Já imaginou dirigir um carro de corrida a 200 quilômetros por hora sem uma gota de combustível no tanque. Aliás, nem tanque o carro tem. Dar adeus ao posto de combustíveis no dia a dia. A locomoção através da energia em vez da combustão e a produção dos carros elétricos cresceram nos últimos anos. Os números comparados ao transporte tradicional ainda são tímidos, mas o mercado aos poucos se transforma para atender tal mudança, necessária para a sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Assista a seguir

Os desafios de um mercado em pesquisa e desenvolvimento. O custo benefício para a aquisição de veículo elétrico relacionado à produção de energia limpa e os benefícios que essa nova opção de locomoção pode trazer, são alguns pontos que ainda geram dúvidas, mas que, aos poucos, ficam claros para o consumidor final.

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Pesquisa

As inovações no setor de carros elétricos podem ser vistas em sua excelência nas corridas da Fórmula E, criada em 2014 e reconhecida pela FIA – Federação Internacional de Automobilismo. A tecnologia utilizada na categoria também serve para desenvolver os veículos que já vemos nas ruas.

“Hoje a pesquisa aplicada para veículos elétricos, está relacionada à produção de baterias com maior durabilidade e que sejam reutilizáveis após o seu uso, então hoje as baterias têm uma expectativa de 15 a 20 anos, o que torna o sistema mais viável”, explicou o engenheiro eletricista Eduardo Silva, que também é professor da Uninter, do Paraná.

E para que a pesquisa em torno do desenvolvimento dos carros elétricos tenha a efetiva conclusão, com os veículos rodando nas ruas, Eduardo lembra que a oferta de energia, de preferência limpa, como a eólica e a fotovoltaica, seja maior, o que ajudaria a reduzir os custos.

“Ainda tem muita preocupação se o veículo elétrico vai se tornar vantajoso, afinal se investe pelo menos o dobro do que em um veículo a combustão imaginando que esse veículo vai me trazer benefícios, mas e a fatura de energia não vai ficar mais alta? Então, assim que a gente conseguir colocar popular, não só a produção dos veículos, como também de energia, essa história vai mudar bastante”, completou.

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Mercado

Em meio à procura pelo equilíbrio quanto aos custos, o mercado apresenta evolução. De acordo com a assessoria Carcon Automotive, as vendas dos modelos elétricos cresceram desde o ano passado e devem fechar 2022 com 2,16% das negociações de automóveis em geral.

“Esse ano a gente já está com mais de 100 mil veículos 100% elétricos vendidos. Se acrescentarmos os veículos híbridos, a gente pode somar mais 19.500 veículos, então já é um número considerável e o interesse vem crescendo gradualmente”, revelou Rogério Markiewicz, presidente da associação Brasileira de Carros Elétricos.

Com vários modelos no mercado, concessionárias de veículos tradicionais já têm os elétricos para venda ao consumidor. Em uma loja localizada na avenida Goiás Norte, em Goiânia, uma pick-up elétrica, para trafego indoor – ideal para grandes propriedades como condomínios, chácaras e fazendas – é uma das opções oferecidas.

“Na realidade, a comodidade é boa para o cliente porque ele compra uma pick-up como essa e leva pra fazenda, e lá ele não vai ter posto de combustível, então ele liga na tomada do barracão, da casa ou do curral, e, abastece com energia solar”, explicou Lucílio Borges, gerente de vendas da concessionária.

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Tendência

Se os carros elétricos chegaram pra ficar, Lucílio Borges não tem dúvidas: “Já é uma realidade. Aqui o pessoal ainda tá conhecendo, mas tenho certeza que em um futuro próximo, vamos explodir de venda”. Opinião semelhante, tem Rogério Markiewicz, da Associação Brasileira de Carros Elétricos.

“É um carro que praticamente não dá manutenção. Não tem óleo, não tem vela, não tem correia, não tem água. A primeira manutenção nos carros elétricos que estão na rua hoje em dia é com mais de 35 mil quilômetros. A mobilidade elétrica vem complementar a gestão das empresas preocupadas com a sustentabilidade. A gente vê várias cidades, vários estados, legislando sobre mobilidade elétrica. Um exemplo é Brasília, que desde 2018 é obrigado a ter uma vaga com ponto de recarga para carros elétricos em todas as novas edificações”.

Para finalizar, o engenheiro eletricista Eduardo Silva, fez uma projeção otimista quanto ao avanço do transporte elétrico.

“No Brasil é uma exigência, pois já tende a ter uma matriz limpa e deve continuar assim e até melhorar com o passar do tempo. Para o Brasil, os veículos elétricos são vantajosos. Com certeza, o custo da produção de energia ainda é menor comparado aos combustíveis fósseis que a gente utiliza, como a gasolina, entre outros. Já para outros países que têm a matriz tão limpa como a do Brasil, o surgimento dos veículos elétricos só vão força-los a melhorar ainda mais as suas matrizes. Então, o objetivo maior é sempre buscar a melhora. Acredito que não tenha piora neste cenário”.

Repense

Esta reportagem integra a série Repense Energia desenvolvida pelo Sistema Sagres de Comunicação com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos à sustentabilidade, produção e consumo, que estão conectados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 07 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Energia Acessível e Limpa”.

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