A pesquisa publicada em uma revista científica internacional conduziu investigação e analisou cerca de 170 mil poços presentes em mais de 40 países. Entre os resultados, cientistas constataram a queda de 71% do nível das águas subterrâneas  entre 2000 e 2022, em 1.693 sistemas aquíferos incluídos na pesquisa.

Além disso, os resultados também mostraram que apenas 7% dos aquíferos apresentaram nível crescente das águas durante o mesmo período. De acordo com os especialistas, as águas subterrâneas são fundamentais para os ecossistemas e atividades como ingestão, irrigação e outros usos.

Pioneirismo

O estudo é um dos primeiros a compilar uma amostragem de dados com esta magnitude e por isso, deve servir como instrumento para formulação de ações globais para combater a perda acelerada dos recursos hídricos. Ademais, a pesquisa também ajuda na mensuração dos impactos humanos no fenômeno.

De acordo com o texto da pesquisa, os aquíferos servem como fontes principais de água para inúmeros lares, fazendas, indústrias e cidades em escala global.

“Este estudo foi movido pela curiosidade. Queríamos compreender melhor o estado das águas subterrâneas globais, analisando milhares de medições do nível das águas subterrâneas”, afirmou uma das autoras do artigo, Debra Perrone, professora do Programa de Estudos Ambientais da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, durante comunicado à imprensa.

Observação

Ainda segundo as conclusões do estudo científico, cerca de 71% dos 1693 sistemas aquíferos pertencentes ao corpus demonstraram uma queda de 0,1 m por ano, sendo que, em alguns, a queda chegou a 2,95 m durante o mesmo período. 

De acordo com pesquisa publicada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), países como Dinamarca, Arábia Saudita e Malta, por exemplo, dependem exclusivamente da água subterrânea para abastecimento humano. 

Existem ainda países que cerca de dois terços da água consumida é proveniente dos aquíferos. Alguns como:

  • Áustria
  • Alemanha
  • Bélgica
  • França
  • Hungria
  • Itália

Neste sentido, o estudo publicado na revista Nature também aponta as regiões onde a queda do nível da água foi mais aparente, como a região do Vale Central no estado da Califórnia e algumas áreas do Irã.

“Essas consequências podem incluir o vazamento de riachos, o afundamento de terras, a contaminação de aquíferos costeiros pela água do mar e a secagem de poços”, afirmou Scott Jasechko, professor responsável pela liderança do estudo.

Comparações

A pesquisa também inclui uma amostra de aproximadamente 500 aquíferos para uma análise que visa comparar os níveis entre 1980 a 2000 com o observado entre 2000 e 2020. 

Dessa forma, os resultados apontaram que 30% deste grupo reduzido os níveis de água subterrânea tiveram uma queda mais acelerada desde 2000 quando comparado às duas décadas anteriores.

Entretanto, em outros 16%, os resultados são positivos, pois nota-se um aumento no nível de água. Tal resultado foi observado em regiões presentes na Austrália, China, Árábia Saudita, África do Sul, entre outros.

“Embora esses exemplos ilustrem que o declínio das águas subterrâneas pode ser retardado ou revertido, é preciso ter em mente várias ressalvas”, afirma a pesquisa.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 6 – Água limpa e saneamento.

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