O Brasil tem mais de 9 milhões de jovens entre 15 e 29 anos fora da escola, dos quais cerca de 7 milhões gostariam de retomar os estudos. A informação está nos dados da pesquisa Juventudes fora da escola, da Fundação Roberto Marinho e do Itaú Educação e Trabalho divulgada na segunda-feira (11).

Os sete milhões representam 73% de jovens da faixa etária de 15 a 29 anos que estão fora da escola. São jovens que não completaram a educação básica composta pelos ensinos fundamental e médio. De acordo com o levantamento, o desejo de estudar é maior entre as mulheres (78%) do que entre os homens (69%).

De toda forma, então, o país tem mais de 9 milhões dos seus jovens sem o ensino básico completo. Rosalina Soares, assessora de pesquisa e avaliação da Fundação Roberto Marinho, afirmou que o dado aponta para uma ‘tolerância’ da sociedade brasileira no que diz respeito à exclusão educacional dos jovens mais vulneráveis.

‘Não seremos uma nação justa e economicamente forte se permitirmos que dois em cada dez jovens cheguem à vida adulta sem ao menos o ensino médio’, acrescentou.

Estudo e trabalho

Rosalina Soares destacou que a maioria dos jovens que abandonam os estudos são negros e de famílias com renda per capita de até 1 salário-mínimo. São quase 86% do total e já ultrapassaram a idade adequada para o ensino regular. Nesse sentido, outro dado chama atenção na pesquisa: a maioria dos sete milhões (77%) desejam cursar o ensino médio técnico.

Os motivos para completar os estudos estão completamente associados ao trabalho e melhores condições de vida: 37% querem ter um emprego melhor e ascensão; 15% querem arrumar um emprego e 28% desejam ir para a faculdade.

Em contrapartida, a pesquisa revelou que outros 27% dos jovens de 15 a 29 anos fora da escola não desejam retomar os estudos. Eles são cerca de 2,5 milhões. Os principais motivos para a falta de interesse são a necessidade de trabalhar ou de cuidar da família. 

Responsabilidade de todos

A Fundação Roberto Marinho avalia que os jovens fora da escola são uma responsabilidade de todos. Além disso, a entidade destacou o quanto é desafiador o retorno aos estudos depois de um tempo longe da escola. 

“É preciso que esses jovens recebam apoio para conseguir retornar e concluir a educação básica, em um esforço que deve envolver diversos setores da sociedade. É natural que o enfrentamento do problema seja liderado pelas políticas públicas de educação, mas elas devem ser complementadas por políticas relacionadas a trabalho, assistência social, gênero e saúde, entre outras”.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 04 – Educação de Qualidade.

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