O pedido de demissão de Hemerson Maria pegou a todos de surpresa no Vila Nova na última segunda-feira (23). Depois de entregar o cargo, o treinador revelou decepção com o comportamento dos jogadores colorados, o que motivou a sua saída e abriu margem de cobranças ao elenco vilanovense. Na mesma entrevista, Hugo Jorge Bravo, presidente do clube, demonstrou apoio à decisão do ex-comandante técnico.

Na partida contra o Avaí, disputada na quarta-feira (25), a equipe voltou a ser comandada por Higo Magalhães, treinador interino entre as passagens de Wagner Lopes e Hemerson Maria. Com uma grande atuação, o time venceu a partida por 1 a 0 e encerrou um longo jejum de vitórias como mandante no Campeonato Brasileiro, além de ter saído da zona de rebaixamento da Série B – neste momento, à espera dos demais resultados da rodada.

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Depois de Arthur Rezende, Rafael Donato, capitão vilanovense, explicou a situação nesta tarde. De acordo com o defensor, “tivemos uma conversa interna muito tranquila sobre o que estávamos precisando para o decorrer da competição. Sabíamos que a pressão era muito grande em cima de nós, da diretoria e do nosso treinador. Por isso, houve sim conversa, questionamentos e opiniões diferentes, mas foi em âmbito profissional, para que pudéssemos nos alinharmos e conseguir o maior objetivo, que era voltar a vencer”.

“O professor Maria falou o que achava, nos deu a palavra e falou que seria muito importante que déssemos a nossa opinião e que não fosse um monólogo, mas uma conversa aberta que pudesse esclarecer e corrigir a rota o mais rápido possível para vencer o jogo do Avaí. Não só eu como todos os jogadores ficamos surpresos pela atitude: não fizemos motim para mandar ele embora, não ficamos falando pelas costas, apenas foi uma conversa de vestiário, que tem em todo clube, e que infelizmente vazou essa conversa”, destacou.

Donato frisou que “em momento algum questionamos treinamento ou que não queríamos treinar, só falamos o que estávamos sentido que poderia melhorar, e deixamos bem claro que a decisão era dele fazer alguns reparos ou não, sabendo que ele era o comandante. Não tivemos nenhuma resposta depois disso, ele saiu, foi na sala da presidência e comunicou que não seria mais o nosso treinador. Acho que foi mais um mal entendido pela conversa, mas a intenção de todos os jogadores não foi para que isso acontecesse”.

Ameaças à família

Questionado se apoiaria a sequência de Higo Magalhães, o zagueiro ponderou que “não sou eu que vou resolver isso. Sou pago para trabalhar e entregar resultado dentro de campo. Se o Higo vai ficar, bom, se vier outro treinador, será bem recebido como o Maria também foi. Não podemos pegar um episódio que teve dentro do vestiário, que era para a melhora, e achar que jogador está fazendo motim ou se organizando para derrubar treinador. Isso aqui nunca existiu e o presidente jamais deixará que isso aconteça”.

Donato revelou que “pessoas mandaram mensagens de morte para a minha esposa, falando que sabia onde os meus filhos estudam e que eu deveria sair do Vila. Cheguei aqui com muito sacrifício, me dedico todos os dias para me manter jogando e entregando resultados, então é inadmissível de parte de torcedores que estão falando que somos mau caráter e que não merecemos vestir a camisa do Vila. Talvez não merecemos por não entregar o resultado que a torcida espera, mas por falta de caráter não”.

Confira a entrevista coletiva de Rafael Donato na íntegra