O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Goiás realizou um estudo inédito sobre a viabilidade do descarte sustentável de resíduos têxteis em Goiânia. A apresentação do documento ocorreu na abertura da 2° edição da Amarê Fashion, na terça-feira (29), no Centro Cultural Oscar Niemeyer.
Até então não havia informações catalogadas sobre a produção, tratamento e descarte dos resíduos do setor têxtil na capital goiana. A coleta de dados ocorreu no prazo determinado de aproximadamente noventa dias, entre os meses de maio, junho e julho de 2023.
A Amarê Fashion é a Semana da Moda Goiana, evento que apresenta as novas coleções das marcas e empreendedores goianos. Mas o evento se propôs a unir moda, cultura e sustentabilidade num local. Assim, o Estudo de Viabilidade de Resíduos Têxteis Goiânia 2023 busca levar às pessoas que os resíduos gerados no setor têxtil tem alto valor agregado.
“A sustentabilidade no setor têxtil é uma questão cada vez mais relevante e importante, considerando o impacto significativo que essa indústria tem no meio ambiente, nas comunidades e na economia”, justifica a introdução do documento.
Coleta de dados
Para o levantamento, o Sebrae contratou a empresa especializada JVF Negócios Ltda. Identificou-se inicialmente as indústrias têxteis e confecções por meio do Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas em Geral de Goiânia (SINROUPAS). Assim, o estudo contabilizou 2003 indústrias formalizadas no município, sem contar negócios informais.
Essas confecções estão localizadas em todas as regiões da divisão administrativa realizada pela Prefeitura de Goiânia: Noroeste, Norte, Oeste, Campinas Centro, Leste, Sudoeste, Sul. Confira os números do mapeamento de indústrias por região na tabela abaixo.
Gestão de resíduos
A elaboração de plano de gerenciamento de resíduos sólidos é obrigatória para empresas pelo art. 20 da lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Assim, cada município tem responsabilidade na fiscalização das empresas instaladas em seu território.
Goiânia desenvolveu em 2016 o seu Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Então, essas são as políticas de gestão de resíduos que às 2003 empresas têxteis da cidade estão sujeitas. De acordo com o estudo, “o tratamento de 100% dos resíduos têxteis gerados traz diversas vantagens para o poder público e a sociedade como um todo”.
“O tratamento adequado dos resíduos têxteis evita que esses materiais acabem em lixões ou sejam descartados de forma inadequada, reduzindo a poluição do solo, da água e do ar, bem como seus impactos negativos na saúde pública”, acrescenta o documento.
Os retalhos têxteis, que são as sobras de tecido, muitas vezes servem para serem reaproveitados pela própria empresa. São tiras em algodão, jeans, malha, poliéster, renda, tricoline e pontas de linhas.
Reutilização ou reciclagem
A maioria dos empresários disseram que doam os resíduos têxteis gerados para artesãos, catadores ou dispõem na calçada ou em lixeiras. A ação implica na contaminação por resíduos orgânicos úmidos.
A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) respondeu a pesquisa e afirmou que, em Goiânia, a coleta seletiva realizada de porta a porta recolhe os materiais recicláveis, mas que no caso dos têxteis, não há um recolhimento específico.
No entanto, o estudo aponta a viabilidade econômica para a reutilização e reciclagem de resíduos que são gerados nas indústrias e confecções do município. “Temos a possibilidade de muitos benefícios econômicos e ambientais se houver a gestão adequada desses resíduos em Goiânia. Isto, aliado a programas de capacitação sobre a importância da triagem adequada, com destinação adequada dos resíduos gerados”.
Algumas formas de reutilização e reciclagem dos resíduos na cidade apontadas pelo documento são a redução dos custos de eliminação de resíduos através da reciclagem; a criação de novos mercados e produtos, redução do consumo de recursos naturais e estímulo à economia circular.
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