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, apontou que o Brasil possui mais de 18 milhões de pessoas que sofrem com algum tipo de transtorno de ansiedade. Segunda a psicóloga Ariane Fidelis, a ansiedade está atrelada uma mecânica da própria pessoa, as responsabilidades e ações desse indivíduo, mas também tem ligação direta com o contexto social.

“Pelo contexto social, todos nós temos ansiedade. Desde que nascemos vamos apresentando comportamentos ansiosos. A diferença entre ansiedade e a doença é quando você começa a perder sua funcionalidade. Quando essas atividades, como trabalhar e estudar, começam a ser comprometidas devido ao pensamento exacerbado do futuro, um medo de se expor a uma situação qualquer. Assim, você começa a apresentar os sinais negativos”, explica a psicóloga.

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De acordo com a , a perda da funcionalidade nas atividades rotineiras e prazerosas é um indício de ansiedade. “É quando você fica mais tempo planejando do que executando. É um planejamento acentuado, adiando coisas, porque você quer que tudo saia perfeito, uma vez que você tem medo de encarar alguma demanda, medo da rejeição, medo da exposição”, destaca Ariane.

Ou seja, é como abrir mão de fazer coisas que antes faziam parte da sua rotina para ficar mais “escondido”, pensando no cenário perfeito para agir. “Esse é o momento de pedir ajuda. Se não tratados desde o começo [os sintomas], podem evoluir para o Transtorno de Ansiedade Generalizada”, afirma.

Além disso, as pessoas que apresentam maior grau de ansiedade podem também ter alterações físicas, como taquicardia, sudorese, irritabilidade, queda de cabelo, e outros. “Uma vez que você já foi a todos os médicos, fez um check-up, e não há um comprometimento no corpo físico, provavelmente você está sofrendo com algum sintoma ou sinal de ansiedade”, declara a Ariane.

Assista à entrevista na íntegra:

Pandemia

Para a psicóloga, as mudanças de convivência impostas pela pandemia de Covid-19 intensificaram ainda mais os sintomas de ansiedade nas pessoas. “A pandemia trouxe um holofote. Nós já tínhamos alguns comportamentos, só que não demos a devida atenção. Ao não dar essa devida atenção, na situação de reclusos dentro de casa, sem o contexto social, os sintomas foram aflorados”, comenta.

Ainda de acordo com, a pandemia ajudou a agravar a patologia, pelo fato de ter um “contexto mórbido”. “Muitas pessoas morrendo pela Covid-19, e isso traz um impacto em nós”, reforça Ariane.

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