“Neste momento, sinto que estou sufocando e que o jogador está devorando o homem”.

Assim definiu Raphaël Varane sobre a sua aposentadoria da seleção francesa de futebol. Aos 29 anos, o zagueiro anunciou a decisão no início da semana após representar a França por 93 jogos, campeão mundial em 2018 e da Liga das Nações em 2021.

Em suas redes sociais, o defensor do Manchester United escreveu que “estava pensando sobre isso há vários meses e decidi que esse era o momento certo. Com certeza, sentirei falta desses momentos, mas chegou a hora da nova geração assumir. Temos um grupo talentoso de jovens jogadores que estão prontos e merecem uma chance”.

Com a aposentadoria do goleiro Hugo Lloris após a Copa do Mundo do Catar, Varane era apontado como o futuro capitão francês, com 30 anos ainda por completar em abril. Em entrevista à rede de televisão fechada Canal+, abriu o jogo sobre os reais motivos do seu adeus precoce da seleção.

Desgaste físico e mental

“Eu dei tudo, física e mentalmente”, disse o zagueiro, que destacou que o futebol de alto desempenho “é como uma máquina de lavar, você joga o tempo todo e nunca para. Temos agendas sobrecarregadas e jogamos sem parar. Neste momento, sinto que estou sufocando e que o jogador está devorando o homem”.

Varane também comparou a rotina do futebol “como se estivéssemos em um trem-bala, não temos tempo nem para olhar a paisagem. No final da temporada, se vou para a seleção não me sentindo bem, porque estou pensando na minha família ou porque estou cansado, não consigo nem me concentrar”.

“Deixei a minha família aos 13 anos e tenho pouco tempo para ver os meus parentes. Quando vejo eles estou cansado, porque é entre os jogos. Estou lá sem realmente estar lá, porque vivemos o futebol e nunca nos desconectamos”, ressaltou o defensor, que é natural de Lille e se mudou para Lens ainda criança.

“Humanamente, eu preciso, porque estou sufocando”, reforçou o francês, que acrescentou que o excesso de jogos no futebol de alto desempenho não é uma preocupação exclusiva sua. “Não é por falta de alarme, os grandes treinadores e jogadores já falaram sobre isso, mas não somos ouvidos. Ao contrário, ganhamos mais jogos”.

Outros exemplos

Em 2021, o volante Toni Kroos, ex-companheiro de Varane no Real Madrid, também se aposentou de forma precoce da seleção alemã em 2021, aos 31 anos. “É uma decisão pela minha família e por mim, porque posso ficar mais com a minha família. Quero estar mais presente como marido e como pai”, afirmou na época.

O também alemão Phillip Lahm, que se aposentou da seleção aos 30 anos após o título mundial de 2014, deixou o futebol três anos depois, em 2017. Na época, rejeitou uma oferta do Bayern de Munique para seguir no clube como diretor esportivo. O ex-lateral afirmou que queria uma pausa do esporte que não era “o momento certo”.

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