Anualmente, o Dia Mundial da Alfabetização é comemorado no dia 08 de setembro. A data foi oficializada em 1967 pela Organização das Nações Unidas (ONU) ao lado da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

De acordo com os dados mais recentes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), cerca de 56,4% dos alunos matriculados na 2° série do Ensino Fundamental não estavam alfabetizados.

Nesse contexto, uma das prioridades elencadas pela gestão atual do Ministério da Educação (MEC) é o aumento de investimento na etapa de alfabetização. Em 2023, o governo federal lançou o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada.

Sala de aula

Quando uma criança aprende a ler e a escrever, os ganhos alcançam a família e a comunidade como um todo. É o que explica a pedagoga Déborah Tavares, que carrega em sua trajetória o orgulho em ter alfabetizado dezenas de crianças de seu município, localizado no interior de Goiás.

“Tudo mudou quando peguei pela primeira vez uma turma de 2° ano do Ensino Fundamental, iniciando o processo leitor. Para eles, tudo é descoberta. Quando começam a descobrir os signos e símbolos, é como ter uma venda e tirá-la dos olhos”, ilustra.

Até 2024, o Governo Federal irá investir o orçamento de R$4 bilhões na etapa da alfabetização, recurso distribuído entre estados e municípios que completaram adesão ao pacto lançado em junho. 

No dia 08 de setembro, a temática é celebrada mundialmente e, nesse sentido, é importante analisar o cenário presente no Brasil em relação ao contexto global. 

Segundo o Ministério da Educação, o Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS), conduzido pelo Inep e divulgado em 2023, mostra que o Brasil ficou à frente de apenas cinco países em avaliação internacional de alfabetização, aplicada em 65 nações.

Novos horizontes

Para além dos números, Déborah entende como ninguém os impactos da falta da alfabetização na idade certa. Ao se deparar com um estudante que ainda não vê sentido nas letras, Déborah pensa em estratégias para mudar essa realidade.

Quando precisa relembrar um exemplo, conta animada da vez em que uma aluna nova chegou na escola. Vinda de outra cidade, a menina chegou com vontade de aprender, no entanto, matriculada na 5º série, não sabia ler nenhuma palavra.

“Costumo dizer que se tem duas classes que nos ensinam bastante, que é filho e aluno”, brinca. Nesse processo duplo de aprendizagem, Déborah conta que após aulas extras de reforço e de um intensivo focado na alfabetização da “aluna nova”.

Depois de um tempo, os resultados começaram a aparecer. “Tia, é isso?”, foi a reação da estudante que, agora, já via sentido nas letras posicionadas lado a lado.

De acordo com os resultados das últimas pesquisas do MEC, está em andamento a política que tem como foco a alfabetização na idade prevista na Base Nacional Comum Curricular: Com isso, a equipe de trabalho estabeleceu metas distribuídas entre as primeiras séries da Educação Básica. São elas:

  • 0 a 5 anos (Educação Infantil): Trabalhar oralidade, leitura e escrita
  • 6 a 7 anos (1° e 2° ano do Ensino Fundamental): Alfabetizar na idade prevista
  • 8 a 10 anos de idade (3° ao 5° do Ensino Fundamental): Consolidar o processo de alfabetização

Padronização

“Ela começou a ler e até hoje é minha aluna. No fim do ano passado, ela me agradeceu chorando, por eu tê-la ensinado a ‘juntar as sílabas’. Isso sempre é um marco grande pra mim”, ressalta a professora da Educação Básica.

A pesquisa Alfabetiza Brasil integrou um dos procedimentos associados ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada e, após sua finalização, o MEC adotou alguns critérios de padronização para definir o que é um estudante alfabetizado.

“Os estudantes estão alfabéticos. Leem pequenos textos, formados por períodos curtos e localizam informações na superfície textual. Produzem inferências básicas com base na articulação entre texto verbal e não verbal, como em tirinhas e histórias em quadrinhos. Escrevem, ainda, com desvios ortográficos, textos que circulam na vida cotidiana para fins de uma comunicação simples: convidar, lembrar algo, por exemplo”, define documento publicado pela pasta.

Dessa forma, estudantes demonstram habilidades ligadas ao reconhecimento de informações e conseguem diferenciar diferentes tipos de texto (como receitas e bilhetes, por exemplo). 

De acordo com a Fundação Abrinq, ligada à defesa dos direitos da criança, a alfabetização na idade certa contribui para três eixos na formação dos indivíduos. Entre eles, o eixo pessoal (buscar informações e expressar ideias); eixo pedagógico (reflexão e emancipação) e, por fim, o eixo político, à medida que reflete o próprio exercício da democracia.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 4 – Educação de Qualidade

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