O programa Pauta 1 desta terça-feira (6) aborda o novo crescimento do desmatamento no Cerrado. Enquanto os alertas na Amazônia Legal sofreram queda praticamente pela metade, o Cerrado registrou aumento de 43% em 2023.

Esse é o maior índice da série histórica no bioma, desde que o sistema de monitoramento foi iniciado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O Cerrado tem registrado alta no desmate desde 2020 e, em 2023, a área sob alerta foi de 7,8 mil quilômetros quadrados.

De acordo com o INPE, o estado do Maranhão teve a maior área de vegetação nativa suprimida, seguido pela Bahia, Tocantins e Piauí. A manutenção do Cerrado é condição para a distribuição da água pelo Brasil, já que o bioma absorve a umidade e leva água para oito das doze bacias importantes para o consumo de água e geração de energia no país.

Entrevista

Para tratar sobre esse aumento do desmatamento no Cerrado, os jornalistas Rubens Salomão, Wendell Pasquetto e Palloma Rabêllo conversaram com a coordenadora do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento de Goiás (LAPIG/UFG), a professora e pesquisadora Elaine Silva.

A pesquisadora detalhou como são realizados os estudos que concluem sobre o aumento do desmatamento e explica a diferença entre os mais de 11 sistemas de monitoramento. Os alertas de desmatamento são feitos pelo sistema de Detecção De Desmatamento em Tempo Real (DETER), do INPE, que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares.

O DETER, no entanto, não é o dado oficial de desmatamento e representa alerta sobre onde o problema está acontecendo. O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia legal por Satélite (PRODES) é considerado o sistema mais preciso para medir as taxas anuais.

Avaliação

A professora Elaine Silva apresentou as principais diferenças entre a avaliação sobre o desmatamento nos dois biomas e afirmou que a redução dos índices na Amazônia estão diretamente ligados ao aumento no Cerrado. Segundo ela, os estudos apontam migração de atividades de posseiros, grilagem, extração de madeira e pecuária.

No segundo bloco, o programa detalha a legislação ambiental para a preservação do Cerrado, em entrevista com a doutora em Direito Ambiental, Luciane Martins. A especialista aponta que o maior problema é o desmatamento legal, já que o Código Florestal brasileiro define que apenas 20% das propriedades devem ser preservadas. Além disso, Luciane afirma que tem havido flexibilização das regras para a produção no bioma, por meio de mudanças em legislações estaduais.

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