Após a demissão do treinador Ney Franco, o Goiás não perdeu tempo e acertou com Thiago Larghi no dia seguinte, na sexta-feira (21). Desde sábado em Goiânia, o novo técnico acompanhou das tribunas do estádio Hailé Pinheiro a vitória esmeraldina sobre o Atlético Goianiense por 2 a 0. Aos 39 anos, terá pelo clube da Serrinha sua segunda experiência na função, depois de passagem pelo Atlético Mineiro, em 2018.

Apresentado nesta segunda-feira (24) à imprensa, Thiago Larghi destacou que “já comecei o trabalho no sábado mesmo. A partir do momento que a direção decidiu pelo meu nome, já me coloquei à disposição e vim de madrugada aqui para Goiânia, o Harlei me recebeu e já fomos direto para o jogo. Ali começou o trabalho, e vi um grupo de jogadores muito comprometidos com a camisa do Goiás e com vontade de vencer”.

Já na beira do gramado contra o Vasco da Gama nesta quarta-feira (26), no jogo de volta da terceira fase da Copa do Brasil, em Goiânia, “a estratégia será dar continuidade no que vimos no último jogo, com uma equipe bastante competitiva e em busca da vitória. O Goiás é um clube muito grande, e essa grandeza nos coloca para ter sempre uma equipe muito competitiva, tendo um ataque e uma defesa fortes”.

Período desempregado

Depois de deixar boa impressão no Atlético Mineiro, Thiago Larghi não voltou a trabalhar por um clube. Bacharel em Educação Física e formado nos cursos de treinador da Uefa (B) e da CBF (A e Pro), iniciou sua trajetória como observador técnico do Botafogo em 2011, função que repetiu pela Seleção entre 2013 e 2014. Pelo seu trabalho no Brasil, o Goiás recebeu referências positivas de Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira.

Em seguida, acompanhou Oswaldo de Oliveira por Sport, Corinthians e Atlético-MG como auxiliar técnico, antes de assumir a condição de treinador do ‘Galo’ em 2018, quando comandou o time por nove meses, com 23 vitórias, 12 empates e 14 derrotas em 49 partidas – aproveitamento de 55%. Sobre os quase dois anos desempregado, o técnico explicou que “recebi algumas propostas de Série A e B, teve até de Série D, mas preferi continuar a minha preparação”.

“Fiquei dois períodos na Europa, no final de 2018 e depois no meio de 2019, em que optei por continuar me qualificando. Eu acredito nesse tipo de preparação. Quando apareceu o Goiás, os olhos brilharam e surgiu a oportunidade, porque vimos uma estrutura, uma qualidade no elenco e uma diretoria imbuída com um objetivo de grandeza. Entendemos que era uma oportunidade ótima e é por isso que estou aqui, pretendendo realizar o melhor trabalho possível”, completou.

Necessidade por reforços

Após a vitória sobre o Atlético-GO, a direção esmeraldina admitiu estar na procura por novas contratações. Entre elas, a do volante Elias. Para Larghi, “é um período que ainda estamos conversando. Primeiro preciso conhecer o elenco atual antes de definirmos quem contrataremos e onde atacar. É certo que o grupo aqui já apresenta uma base muito boa, com jogadores de bastante qualidade e que farão boa campanha na Série A”.

De qualquer forma, “reforçar é importante, principalmente tendo em vista que passamos por um momento de pandemia e que a sequência é jogar domingo e quarta, e isso exige muito de um elenco forte. Então precisaremos reforçar sim, porque sabemos que temos uma maratona até fevereiro de 2021. Sobre o Elias, especificamente, é um jogador multicampeão, que jogou em alguns dos melhores clubes do país, sempre em competições de alto nível, esteve na seleção brasileira e é um jogador de muita qualidade”.

Modelo de jogo

Na sua única experiência como treinador, Thiago Larghi liderou uma equipe com médias altas em posse de bola, passes trocados e em números ofensivos. Sobre a filosofia que pretende usar no novo trabalho, afirmou que “aquilo que implementamos no Atlético foi um jogo ofensivo, pelo tempo de trabalho naquele momento e usando as características dos jogadores. Aqui, precisaremos de um certo para implantar esse modelo de jogo, mas sempre buscando um jogo competitivo da grandeza que é o Goiás”.

De acordo com o treinador, “vejo uma equipe que já tem uma vontade muito grande de vencer, e extrair o melhor de cada jogador, adaptando gradativamente ao nosso modelo de jogo, é o que será importante. A posse de bola é uma das características do trabalho, mas não é a única maneira de vencermos. Precisamos ter uma equipe competitiva, que faça grandes jogos e dê alegria para o torcedor. Acredito que conseguiremos fazer um grande trabalho com o apoio da torcida e com os jogadores comprometidos como estão”.

Adaptação ao elenco

Influenciado por Pep Guardiola, Thiago Larghi ponderou que, apesar das suas preferências, “temos que chegar no clube e ser inteligente de utilizar melhor o potencial de cada jogador. O estilo que admiramos não pode vir à frente do material que temos disponível, até porque existe muito futebol de qualidade e o Guardiola é apenas uma das referências que tenho, mas também tenho o Zagallo e o Arrigo Sacchi, treinador de um Milan, nas décadas de 80 e 90, muito competitivo, com um jogo vertical e uma equipe compacta”.

Na sua visão, “o segredo é utilizar melhor o material humano que temos. Aqui tem uma equipe de muita qualidade e o clube, através da diretoria, sabe que podemos ainda melhorar com alguns reforços para dar mais qualidade e consistência ao time. Será uma temporada duríssima e, ao longo do trabalho, as coisas vão acontecendo, então não quer dizer que vou vir para cá para tentar implantar ‘guardiolismo’, nada disso. Buscaremos a identificação com as cores do Goiás, os valores do clube, identificação com a torcida e a entrega dentro de campo será muito grande”.

Ataque x defesa

Questionado sobre uma formação com três atacantes ser preponderante para o seu jogo, o treinador ressaltou que “não. É necessário, principalmente, um time todo envolvido na fase ofensiva. Hoje em dia vemos cada vez mais um futebol em que zagueiros e laterais fazem a construção, volantes que entram na área para finalizar e aí, sim, meias e atacantes com qualidade e espírito de vencer. É isso que vejo que é o segredo, o time todo envolvido nesse momento ofensivo, mas obviamente também temos que ter uma defesa forte”.

A defesa, inclusive, foi um problema do Goiás em 2019, quando foi a mais vazada do Brasileirão, com 64 gols sofridos em 38 rodadas. Neste ano, antes da vitória por 2 a 0 sobre o Atlético-GO, foram seis gols nos primeiros três jogos. Para Larghi, a defesa “preocupa como sempre deve preocupar. Sabemos que as equipes que ficam na parte de cima da tabela são sempre equipes com a defesa forte. Ontem, inclusive, em uma reunião com os jogadores, já falamos sobre isso. Esse envolvimento em ter uma defesa forte será muito importante para fazermos uma boa campanha na sequência da temporada”.