O gabinete de crise da Prefeitura de Goiânia informou nesta sexta-feira (5) que estuda antecipar feriados para manter isolamento social contra o novo coronavírus na capital. Atualmente, o índice na cidade está em 38%, e a meta é chegar a 50%.

De acordo com o secretário de Governo e presidente do gabinete de crise, Paulo Ortegal, já a partir da próxima semana, haverá decretação de ponto facultativo no dia 12, dia seguinte ao feriado de Corpus Christi, para que assim, com o fechamento do comércio, esse índice de isolamento possa ser ampliado.

É certo que, como dia 11 de junho, próxima quinta-feira, é feriado nacional, nós vamos decretar ponto facultativo na sexta-feira, dia 12, para que tenhamos aí quatro dias de recesso, o que vai ajudar no aumento do isolamento social, permitindo que cheguemos mais perto do desejável. Outras antecipações, no entanto, vão depender de questões legais”, avalia.

Os feriados de 12 de outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, e 24 de outubro, aniversário de Goiânia, estão entre os que a Prefeitura estuda antecipar para atingir a meta de isolamento.

A secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué, destacou que Goiânia ainda é uma das melhores no que diz respeito aos números da Covid-19 no Brasil, mas as condições epidemiológicas atuais não favorecem novas reaberturas de comércios na capital.

As duas próximas semanas serão fundamentais para os resultados finais da pandemia em Goiânia. É muito importante que todos tenham consciência disso. Hoje nós temos 38% de taxa de isolamento e é preciso que alcancemos pelo menos 50% para que nossa rede assistencial suporte a demanda por leitos em Goiânia”, afirma.

Goiânia possui atualmente 50 leitos e UTI e 40 de enfermaria distribuídos no Hospital das Clínicas e Maternidade Célia Câmara. Fátima Mrué destacou também as taxas de ocupação para atendimento a pacientes da Covid-19.

“A ocupação da nossa rede de saúde, neste momento, é de 93% para enfermarias e de 78% para UTIs destinadas a pacientes da Covid-19”, informou, lembrando que perto de 2 mil óbitos podem ser evitados, caso o índice de isolamento social desejado seja alcançado”, avalia.

De acordo com o gabinete de crise, no melhor cenário, considerando 50-55% de isolamento da população no período, seriam necessários menos de 50 leitos de UTI por dia e os óbitos chegariam a um total de 200 até final de julho 2020. No cenário com isolamento mantido em 38%, seriam 200 leitos-dia de UTI e um total acumulado de 1.000 óbitos por Covid-19. No pior cenário, que assume tendência de redução gradual do isolamento no período, o número de leitos de UTI necessários diariamente passaria para 380 e o total de mortes por Covid-19 chegaria a 1.800.

Mrué esclareceu, também, que a autorização para funcionamento das imobiliárias, mercados públicos municipais e o treino de atletas de times profissionais de futebol foi concedida após estudos técnicos sustentarem que o funcionamento desses segmentos não apresenta riscos de aglomerações e que, portanto, não impacta o quadro de contaminação por coronavírus na cidade.

Números da pandemia do novo coronavírus em Goiânia, apresentados em reunião do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COE), ocorrida no último dia 1° de junho, atestam que o resultado final da epidemia em Goiânia dependerá fundamentalmente do comportamento da população nas próximas semanas. Estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) consideraram três cenários de isolamento social e a partir disso projetaram a quantidade de leitos de UTI necessários e o número de óbitos para três níveis de isolamento. Os pesquisadores estimam que, se o nível de isolamento cair a 30%, Goiânia poderá ter até 1,8 mil óbitos motivados pela Covid-19.

Em entrevista à Sagres, na manhã desta sexta-feira (5), o superintendente de Vigilância em Saúde de Goiânia, Yves Mauro Ternes, disse que o resultado do inquérito sorológico, realizado pela Prefeitura de Goiânia, aponta que 10.855 pessoas já podem ter sido infectadas pelo novo coronavírus na capital. O dado faz parte de uma coletagem para testes rápidos que ocorreu no dia 30 de maio em 2,4 mil domicílios da cidade, sendo que 18 casos testaram positivo, com uma prevalência da infecção de 0,75%.

Segundo Yves, Goiânia está vivendo um momento de crescimento da curva de casos, e as medidas e estratégias devem ser revistas semanalmente.