Foto: Divulgação/MP-GO

Um total de 10 mandados de prisão e 15 mandados de busca e apreensão cumpridos – este é o balanço da Operação Arapuca, deflagrada nesta quinta-feira (9) pelo Grupo Especial de controle Externo da Atividade Policial (GCEAP) e do Centro de Inteligência do Ministério Público de Goiás (MP-GO). Realizada em parceria com a Polícia Civil, a operação apura a atuação de uma organização criminosa, formada por policiais civis e advogados, que cobrava vantagens indevidas para não prenderem em flagrante suspeitos de crimes ou não continuarem com as investigações contra eles. Dentre as 10 pessoas detidas temporariamente, 6 são policiais civis e 2 são advogados. Um outro policial que também foi alvo de mandado de prisão está foragido.

Em entrevista coletiva à imprensa, o coordenador da GCEAP, Leandro Murata, informou que, além dos policiais e advogados, foram apreendidos um informante que se passava por policial e um vendedor de medicamentos proibidos que teria se juntado à organização diante da possibilidade de comercializar remédios apreendidos pela Polícia. Os valores exigidos pelos membros do grupo variaram de R$ 1 mil a R$ 30 mil.

O promotor afirmou que, até o momento, acredita-se que o esquema funcionava há cerca de dois anos, e teve ao menos 12 episódios de corrupção, extorsão (obrigar alguém a comporta-se de certa maneira sob ameaça ou violência) e concussão (obtenção de vantagens indevidas por funcionários públicos que abusem da influência do seu posto). Os crimes investigados teriam acontecido em três distritos policiais de Goiânia, um dos quais é o 4º Distrito Policial, localizado no Setor Bueno.

Em relação às pessoas que pagaram vantagens indevidas aos policiais e advogados, o promotor de Justiça Paulo Parizotto, integrante do CGEAP, explicou que apesar de também serem suspeitas de outros crimes, elas são tratadas como vítimas nesta investigação. Isso porque o benefício obtido pelos agentes corruptos foi mediante ameaça, e não uma simples solicitação. No entanto, as provas da investigação serão compartilhadas com a Polícia Civil para eventual responsabilização das vítimas, uma vez que são suspeitas de tráfico de drogas, porte de arma de fogo, falsificação de cheques bancários, venda de remédios proibidos e de diplomas falsos.

O superintendente da Polícia Judiciária, delegado André Gustavo Ganga, informou que os seis policiais presos na operação já tinham procedimentos na Corregedoria da Polícia Civil de Goiás. No entanto, nenhuma das infrações que haviam sido apuradas no órgão interno rendeu afastamento ou exoneração, apenas advertências. Questionado sobre as próximas providências em relação aos policiais detidos, o delegado declarou que, passados os cinco dias da prisão temporária, os policiais serão investigados pela Corregedoria e poderão ser punidos, afastados ou até exonerados.

A Operação Arapuca conta com participação de 18 promotores de Justiça, 45 agentes e 9 delegados da Polícia Civil. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Goiânia e Aparecida de Goiânia.

Do MP-GO