Jessica Lima
Jessica Lima
Jornalista multimídia, escreve principalmente sobre temas ligados à educação e defesa dos direitos humanos.

Dia das Mães: Um dia para aquelas que não são todas iguais

O segundo domingo do mês de maio marca a celebração do Dia das Mães ou Mother’s day, visto que a data é comemorada por diferentes países e nacionalidades.

No Brasil, não é difícil ouvir algum sujeito dizendo com bom humor que “mãe é tudo igual”, geralmente após um comentário sobre o jeito comum de olharem, repreenderem, cuidarem ou amarem.

Para o dia de hoje, também é válido celebrar a diferença. Mães certamente compartilham semelhanças, todavia, as suas particularidades abrem caminho para bisbilhotarmos a complexidade das diferentes faces da maternidade.

A seguir, vamos relembrar três personalidades. Três mães que não falam por todas, mas que representam os diferentes mundos dentro de uma mesma palavra. Por mais clichê que possa soar, de fato, são três letras que anunciam quase infinitos significados.

Maya Angelou

Escritora, poetisa, ativista, indicada ao Grammy, roteirista, editora de jornal, defensora de direitos de pessoas negras, atriz de teatro, estrela da Broadway, bailarina… mãe.

“Eu dei à luz uma criança, um filho, mas tenho milhares de filhas”, é o que escreve Angelou na introdução de uma de suas obras, “Carta a minha filha”.

Nascida em St. Louis, no estado do Missouri, Maya Angelou é vista como uma das principais ativistas da história norte-americana. Por outro lado, a maternidade chegou aos 17 anos, em setembro de 1945, em meio ao outono da Califórnia.

Maya Angelou e sua mãe, Vivian Johnson. Em 2014, ano de sua morte, Maya publicou seu último livro intitulado “Mamãe & Eu & Mamãe”. (Foto: Reproduçao/Facebook Maya Angelou)

A criança recebeu o nome de Guy Johnson. Maya assumiu então a maternidade sozinha, criara o menino que anos mais tarde, também se tornaria escritor.

O livro mais conhecido da escritora, “Eu sei por que o passáro canta na gaiola”, publicado no formato de autobiografia, “nasce” apenas em 1969. Nele, há abordagens sobre racismo, direitos das mulheres, pobreza e vulnerabilidades sociais.

Ainda hoje, é considerado um dos clássicos da literatura norte-americana. Em meio aos seus escritos, a maternidade também ganhou notoriedade.

Angelou, cujo nome de nascimento era Marguerite Annie Johnson, viveu uma vida onde nomeou com clareza os preconceitos e desigualdes estruturais de sua época.

Florence Lewis

C.S Lewis é o conhecido autor Irlandês, admirado pela criação de universos fantásticos e adaptações cinematográficas, como o que construiu para As Crônicas de Nárnia, história de sete volumes publicadas no Reino Unido entre 1949 e 1954.

Além disso, o escritor foi um dos grandes amigos de J. R. R. Tolkien, autor da história de O Senhor dos Anéis, que também arrasta multidões de fãs fieis do universo literário e do cinema. Há quem diga que Lewis exerceu um papel importante para a criação da obra literária de Tolkien.

Como a maternidade se encaixa em meio a números grandiosos e filas de leitores espalhados pelo mundo?

A adaptação de As Crônicas de Nárnia para o cinema foi lançada em 2008 (Foto: Divulgação)

Na verdade, Florence Lewis, ou Flora, viveu uma vida comum. Além disso, perdeu a vida para um câncer quando seu filho, Clive, tinha apenas 9 anos, em 1908. No entanto, nos escritos de Lewis estão registradas as suas influências, inclusive, em seu amor pela literarura.

Como uma boa contadora de histórias, Florence instigou no filho o apreço pelos livros. Estudou matemática, mas terminou a sua vida dando voz à literatura para seus filhos, no interior do Reino Unido. Mal sabia que anos mais tarde, um deles seguiria contando histórias além dos limites das terras irlandesas.

Toor Pekai

Esse nome pode não soar conhecido à primeira vista. Muito mais familiar, no entanto, é o nome de Malala Yousafzai, a menina que cresceu no Paquistão e que foi vítima de violência com apenas 15 anos, no ano de 2012.

Nesse sentido, Malala e sua família eram perseguidos por grupos extremistas após ganhar destaque na defesa de direitos essenciais, principalmente para o acesso à educação por meninas.

Toor Pekai e a filha, Malala, com quem vive no Reino Unido desde 2012 (Foto: Reprodução/Twitter Malala)

Nas ruas, Malala encontrava o machismo e opressão, em casa, vivia protegida pelo incentivo dos pais. Seu pai, rosto mais frequente em entrevistas, criou uma escola só para meninas. A mãe, longe dos holofotes, também assegurava que mais meninas ouvissem o que a filha tinha a dizer.

Toor Pekai cresceu no vale do Swat, no Paquistão. Dessa forma, vivia em um país onde mulheres e escolas não formam uma combinação frequente. Pouco frequentou a escola, saindo de lá sem saber ler ou escrever.

Todavia, mesmo em meio as restrições do único ambiente que conhecia, impulsionou a filha, que mais tarde ganharia um Nobel da Paz, a permanecer com os pés no chão da sala de aula.

Nesse sentido, após o ataque em 2012, a família se mudou para o Reino Unido. Em 2020, se formou em Oxford, na Inglaterra, nos estudos de filosofia, política e economia.

Mais do que o diploma, construiu o Instituto Malala, que atua na promoção do direito à educação para meninas ao redor do mundo.

Longe de sua terra natal, Toor Pekai retomou as aulas de alfabetização e começou a ter aulas de Língua Inglesa, justamente porque queria encontrar formas de usar a própria voz na cidade de Birmingham, novo lar de sua família.

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