O investimento público em ciência e tecnologia é diretamente proporcional ao desenvolvimento econômico e social de um país. Essa é a conclusão do professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Aldo Jose Gorgatti Zarbin, que também é membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Ele apresentou dados e traçou uma correlação entre a valorização da produção científica e o progresso de uma nação, durante palestra no encerramento do 20º Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão (Conpeex) da Universidade Federal de Goiás (UFG), na última sexta-feira (24/11), em Goiânia.

O pesquisador exemplificou a experiência da China, que saiu da agricultura de subsistência para se tornar a segunda maior economia do mundo. Alda ressalta a importância do investimento maciço do governo chinês em ciência, tecnologia e educação. Ele também citou os casos da Alemanha e o atual governo dos Estados Unidos.

Dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostram que as 20 maiores economias do planeta concentram 92% dos investimentos globais em ciência e tecnologia. O professor também destaca que o crescimento econômico impacta na melhoria da qualidade de vida da população.

Aldo ressaltou que, de modo geral, a ciência possui três mecanismos: criar algo que não existia, melhorar aquilo que já existe e fornecer respostas a situações emergenciais e inesperadas. Neste último caso, ele relembra a importância da ciência durante a pandemia de Covid-19.

Os efeitos desses três mecanismos são refletidos, por exemplo, no aumento da expectativa de vida, resultado do desenvolvimento de vacinas, de antibióticos, do saneamento básico e da compreensão geral sobre o organismo e as enfermidades.

Leia também:

Investimento

Os números apresentados pelo pesquisador evidenciam o aumento do investimento a partir de 2004. Em consequência, entre 2013 e 2018, a produção científica brasileira em número de artigos publicados cresceu 30% a mais que a média de todos os outros países.

Além disso, Aldo chamou a atenção para o a relevância das universidades públicas neste processo: 95% da ciência do país é produzida em universidades ou institutos de pesquisa públicos, sobretudo em programas de pós-graduação.

Em 2016, no entanto, o Brasil viu o orçamento dessas instituições diminuir significativamente. A aprovação da Emenda Constitucional 95, que institui o Teto de Gastos, foi um dos principais marcos da queda de investimento público em ciência e tecnologia.

Como consequência, em 2022 o Brasil registrou forte queda na produção científica, maior até mesmo que a da Ucrânia em guerra. Pela primeira vez também houve diminuição na formação de doutores.

As mudanças políticas nas últimas eleições são, para o professor, um respiro. Em fevereiro deste ano, por exemplo, o governo federal anunciou o reajuste nos valores e nas quantidades das bolsas de pós-graduação e iniciação científica. Em tom otimista, Aldo afirmou esperar que o país esteja passando por um momento de retomada dos investimentos públicos na produção científica.

Com informações da Secretaria de Comunicação (Secom) da UFG.

Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).