Em entrevista à Sagres nesta terça-feira (18/5), o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, criticou a política de industrialização do estado, que entre os biênios 2007/2008 – 2017/2018 ficou estagnado. Em 10 anos, Goiás registrou a variação de 0,08% na comparação entre os índices de participação no PIB industrial, se mantendo na nona posição do ranking nacional. Sandro afirmou que o estado é “território da China” ao fomentar apenas a exportação.

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“Nós temos nossa área de agricultura em franca expansão. Os governos não estimulam a industrialização das matérias primas dentro do nosso estado. É como se fôssemos um território Chinês. Nós produzimos pra mandar pra China. Goiás foi um território de exportação. Nós não agregamos valor. Quando você pega um milho e põe em cima do caminhão e depois no navio e manda pra China estamos fazendo o contrário do Mato Grosso do Sul, que está crescendo”, afirmou.

Ouça a entrevista na íntegra:

Os dados do setor são da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta segunda-feira (17), e mostram que houve encolhimento da participação das regiões Sul e Sudeste no Produto Interno Bruto (PIB) industrial, e, consequentemente, aumento na fatia das demais áreas geográficas do país. Em entrevista à Sagres, o economista chefe da CNI, Renato Fonseca destacou que essa industrialização mais regionalizada foi impulsionada, em grande parte pela agroindústria, devido ao processamento de grãos e proteínas, no Norte, no Nordeste e no Centro Oeste.

Um dos destaques foi Mato Grosso do Sul, que saiu do 14º lugar no ranking, com 0,23% da produção nacional, para a 3ª posição, com 11% da produção nacional de celulose e papel. Sando Mabel citou o estado como exemplo de política de industrialização.

“Mato Grosso do Sul está crescendo e vai passar Goiás na produção agrícola e na produção industrial também. Eles tem uma política de governo de industrializar o máximo possível dentro do estado. O Mato Grosso pegou a safra de milho e colocou pra fazer etanol e o resíduo está sendo usado para fazer alimentação de animais e humana. Ao exportar o grão in natura, Goiás erra e fica para trás”, argumentou. Mesmo com a desaceleração da industrialização em solo goiano, segundo a CNI, Goiás continua como o estado mais industrializado do Centro-Oeste.

Para o presidente da Fieg, o caminho não é taxar as commodities, mas diminui os impostos para as empresas que processam os produtos in natura. “Só na soja, Goiás perde R$ 1 bilhão de arrecadação e meio bilhão em salário por falta de industrialização desse produto. Uma empresa que processa soja em Goiás paga 4% a mais em impostos. Aí, a indústria vai embora. Nós não podemos perder a competitividade internacional taxando as commodities, mas o país tem que sair dessa síndrome de vira lata. Não tem comida disponível no mundo igual o Brasil tem. Porque o país tem que exportar tudo in natura? A questão é dar pra indústria que processa em Goias as mesmas condições de exportação”, argumentou.

Sandro reforça que Goiás precisa industrializar o agro. “Estamos buscando indústria de automóvel e de medicamento com esforço fiscal grande. Enquanto isso, nossa matéria prima está indo embora sem a gente cobrar nada. Temos que criar mecanismos de atração de empresas. Precisamos ser criativos. Temos que aproveitar as demandas que estão ai”, completou.