O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu manter o bloqueio da investigação contra o Padre Robson de Oliveira, acusado de desviar dinheiro da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). O ministro do STF, Olindo Menezes, acatou os argumentos da defesa e considerou que as provas utilizadas pelo Ministério Público durante a operação foram compartilhadas de maneira ilegal de outra apuração.

Dessa forma, o desembargador confirmou a decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). Em nota, o Ministério Público informou que recorrerá da decisão que negou a análise do recurso apresentado.

Em dezembro do ano passado, o desembargador Leobino Chaves voltou a suspender as investigações do Ministério Público de Goiás contra o Padre Robson de Oliveira. A liminar derrubou o efeito suspensivo ao trancamento dos trabalhos do MP, assinada pelo presidente do Tribunal de Justiça, Walter Carlos Lemes, no dia 4 de novembro. A denuncia do órgão havia sido aceita pelo TJGO no dia 10.

Vale ressaltar que o Ministério Público Federal (MPF), em fevereiro de 2021, encaminhou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), um pedido de abertura de investigação para apurar acusações contra magistrados do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). A decisão foi para apurar se os desembargadores receberam vantagens indevidas do Padre Robson de Oliveira, investigado pelo Ministério Público de Goiás (MP/GO) por supostos crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita e falsidade ideológica.

Os crimes teriam sido cometidos através de associações criadas pelo padre, como a Afipe, que teriam movimentado em torno de R$ 2 bilhões ao longo de dez anos.

Segundo as investigações do MP, o Padre Robson, que administra o Santuário Basílica de Trindade, usou as doações dos fieis para comprar fazendas, casa na praia e até um avião. Ao todo, o prejuízo para a associação chegaria a mais de R$ 100 milhões.

Operação Vendilhões, deflagrada em agosto do ano passado, foi iniciada após uma investigação que apurou extorsões feitas por hackers contra o Padre para que um suposto relacionamento amoroso dele continuasse sendo mantido em sigilo. O religioso chegou a pagar R$ 2,9 milhões com dinheiro da Afipe em troca do silêncio dos hackers.

Segundo a decisão do STJ, os dados dessa investigação foram compartilhados e “ilegalmente utilizados pelo Ministério Público para iniciar a persecução”.

Padre Robson continua afastado das suas funções na igreja. Com a sentença, a expectativa da defesa é que ele possa retornar as missas e demais celebrações.