O Equador é um país situado na América do Sul, mais especificamente na costa do oceano pacífico. O país possui uma paisagem belíssima e diversificada, que envolve a floresta amazônica, a cordilheira dos Andes e as Ilhas Galápagos. É um dos países pelo qual passa a linha do Equador.
Convém lembrar que o equador fez parte do império inca e foi conquistado pelos espanhóis. A capital Quito é conhecida por seu centro colonial espanhol bastante preservado, com seus palácios e monumentos que datam dos séculos XVI e XVII.
Após séculos de exploração colonial o processo de independência se desenvolveu entre 1809 e 1822 e foi dirigido pelo general José Sucre apoiado pelo venezuelano Simón Bolívar. A república foi proclamada em maio de 1830.
Como é comum aos países latino-americanos, no Equador há uma considerável fragilidade institucional que contribui para as viradas políticas por meio de golpes civis e militares.
No século XX, destacou-se a figura de José Maria Velasco Ibarra, que graças a sua popularidade chegou à presidência da República em cinco ocasiões diferentes, mas só conseguiu concluir um desses mandatos, entre 1952 e1956. Isso demonstra claramente a volatilidade da política equatoriana.
Na maior parte de sua história a economia do Equador marcada pela predominância dos produtos agrícolas como o carro chefe de suas exportações. Mas, na década de 1970 houve uma brusca alteração, com a intensificação da exploração de petróleo e o aumento do preço desse produto no mercado internacional.
A incrementação da atividade petroleira favoreceu o aquecimento da economia equatoriana e ao aumento considerável no consumo interno. Esse fato afetava consideravelmente a balança comercial e acabou levando ao endividamento internacional.
Esse quadro econômico refletiu-se nas disputas e ambições pelo poder e resultou em mais uma crise política no país. Em meio a esse quadro econômico e político o carismático José Maria Velasco Ibarra foi eleito pela quinta e última vez. O seu mandato deveria ser exercido entre 1968 e1972. Porém, não foi isso que aconteceu, pois Ibarra, apoiado por setores militares, realizou um golpe e estabeleceu uma ditadura civil em 1970. Contudo, esse governo não teve vida longa e acabou sendo derrubado, em 1972, por um golpe militar liderado pelo militar Guillermo Rodríguez Lara, no chamado “El Carnavalazo”.
Rodríguez Lara governou a ditadura equatoriana até 1976, mas foi forçado a renunciar em janeiro de 1976, sendo sucedido por uma junta militar de três membros.
No cenário da economia internacional mais uma crise do petróleo levou ao aumento dos juros internacionais e o Equador aprofundou seu endividamento externo obrigando o governo e realizar renegociações com seus credores e a recorrer a empréstimos junto ao FMI.
O Equador acabou tendo que se submeter às exigências impostas pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial. Entre essas exigências destacaram-se a implementação da privatização de empresas estatais e a abertura ao comércio internacional. Dessa forma, grande parte da renda do petróleo era transferida para os credores internacionais.
Esse contexto de crise econômica enfraqueceu o regime militar equatoriano e viabilizou a retomada da vida democrática em 1979, inclusive com a promulgação de uma nova Constituição. O primeiro presidente eleito após o regime militar foi Jaime Roldós Aguilera, com o apoio de uma grande frente partidária, a “Concentração de Forças Populares”.
Bem, com relação ao petróleo, houve uma brusca queda no valor do produto, pois entre 1980 e 1989 o preço passou de US$ 36/barril para US$ 18/barril, atingindo diretamente a transferência de capitais equatorianos para o exterior.
Os anos 1990 caracterizaram-se pela opção por um modelo de base neoliberal. A abertura de mercado e a política de privatizações ganharam ênfase. Além disso, observou uma redução da atuação estatal.
Em 1996, Abdalá Bucaram foi eleito presidente com uma plataforma populista prometendo reformas econômicas e sociais e o rompimento do que chamou de poder da oligarquia nacional. Durante seu curto mandato a administração de Bucaram criticou a corrupção. Digo curto mandato porque ele foi deposto, em 1997, pelo Congresso sob alegação de incompetência mental. Bucaram foi substituído interinamente pelo então Presidente de Congresso Fabián Alarcón.
