Arena Repense: bancos de sementes preservam espécies ameaçadas e são ferramentas de combate à fome

Repense do último domingo (4) mostrou como parte das questões ligadas à fome está na desigualdade de distribuição de alimentos e de insumos. No campo, enquanto alguns produzem com maquinários, tecnologia, assistência técnica.

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Já outros ainda vivem da agricultura de subsistência, que sempre esteve sujeita a intempéries naturais, como enchentes, e secas, impactando o abastecimento das populações que dependiam de sua produção. Dessa forma, bancos de sementes surgem como alternativas para preservação de espécies ameaçadas e ferramentas de combate à fome.

O tema foi discutido no Arena Repense desta quarta-feira (7), que teve mediação do jornalista Johann Germano. A conversa foi com a engenheira agrônoma e especialista em desenvolvimento do potencial humano, Cristiane Rachel de Paiva, e a Ana Camila, que atua na Renapsi pólo Paraná.

Conforme explicado por Cristiane Rachel de Paiva, a atuação dela na Emater com banco de sementes é mais focado na questão da linha de pesquisa relacionada à sementes não convencionais alimentícias.

“A minha atuação em particular se refere ao espaço que a gente denomina de horto de plantas bioativas, que englobam grupos distintos. A gente tem dentro dessas plantas as medicinais, aromáticas e também das condimentares, que a gente usa no dia a dia como temperos. Dentro desse grande grupo, temos as plantas alimentícias não convencionais, que é muito especial, principalmente para nós brasileiros, porque aqui temos aproximadamente 19% dos solos agricultáveis do mundo e a gente tem uma agricultura com mais de 70% de alimentos da agricultura familiar, que é o local onde essas plantas se dão melhor”, explicou.

(Foto: Reprodução/Sagres TV)

De acordo com a especialista, normalmente existem três grandes grupos de sementes. Primeiro são as chamadas recalcitrantes, depois as intermediárias e por fim as chamadas de sementes ortodoxas.

“As sementes recalcitrantes têm tamanho maior e um elevado teor de umidade, então precisam para germinar, e se manterem viáveis, esse elevado teor. São sementes que, no processo de maturação da planta, não chega a perder grandes quantidades de água. O segundo grupo, de sementes intermediárias, a diferença em relação às recalcitrantes é que aguentam uma faixa mais intermediária de umidade, de 7 a 10% mais ou menos, então tem uma certa tolerância de dissecação, mas não tem resistência a baixas temperaturas. Temos o caju do cerrado, por exemplo. As ortodoxas suportam muito bem a secagem, então conseguem sobreviver com baixa temperatura e baixa umidade por um longo período de tempo, que é a maioria das sementes que a gente come, arroz, feijão, milho, soja”, destacou.

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