Goiás deve receber na próxima semana até 100 mil doses da vacina da Janssen, que é dose única. A informação foi repassada pela superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim, em entrevista à Sagres. Os imunizantes têm prazo de validade até 27 de junho, ou seja, o Estado tem de 10 a 14 dias para receber, distribuir e aplicar todas as doses.

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O Brasil receberá ao todo 3 milhões de doses. Para Flúvia, o Estado tem condições de aplicar todas as doses antes do fim do prazo de validade. “Esse prazo não nos preocupa. Goiânia, por exemplo, já vacinou 20 mil pessoas em um dia. Então, podemos perfeitamente utilizar todas as doses que virão sem perdas. A recomendação é para que os municípios que tem doses da AstraZeneca, que tem validade maior, reserve ela e aplique primeiro da Janssen”, informou.

Ouça a entrevista na íntegra:

A vacina fabricada pela pela Jhonson e Jhonson pode ser armazenada como as outras e não precisa de logística especial como a da Pfizer, por exemplo. Além disso, tem a vantagem de ser dose única. “Nós ainda não temos a quantidade certa, mas deve ser entre 90 e 100 mil doses e isso vai ser distribuído para todos os municípios, o que não dá muito para cada cidade”, reforçou.

2ª DOSE ATRASADA

Segundo o boletim da Secretaria de Saúde de Goiás, 1.566.167 de pessoas já receberam a primeira dose de vacinas contra a Covid-19 em todo o Estado. Em relação à segunda dose, foram vacinadas 661.618 pessoas. Flúvia destacou que Goiás tem 74 mil pessoas com a 2ª dose atrasada, isso significa 5% das pessoas que receberam a primeira dose.

“Não é num percentual assustador, mas os municípios precisam ir atrás dessas pessoas. Precisam fazer a busca ativa, principalmente de idosos e profissionais de saúde. As pessoas precisam entender que a cobertura e proteção total acontece após o esquema vacinal completo”, ressaltou a superintendência.

Só em Goiânia, são 4 mil idosos que estão com a segunda dose atrasada. Eles têm até essa sexta-feira (11/6) para buscar o reforço. Após esse prazo, as vacinas serão colocadas à disposição da população geral. Corre o risco desse idoso ficar sem a vacina, caso não haja mais entrega de remessas da Coronavac.

BAIXA DEMANDA

O andamento da vacinação está abaixo do esperado. A ampliação das idades ocorre pela baixa procura da população pelos imunizantes, segundo a superintendente. “As fake news atrapalham muito isso. O que temos falado é que a melhor vacina é a que está no braço, independente de qual laboratório for. Só com a vacina vamos ter a volta da normalidade. Não há um cardápio de vacina. Ela tem que tomar a dose que está disponível e que tem eficácia comprovada acima de 50%. Não dá pra ficar esperando essa ou aquela vacina. Quando mais as pessoas demorarem, mas demorado será nossa imunidade de rebanho após vacina”, ressaltou Flúvia.

A superintendente falou sobre o que é fato ou mito sobre a vacina da AstraZeneca:

Fato: “Qualquer vacina pode causar reação. Ela pode dar dor local, mal estar, febre, dor de cabeça. Não acontece só com AstraZeneca, mas com qualquer outra vacina. Como estamos usando mais AstraZeneca, as pessoas acabam vinculando aquele evento só àquela vacina”.

Mito: “É boato que a vacina causa trombose. As chances são de 0,004. Isso significa que as chances de uma pessoa ter um evento de trombose pela vacina é praticamente o mesmo de ter esse evento por qualquer outra causa”.

Mito: “Não ter sentido nenhuma reação não quer dizer que a vacina não foi eficaz. Grande parte das pessoas não sentem nada”.

O contraponto feito pela superintendente é que o risco de uma pessoa morrer por Covid-19 é de 2,8. “O risco de morrer pela doença é muito maior do que ter um evento grave”, afirmou Flúvia.

PANDEMIA EM GOIÁS

Flúvia Amorim alertou que Goiás ainda está em momento de crescimento de casos e taxas de internação, o que é preocupante. Na última sexta-feira (4/6), o mapa de calor mostrou que 12 regiões de Saúde estão em calamidade, pior índice do levantamento. Duas regiões estão com taxa de transmissão (R) de quase 2: Região Oeste I (1,97) e São Patrício II (1,94).

“A gente não chegou a cair como deveríamos após a segunda onda. E agora estamos tendo esse repique. Essas regiões que o R está em quase 2 significa uma aceleração grande da infecção o que pode gerar mais internações”, ressaltou.