Em maio de 1997 a presidência interina de Alarcón foi ratificada por um referendo popular. Durante a presidência de Alarcón, foi escrita a nova Constituição do país que só entrou em vigor 1998.
A instabilidade política do Equador mostrou sua face nos anos que seguiram. Entre 1996 e 2007 teve sete presidentes, sendo que três desses governantes eleitos pelas urnas foram depostos em meio a revoltas de indígenas e outros setores, com a intervenção do Parlamento.
Entre 2007 e 2017 o governo foi do esquerdista Rafael Correa. Considera-se que esse período correísta foi o último momento, até agora, de relativa estabilidade no país. É bem verdade que Correa conseguiu essa estabilidade com reformas sociais de cunho populista e alianças políticas que elevaram os gastos públicos. O lado obscuro de seu governo foi um autoritarismo dissimulado, mas que perseguia duramente seus opositores, e as suspeitas de corrupção.
Foi nesse contexto que se destacou a figura do jornalista investigativo Fernando Vilavicencio. Ele começou a carreira jornalística, em 1996, no setor de comunicação da empresa de petróleo do Equador, a Petroecuador, logo se tornou também um sindicalista. Após ser demitido da Petroecuador, passou a trabalhar, em 1999, em um dos maiores jornais equatorianos, o El Universo e na revista Vanguardia, atuando em matérias investigativas que denun publicar denúncias sobre corrupção. As denúncias de Vilavicencio em relação a gestão de Rafael Correa construiu uma visceral inimizade.
Após deixar o poder, Correa foi investigado por corrupção e condenado, em 2020, a oito anos de prisão e a perda de direitos políticos por 25 anos.
Em 2021, Guillermo Lasso, representando a centro-direita, derrotou o candidato da esquerda, Andrés Arauz. Mas Lasso deve dificuldades para governar, pois além de ter sofrido derrotas nas eleições municipais, não conseguiu fazer maioria no Parlamento, dominado pela esquerda.
Para escapar a um segundo pedido de impeachment, Lasso usou um mecanismo constitucional para dissolver o Congresso e convocar novas eleições, antecipando o pleito que deveria ocorrer em 2025. A instabilidade política somada a crise de segurança pública, marcada pela atuação do narcotráfico tem intensificado esse novo quadro da crise equatoriana.
O recurso constitucional do qual Lasso se valeu, conhecido como “Morte Cruzada”, nunca havia sido colocado em prática no país. O termo “morte cruzado” justifica-se, pois, ao dissolver a Assembleia, o presidente fica obrigado a convocar novas eleições presidenciais.
Com o processo eleitoral iniciado, oito candidatos se registraram para concorrer ao cargo de presidente. Em pesquisa de intenção de votos feita pela ClickReport, entre 4 e 6 de agosto, mostrava uma disputa acirrada, com Fernando Vilavicencio aparecendo em 5º lugar.
- Luisa Gonzáles: 29,2%
- Yaku Pérez: 14,4%
- Otto Sonnenholzner: 12,3%
- Jan Topic: 9,6%
- Fernando Villavicencio: 7,5%
- Brancos e nulos: 16,9%
- Outros: 10,1%
A questão é que, em meio a esse processo eleitoral, o Equador vem sofrendo uma forte onda de violência ligada ao narcotráfico, que vem atingindo inclusive políticos e funcionários públicos. No final de julho um prefeito foi assassinado no país.
No dia 9 de agosto deste ano, Fernando Villavicencio foi assassinado com três tiros na cabeça depois de um comício na capital, Quito. No atentado pelo menos outras nove pessoas ficaram feridas. Além disso a sede do partido de Vilavicencio, o Movimiento Construye, sofreu um atentado feito por indivíduos armados.
Apesar do presidente Guillermo Lasso ter decretado estado de exceção e ter garantido que as eleições estão mantidas para 20 de agosto, o clima que toma conta do país é de total insegurança.