A rede pública estadual de Goiás possui três escolas estaduais indígenas, cada uma delas fica dentro das aldeias. É o caso do Colégio Estadual Indígena Maurehi, que fica em Aruanã e atende 116 estudantes da etnia Karajá/Iny; da Escola Estadual Indígena Aldeia Avá-Canoeiro, em Minaçu, que possui oito alunos entre representantes Avá-Canoeiro e Tapirapé; e da Escola Estadual Indígena Cacique José Borges, que fica em Nova América, próximo a Rubiataba, que atende 36 alunos da etnia Tapuio. 

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De acordo com a diretora pedagógica da Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc-GO), Márcia Rocha Antunes, ao todo são 160 estudantes atendidos nas três aldeias goianas, todas com professores indígenas.

“Somente o indígena daquela etnia, daquele grupo, pode ser professor. Só há intérprete nos casos em que os indígenas saem de suas aldeias e vêm para as escolas convencionais e não falam português”, afirma. 

Um exemplo de localidade com intérpretes para escolas indígenas, segundo a diretoria, é o município de Piranhas, por exemplo, na região leste do estado, onde não há aldeias. De acordo com a Seduc, os estudantes indígenas recebem orientação em relação à leitura, oralidade, escrita, interpretação e numeramento. 

“São indígenas que estão em situação de itinerância. Ele deixou a aldeia temporariamente, vem para uma escola convencional porque a família ou algum membro vem para estudar, para tratamento médico ou mesmo para trabalho”, esclarece.

Educação indígena

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), os povos indígenas têm direito a uma educação bilíngue, diferenciada, específica e intercultural. Ou seja, a educação indígena segue conteúdos didáticos, currículos e programas diferenciados que se adequem à realidade das comunidades.  

Além disso, a língua considerada materna nas escolas é a falada pelos indígenas, seguida pela língua portuguesa. “A língua materna desses povos precisa ser trabalhada na escola e é tida como a primeira língua”, explica Márcia Rocha Antunes. “Não é apenas para apoiar nesse entendimento linguístico, não, é também para que a gente tenha uma inserção desse indígena em um lugar que não é indígena, com pessoas que não conhecem aquela cultura e que não convivem. Então a gente traz informações e promove a inclusão dos estudantes indígenas com o apoio deste intérprete”, complementa.

As escolas das aldeias Karajá e Avá-Canoeiro são bilíngues. Já a unidade do território Tapuio, não, uma vez que os estudantes falam português, e não há uma normativa que estabeleça a existência de outra língua na região. 

“Mesmo ao lidar com componente curricular como história e geografia, por exemplo, a gente traz também informações dentro daquela língua. Alguns conhecimentos são focados a partir da cultura daquele povo, então é uma perspectiva de interculturalidade”, afirma a diretora. 

Na grade curricular, além das disciplinas de escolas convencionais como matemática e biologia, há as matérias chamadas de eletivas, que são as que abrangem os aspectos culturais de cada etnia. 

“Eles trabalham as contações de histórias que são específicas daquele povo. Isso passa fortemente pelas crianças. Há a disciplina de artesanato, em que as crianças aprendem o artesanato daquele povo durante essas aulas. Tudo isso é uma forma de garantir a apresentação e valorização cultural daqueles povos indígenas, fora toda a lógica medicinal, os tipos de cultivo, tudo isso é trabalhado dentro da escola para fortalecimento cultural”, pontua. 

De acordo com a Seduc, a rede estadual de ensino possui escolas regulares com estudantes indígenas, em Goiânia, Piranhas, Aragarças, cidade de Goiás e Jataí. Esses estudantes são acompanhados por um dos 46 professores intérpretes da Seduc.

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