Dentre as grandes disputas políticas das diversas regiões do mundo, talvez a da “direta contra a esquerda”, e vice-e-versa, estejam presentes na esmagadora maioria dos países e regiões (para não falar todos, pois não tenho dados oficiais). É bastante natural que você, onde quer que esteja, consiga achar um debate entre estes dois pólos próximo da sua localidade.

Para quem não sabe, os termos “esquerda” e “direita” nasceram no contexto da Revolução Francesa. Após a queda da Bastilha, a Assembleia Nacional Constituinte Francesa era dividida entre Girondinos, Jacobinos e Planície. O primeiro grupo sentava-se à direita, o segundo à esquerda e o terceiro ao centro. Girondinos eram formados por grandes burgueses (banqueiros e grandes empresários) e defendiam uma revolução moderada. Já os Jacobinos (média e pequena burguesia, profissionais liberais e camponeses) queriam transformações mais profundas na sociedade.

Meu objetivo, porém, não é contar história e sim lembrar que as duas palavras que tanto significam no mundo político até hoje têm raízes históricas e séculos de desenvolvimento (avanços, recuos, estagnações, remoldagem). Na essência, porém, continuam significando praticamente a mesma coisa – os discursos de direita representam a classe mais rica da sociedade que não tem interesse em grandes mudanças enquanto que as doutrinas da esquerda cativam os mais pobres e a chamada classe trabalhadora.

Se no conceito, porém, não há mudanças (ou há poucas) a forma de aplicá-los pelos agentes políticos está em constante transformação.

Por exemplo, em 1949 a esquerda chinesa teve sucesso em sua revolução e criou a República Popular da China baseada no comunismo, que é uma doutrina de esquerda. Hoje, porém, o país desenvolve uma árdua economia de mercado – capitalismo, em outras palavras -, que normalmente é defendida por quem é de direita. A classe política, contudo, continua pregando o comunismo. Já na Noruega, que não é um país comunista, o cidadão paga entre 35% e 50% de imposto de renda, aproximadamente, de acordo com a sua renda. Quem ganha mais paga mais, quem ganha menos paga menos. Ou seja, quem é mais rico contribui bem mais com a coletividade do que o pobre, algo muito mais conectado ao discurso de Karl Marx.

Saindo um pouco da discussão esquerda e direita e analisando outro grande embate, este econômico, entre liberais e protecionistas. Os Estado Unidos, que historicamente são um país extremamente liberal, hoje ameaçam o mundo com alta tarifas. Já os líderes da Rússia, que no passado como União Soviética pregavam um sistema econômico fechado, hoje fazem discursos exaltando as práticas liberais.

Conceitos políticos e econômincos são extremamente importantes, mas mais importante ainda é a análise feita sobre eles; saber que cada vertente tem pontos positivos e negativos e que normalmente são usadas da maneira mais conveniente de acordo com a época.

Nada na história se mostrou fixo e imutável por toda a eternidade, então nada é mais tolo do que defesas apaixonadas e cegas de um lado ou de outro.