O início de ano é sempre um período complicado para administrar as contas. O acúmulo dos gastos de fim de ano, junto com as despesas de janeiro, vira uma bola de neve financeira para muitos brasileiros. Portanto, organizar as finanças pessoais é um passo crucial para evitar transtornos e dívidas.

Para Luiz Carlos Ongaratto, mestre e professor em Economia, “o primeiro passo que temos que fazer obrigatoriamente para controlar qualquer finança é mapear todos os gastos. O que é isso? É ver todos os dias do mês as contas que saem do seu bolso e categorizá-las. Assim, você consegue saber proporcionalmente onde está indo a maior fatia de gasto”.

Gastos fixos, como contas de água e energia, são difíceis de controlar. No entanto, despesas variáveis, como lazer e transporte, podem ser economizadas. Com o mapeamento das contas, é possível ver “aquilo que é essencial. Ou seja, aquilo que não pode ficar sem”.

Despesa x receita

De toda forma, o controle deve ir muito além do que é gasto. O economista alertou para a necessidade de também mapear as fontes de renda. “Quando você tem finanças descontroladas, isso descasa. Muitas vezes tem um gasto maior do que o salário”, pontuou Ongaratto.

Entre as alternativas para resolver esse problema estão buscar uma renda extra ou mesmo um empréstimo. Entretanto, “um empréstimo com a taxa mais baixa do que aquilo que paga de juros, para tentar fechar a torneira de gastos”.

O que se deve evitar, segundo Ongaratto, é fazer empréstimo sem ter noção da renda. “Tem que ter esse cuidado. Primeiro de mapear todos os gastos, depois mapear todas as receitas, e ver se isso casa e qual o prazo”, afirmou.

Luiz Carlos Ongaratto
Luiz Carlos Ongaratto, mestre e professor em economia, dá dicas sobre finanças pessoais (Foto: Reprodução)
Cartão de crédito

O economista também chamou a atenção para o cartão de crédito. “Muita gente usa o cartão de crédito como se fosse uma renda extra, mas é um benefício que você tem de parcelar uma compra. Ele não está diretamente ligado com a renda, está ligado com a sua capacidade de endividamento”, destacou.

Logo, é preciso ter cuidado para não extrapolar nas compras parceladas e comprometer a renda, “porque, quaisquer outros gastos eventuais, não vai sobrar dinheiro para pagar”. Dessa forma, “entra em um ciclo muito grande de endividamento ou então deixa de pagar o cartão de crédito, e a bola dos juros aumenta”.

Ongaratto ressaltou ainda que, “quando você paga parcelado, você perde a noção daquilo que está gastando. Você vai usar aquele produto que comprou naquele dia ou mês e, para frente, nos meses seguintes, de repente ele nem existe mais, já teve o seu uso, e você continua pagando”.

Comportamento

Em relação ao comportamento, “não recomendamos parcelar coisas que você consumirá em um curto período de tempo, que não vai mais existir. Seja uma compra de supermercado, ou às vezes um gasto para um evento, e o interessante é fazer o contrário: guardar o dinheiro e se planejar”.

“Pode parecer óbvio, mas isso tem haver com as finanças comportamentais. Você troca um mal-estar de longo prazo por um benefício de curto prazo. Essa é a principal questão do endividamento por compulsão”, explicou o especialista.

O hábito de poupar

Outra dica que Ongaratto deu é que “poupar é um hábito. Um hábito precisa de disciplina. Não é o dinheiro que sobra que você guarda. É um dinheiro como se fosse uma conta de água: todo mês não tem que pagar, senão vão cortar? Todo mês você tem que guardar X reais, tem que se propor a isso, nem que sejam 50 reais, mas você tem que guardar”.

“Você guarda, paga todas as contas e vive com o saldo o resto do mês. Se não for assim, se tiver o hábito de guardar aquilo que sobra, nunca vai sobrar dinheiro, porque sempre vai querer gastar mais. Isso também tem haver com comportamento”.

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