Primeiro clube goianiense a retornar aos treinamentos, e diante das limitações financeiras por causa da crise em meio à pandemia do coronavírus, o Atlético completará o elenco do time principal, pelo menos neste momento, com jogadores das categorias de base. Já com contratos profissionais, o goleiro Gabriel, o lateral-direito Luan, os zagueiros Michel e Danilo e o atacante Vitor serão integrados ao grupo a partir da próxima semana.

Luan, Michel e Vitor, inclusive, foram utilizados na equipe rubro-negra durante o Campeonato Goiano no primeiro trimestre do ano. Contudo, a ausência do atacante Riquelme gerou outra questão. Assim como o trio mencionado, o jogador de 18 anos também já estreou profissionalmente. Em 2019, ainda com 17 anos, marcou o gol da vitória do Atlético sobre o Crac por 2 a 1 pelo torneio estadual e disputou mais duas partidas.

Nesta temporada, foi o principal destaque do time de Raphael Miranda na Copa São Paulo de Futebol Júnior, quando pela primeira vez o Atlético chegou até a terceira fase da competição sub-20. Em cinco partidas, Riquelme balançou as redes em seis oportunidades no interior paulista. De volta à Goiânia, porém, não foi aproveitado no time profissional e acabou emprestado à Anapolina, onde marcou um gol em três jogos.

Ainda antes da paralisação por tempo indeterminado do Goianão, o centroavante já tinha retornado para o CT do Dragão em virtude de uma lesão. Em abril, a diretoria rubro-negra já considerava um novo empréstimo, possibilidade que ficou mais clara agora com sua ausência no retorno das atividades do time principal. Por isso, a dúvida: por que Riquelme não é aproveitado no Atlético?

Durante o programa Hora do Esporte, o apresentador Wendell Pasquetto levantou a questionamento para os comentaristas da Sagres 730, Charlie Pereira, Evandro Gomes, José Carlos Lopes e Tim, que analisaram a situação. Já a repórter Nathália Freitas apurou que o jovem atacante teve problemas extracampo, por isso está fora dos planos do clube rubro-negro no momento.

Enquanto o Atlético avalia ajuda ao Vila Nova com empréstimo de jogadores, surgiu o rumor de Riquelme ser um deles. De qualquer forma, a possibilidade foi descartada momentaneamente por Hugo Jorge Bravo, presidente executivo do Vila Nova. A intenção do clube colorado é dar espaço para os garotos das suas categorias de base. O atacante Anderson, de 19 anos, inclusive, já integra o elenco profissional.

Wendell Pasquetto lembrou do exemplo de outro jovem da base rubro-negra, o atacante João Pedro, que marcou quatro gols nos dois primeiros como titular no time principal do Atlético, contra Crac e Rio Verde, no Campeonato Goiano de 2017. Na época, disputou outras seis partidas e foi emprestado para o Corinthians, onde ficou por duas temporadas. De volta ao clube, integrou o elenco sub-23 no Campeonato Brasileiro de Aspirantes.

Contudo, por problemas de disciplina acabou não tendo o contrato renovado e ficou sem vínculo em 2019. Na temporada anterior, passou pelo Votuporanguense-SP e pelo Goiatuba, onde conseguiu destaque. Artilheiro da Terceira Divisão do Goianão, marcou nove gols em nove partidas na campanha de acesso do time, o que valeu um contrato com o Goianésia para este ano. Na elite do futebol goiano, porém, nenhum gol em oito jogos.

Para Charlie Pereira, “o Atlético precisa estar preparado para resolver. O menino fez gols na Copa São Paulo, mostrou capacidade e está se profissionalizando no Atlético foi por quê? Nas etapas anteriores, viu qualidade nele e ele foi subindo de degrau”. Se está dando trabalho fora de campo, “o Atlético tem que resolver essa situação. Sabe quem deu trabalho fora de campo? Léo Sena. O Goiás teve o Léo Sena umas duas vezes com a mala pronta para ir embora, conseguiu contornar a situação e entregou ele ao profissional”.

Já Tim, que também atuou como coordenador da base do Vila Nova, revelou que “aqueles que moram no alojamento tem todo um regulamento: horário, disciplina e estudo. Sempre tem um ou outro que vai dar um trabalho maior. Não sabemos o que é esse trabalho que o Atlético fala, mas ainda não vi o Riquelme ter uma oportunidade no elenco profissional. Será que ele continuaria dando trabalho extracampo se fosse integrado no profissional?”.

Para o comentarista, ao invés de “abrir mão de um talento porque deu trabalho, é melhor tentar corrigir esse defeito. Também não sei até que ponto o Atlético tem paciência, ou se teve com esse garoto. Não gosto de abrir mão do talento, e ele mostrou qualidade. É difícil, mas daria uma oportunidade no elenco profissional e cobraria mais. Se ele continuar dando trabalho e não mudar, aí é outra situação”.

José Carlos Lopes ressaltou que “tem casos e casos, mas é preciso seguir essa linha de raciocínio”. Sobre Riquelme ter um ‘gênio difícil’, “não sei se é o caso. Se tem aquele medo de que o grupo está certo e pode ser que ele possa contaminar. Você pode influenciar levando para as ‘noitadas’ ou impacientando, no sentido do grupo não gostar dele, que não sei se é. Agora, pode ser uma impaciência única: a do Adson Batista. O Adson perdeu a paciência e pronto, e se for isso será a pior das hipóteses que estou levantando”.

Por outro lado, Evandro Gomes destacou que jogador de futebol, principalmente o centroavante, é um jogador que o dirigente segura até quando não dar mais. Ninguém é louco para rasgar dinheiro, e quanto vale um centroavante? Isso é uma questão que, às vezes, o atleta, sem pensar, joga fora a oportunidade. O Adson é experiente e conhecedor de futebol e não tomaria essa decisão se não soubesse o que se passa com esse jogador”.

Confira o debate na íntegra dos comentaristas da Sagres 730