O Atlético Goianiense está no mercado em busca de um novo treinador depois que Jorginho pediu demissão no último sábado (15) e deixou o comando da equipe rubro-negra. O nome preferido da diretoria é o do técnico Vágner Mancini, que foi demitido do Corinthians no último domingo (16) e que fez bom trabalho no clube goiano na temporada passada.

Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (17) o presidente Adson Batista voltou a falar sobre a saída do ex-lateral da Seleção Brasileira e reiterou que não fez esforço para demovê-lo da demissão. De acordo com o dirigente do Dragão, houve uma divergência de ideias quanto ao seu comportamento de fazer algumas críticas públicas após as partidas.

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Retornando para casa, no Rio de Janeiro, Jorginho atendeu a reportagem da Sagres direto do aeroporto de Belo Horizonte e revelou ter assistido a entrevista de Adson Batista. O treinador concordou e discordou com alguns pontos colocados pelo presidente, além de revelar que deu liberdade para que o mandatário fizesse considerações sobre a equipe, mas de forma interna.

“Eu acompanhei a entrevista dele (Adson Batista) e eu concordo com algumas coisas que ele fala, como por exemplo que ele tem uma filosofia de trabalho e que não vai mudar. Eu discordo dele não mudar porque acho que prejudica não apenas a mim, mas todos os treinadores que passam por ali têm dificuldade com essa situação. Respeito que ele tenha um protocolo, que é basicamente ele que coloca porque ele é o presidente e se sinta à vontade para expressar sua opinião, inclusive tática do time. Eu dei toda liberdade, nós conversamos sobre isso que ele poderia falar comigo o que ele achasse sobre o jogo e fizesse as considerações dele, mas que fosse olho no olho. Isso aconteceu algumas vezes, mas outras vezes também aconteceu uma exposição para a imprensa como naquela oportunidade que eu ouvi (empate com Palestino)“, disse.

O ex-treinador rubro-negro também contestou as ponderações feitas pelo dirigente à respeito do desempenho do time no empate por 0 a 0 com o Palestino. Segundo Jorginho, a leitura feita por Adson não demonstrou o que foi o jogo e foi questionada pelo técnico em reunião realizada na manhã do último sábado (15).

“Eu não conseguiria trabalhar com ele porque eu acho que é uma falta de respeito com o treinador quando ele expõe qualquer situação, mesmo porque é uma opinião dele. Ele falou que nós jogamos diferente, mas não jogamos. O que aconteceu é que estávamos sem o Arthur (Gomes) e eu entrei com o André (Luís) e ele joga melhor por dentro do que por fora. Ele falou que nós baixamos as ‘linhas’, mas não é verdade. Então é muito simples o presidente fazer suas considerações como se aquilo fosse a verdade, tanto que eu conversei com ele no sábado e as minhas considerações o fizeram enxergar que não foi bem assim como ele ouvir, por exemplo, nas cadeiras dos próprios conselheiros”, explicou.

Jorginho, em último treino pelo Atlético-GO (Foto: Bruno Corsino/ACG)

Ele elogiou a estrutura do Atlético-GO e afirmou que a equipe tem tudo para ter sucesso nas competições que disputará em 2021. No entanto, disse que para o clube crescer e se colocar em um patamar superior, Adson Batista terá que rever a forma como se coloca durante as partidas.

“Respeito ele e a decisão dele de não querer mudar nessa área. Em nenhum momento eu queria que ele aceitasse ou se colocasse debaixo da minha vontade, não é isso. Acho que o Atlético-GO está em um momento importantíssimo, um momento em que pode ficar como um clube mediano ou um clube que vai crescer e para crescer ele (Adson) precisa entender que ele não é torcedor, mas sim presidente, e que não pode se exceder. A não ser que ele tenha uma cabine, aí ele pode se exceder, xingar e o que for. Mas fazer o que ele, alguns diretores e conselheiros fazem, é inadmissível”, disparou Jorginho.

O técnico também incluiu os dirigentes e conselheiros do Dragão nas críticas feitas após sua despedida, revelando que até os jogadores já ficaram incomodados com as críticas vindas das tribunas de forma pública ao longo dos 90 minutos.

“Os próprios jogadores já brigaram com conselheiros que viajam com a gente no mesmo avião e eles acabam tendo um problema com os atletas. Não vou citar nomes, mas tem muitos atletas ali que não gostam e já discutiram. Uma coisa é o torcedor. Eu sou tetracampeão mundial, estou acostumado. Joguei em grandes clubes, na maior torcida do Brasil que é o Flamengo, joguei no Vasco, Corinthians que tem uma grande torcida. Nunca tive problema com vaia, com crítica, o problema é que não pode partir do meu presidente uma crítica tão contundente como se a crítica dele fosse a verdade, isso não aceito”, frisou.

“Então para não prejudicar o trabalho eu preferi pedir demissão. Se ele tivesse pelo menos reconhecido que esse tipo de postura não é para um presidente, aí sim a gente poderia ficar. Mas que seja um aprendizado para mim e para ele, eu não quero mudar ninguém, quem sou eu para mudar alguma coisa dentro do Atlético-GO? Como ele mesmo falou, o Atlético-GO tem um bom gestor, é verdade, mas acho que nessa área ele falha muito como gestor”, pontuou Jorginho em entrevista à Sagres.

Ouça na íntegra a entrevista de Jorginho à Sagres: