O Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), divulgado na quinta-feira (29), trouxe dados sobre os hábitos da população antes e durante a pandemia da Covid-19. O levantamento apontou que os hábitos dos brasileiros aumentam os riscos de desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT).

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis são a maior causa de morte no mundo e, por isso, o Covitel 2023 coletou dados sobre o comportamento da população  em relação a elas. O questionário contou com perguntas sobre alimentação; prática de atividade física e tempo de tela; consumo de  álcool; tabagismo e doenças respiratórias.

Em números gerais do levantamento, por exemplo, menos da metade da população consome verduras e legumes  (45,5%) e frutas (41,8%) cinco vezes ou mais na semana. E outro dado que reflete o padrão de cuidados com a saúde é relativo à prática de atividades físicas por pelo menos 150 minutos, hábito de apenas 31,5% dos brasileiros. 

Covitel 2023

O questionário do Covitel 2023 foi aplicado entre 2 de janeiro e 15 de abril em todo o país, pelo instituto Vital Strategies Brasil, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Umane e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). A pesquisa completa pode ser acessada aqui.

O levantamento é a mais abrangente coleta de dados sobre o comportamento dos brasileiros em relação aos cuidados com a saúde após a pandemia. No entanto, a pesquisa considerou três períodos para comparação: pré-pandemia, primeiro trimestre de 2022 e primeiro trimestre de 2023. Os pesquisadores ouviram nove mil pessoas com idade a partir de 18 anos no período. 

Essa é a segunda edição do inquérito realizado por telefone. Assim como na primeira edição, o objetivo do Covitel 2023 é entender os hábitos dos brasileiros para auxiliar e orientar os gestores na formulação de políticas públicas que melhorem a saúde da população.

Assim, então, os temas do levantamento foram: alimentação, excesso de peso e obesidade. Atividade física, tempo de tela e diagnóstico de doenças crônicas não transmissíveis. Além de autopercepção de saúde, características do sono, depressão e ansiedade. E, ainda, questões relacionadas a COVID-19, doenças respiratórias, poluição do ar, tabagismo e consumo de álcool.

Saúde dos jovens

O recorte da população que mais chamou atenção foram os jovens com idade entre 18 e 24 anos, a qual a maioria dos dados traz um alerta negativo sobre os hábitos. Considerando o período pesquisado, a obesidade aumentou em 90% nesta faixa etária e 40,3% dos jovens estão com excesso de peso. Cerca de 8,2% deles disseram possuir diagnóstico de hipertensão arterial.

Além desses dados, 32,6% dos jovens brasileiros assumiram já ter feito consumo abusivo de álcool em uma mesma ocasião. O consumo abusivo é considerado a partir de cinco doses ou mais para homens e quatro doses ou mais para mulheres em uma mesma ocasião.

Os jovens também estão mais ansiosos, pois 31,6% já receberam diagnóstico de ansiedade e 14,1% já foram diagnosticados com depressão. O tempo de tela também aumentou bastante, já que 76,1% usam dispositivos eletrônicos como tablets, televisões ou celulares para lazer por três horas ou mais por dia.

Em relação a alimentação também foi a população com os menores índices de consumo de frutas, verduras e legumes. Por outro lado, os jovens são os que mais consomem refrigerantes e sucos artificiais. E, ainda, apenas 36,9% praticam os 150 minutos de atividade física por semana, que é o tempo recomendado pela OMS.

Pandemia

Kênia Machado de Almeida é nutricionista e afirmou que os hábitos da população brasileira já não eram bons antes da pandemia e que, portanto, os efeitos dela apenas “piorou o que já estava ruim”. “A transição nutricional vem desde lá atrás com as pessoas se alimentando mal e cada vez mais sedentárias. Tudo veio se agravar diante disso porque é uma situação que já estava complicada”, disse.

“Com a pandemia, as pessoas ficaram isoladas, consumiram mais os alimentos ultraprocessados, diminuiu ainda mais o consumo de frutas, aumentou o tempo em frente à TV e no celular. Então, as pessoas se tornaram cada vez mais sedentárias e uma situação que já era alarmante se agravou ainda mais”, completou.

Segundo o estudo, a maioria dos brasileiros tem consciência sobre o seu estado de saúde. A prevalência de boa percepção de saúde da população foi de 75,6% no período pré-pandemia, de 63%  em 2022 e 62,8% no primeiro trimestre deste ano. Acesse os dados do levantamento completo aqui.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 03 – Saúde e Bem Estar.

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