O avanço da tecnologia proporcionou aos jovens a acessibilidade dos jogos eletrônicos em suas vidas. Com isso, alguns vícios surgiram com o tempo, o que deixou os adolescentes cada vez mais reclusos em suas casas. Por essa razão, a 11ª edição da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde, a CID-11 de 2018, incluiu o uso abusivo dos games na seção de transtorno que provocam vícios. Sendo assim, agora o fato faz parte do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM-5, que destaca a dependência digital.

“Tive um paciente que não conseguia se desvencilhar do celular e ficava paralisado com a bateria baixa porque tinha transtorno do pânico. Outro jovem veio porque seria ‘dependente’ do computador e vimos que tinha fobia social. A dependência patológica geralmente vem associada a um transtorno primário”, explica Anna Lucia Spear King, psicóloga clínica e fundadora do Instituto Delete.

Vício digital

Crianças e adolescentes têm preocupado especialistas devidos ao alto consumo pela internet. A nova geração web 3.0, passam horas em seus computadores e celulares, o que dificulta a sociabilidade dos jovens no mundo real, de acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2021.

O estudo aponta que 22,3 milhões de brasileiros na faixa etária de 9 a 17 anos usam a internet. Especialistas explicam que adolescentes deixam de viver o mundo real, em função de dificuldades de interação social e de lidar com a realidade. A pesquisa deixou de fora 30 milhões de crianças que também são expostas ao universo digital.

“Deixar as crianças e adolescentes sem mediação é como ficar sentado à beira de um vulcão esperando o que vai acontecer. Criança não é miniadulto e a exposição às telas influência de forma diferente o comportamento”, adverte Evelyn Eisenstein, coordenadora do GT de Saúde Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Ela ainda explica que os malefícios do digital começam de dentro de casa, com os pais entregando os aparelhos telefônicos as crianças. Isso dificulta o desenvolvimento de linguagem dos pequenos, o que pode desencadear um futuro vício.

Para a pediatra Evelyn, existem outros meios para acalmar as crianças, já que um dos principais motivos dos pais entregar produtos eletrônicos desde cedo é com o objetivo de acalmá-los. “O gatinho na tela é feito para reter toda a curiosidade e a criança deixa de olhar o resto”, alerta a coordenadora, que ressalta a existência de um manual da SBP que possui dados de limites de uso, uma vez que o digital também afeta a qualidade do sono.

“Há premissas importantes, que chamo de ‘5+1’. A primeira é a idade e o tempo de uso adequado. Também é preciso ver com que conteúdo a criança interage. Outro critério é o contexto; com quem e por que a criança usa as telas. Como educadores de saúde, temos ainda que enfatizar o que a criança faz fora das telas; e saber quais as atividades necessárias para o desenvolvimento psicomotor, de linguagem e social”, reforça Evelyn Eisenstein.

De acordo com o coordenador de educação, Gabriel Salgado, não tem como correr do mundo digital e, por isso, os professores devem usar as tecnologias como aliadas. “Os educadores precisam entender e orientar o uso da tecnologia com intencionalidade pedagógica”, pontua.

Com informações da Revista Educação.

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