Comer, vestir, ter um abrigo são atos de consumo. São necessidades básicas do homem. Tudo isso está ligado às necessidades básicas ou à sobrevivência. Quando tenho aquilo que não preciso, chamamos de consumismo e está ligado a busca da felicidade. O ter tenta suprir o ser e isso pode ser a porta de entrada para um imenso vazio.

“A gente vive uma busca incessante de ser feliz, de me sentir completo, inteiro e muitas vezes quando não estou resolvido comigo a gente transfere isso para o ter. Eu preciso ter algumas coisas para que eu me sinta melhor. Eu preciso ter comida, ter roupas, sapato, bens, mas todo excesso tampa um falta, quando eu consumo demais, por trás daquilo ali geralmente o que me falta são questões emocionais e nada materiais, não é um consumo que vai me trazer as soluções”, afirma a psicóloga Karina Maristela.

Um carro em alta velocidade descendo uma ladeira, sem freio pode provocar um terrível estrago. Assim é o consumismo acelerado. Sem limites, ele abre uma porta e se conecta com um imenso vazio, sendo a sala de estar para a tristeza, a depressão e até mesmo o suicídio.

“Eu preciso reconhecer que o meu nível de consumo não é adequado, eu reconhecer o que me leva a consumir, o que me leva a tal situação? E depois entender e aceitar que há um vazio e começar a buscar ajuda e resultar em depressão, em desestruturação de famílias ou em situações piores como o suicídio”, destacou a psicóloga.

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O consumismo além degradar o homem, também afeta a natureza. A humanidade vem consumindo de forma mais acelerada todos os recursos naturais que o planeta é capaz de renovar durante um ano. Desde 1972, esse dia acontece antes de completar um ano, ou seja, isso significa que precisaríamos de mais de uma Terra para satisfazer o uso anual de recursos de toda população.

Esse dia chamamos de Dia da Sobrecarga da Terra. O consumismo foi potencializado desde a Revolução Industrial no século XVIII. Aumenta-se o consumo, mas também aumenta a demanda por recursos naturais e maximiza a produção de lixo.

A especialista em economia circular, Angélica Rontodaro, avalia que neste caso é preciso olhar primeiro para nós mesmos, no sentido de buscar o mundo que queremos construir.

“Sempre tem uma tendência de pensar que o problema é do outro. O problema é porque a indústria produz muito plástico, ou produtos já prontos que custam mais barato. O primeiro passo é trazer a questão para nós mesmos e principalmente no poder que a gente tem, de tomador de decisão de compra, porque isso no final é o motor que pode levar a uma economia com menor impacto”.

Angélica cita três perspectivas a serem obervadas. A primeira delas é quanto a nossa relação com o resíduo, com embalagens, o que estamos fazendo com o descarte. A segunda é o tema da vez, quanto a escassez de recursos hídricos, e o terceiro de como podemos apoiar pequenos produtores que podem colaborar para uma maior sustentabilidade.

Uma altenativa é o chamado Consumo sustentável, um conceito que descreve o conjunto de ações, que culminam em uma forma consciente de lidar com os recursos naturais.

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Gabriela Jacarandá é assistente de gestão ambiental da obra de um prédio no Parque Lozandes, em Goiânia. No local um dos objetivos é de reaproveitar ao máximo o uso da água. Ela conta que na época da chuva a água é armazenada e utilizada para cultivo de hortaliças, na própria construção. Outra prática sustentável é o reuso da água que sai de aparelhos de arcondicionado na própria obra.

“Toda água gerada no ar condicionado, principalmente neste período de seca e altas temperaturas, em que o uso do aparelho é constante, nós armazenamos a água em tambores, e utilizamos a água é reutiilzada na limpeza geral do canteiro, limpeza de sanitários e nas torneiras com a limpeza das mãos.

Gabriela Jacarandá em obra do residencial Europark, em Goiânia. Foto: Samuel Straioto

Gabriela avalia que essa na indústria da construção civil o consumo consciente dos recursos naturais deveria ser regra e não exceção.

“O correto seria todos os tipos de construção voltarem para esse lado do meio ambiente, da sustentabilidade, mas ainda não temos essa realidade nas construções em geral e em outras áreas também, infelizmente”.

Na contramão do consumismo há o consumo consciente que se baseia em separar o que realmente precisamos para viver bem do que somente queremos. E, ao contrário do que possa parecer, quem opta por este estilo de vida não precisa se privar de segurança nem de conforto. Afinal, é preciso prezar pelo bem-estar e pela qualidade de vida e assim estar mais próximo da felicidade.

#Forma do Bem Sagres

Esta é a quinta reportagem da nova série inspirada no filósofo grego Platão. Ele descreve “A Forma do Bem”, como uma “Forma” (Ideia) análoga ao Sol que seria uma manifestação física que, assim como o Sol torna os objetos visíveis gerando vida sobre a Terra. O “Bem”, nesse conceito excede a vida, permite transcender para o além. Essa é a forma que, segundo Platão, permite ao filósofo, em treinamento, avançar para um rei-filósofo.

A Forma do Bem Sagres é um espaço de diálogo com a sociedade, alcançando as pessoas com conhecimento, reflexões e indagações. A cada semana, nos próximos meses, apresentaremos novos conteúdos que vão te ajudar a ir além e a construir a sua navegação pelas rotas da transcendência.

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