A possibilidade de incêndios florestais, aumenta com o período de estiagem devido as condições climáticas. A explicação para este aumento de ocorrências está relacionada com as altas temperaturas e baixo volume de chuvas que favorecem os incêndios na vegetação. O tempo de baixa umidade requer uma série de cuidados com o meio ambiente.

A geógrafa, especialista em Geoprocessamento e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), explicou que a intensificação das queimadas pelo homem, pode gerar a degradação do ambiente, esgotamento das terras, erosão, perda da biodiversidade do cerrado e vários outros danos.

“Se você queima repetidamente o solo do cerrado, como vemos todos os anos, não dá tempo da vegetação se regenerar e se renovar, isso traz consequências tanto para flora como para fauna”, explicou a especialista.

Outra consequência das queimadas e a emissão de gases com a queima da vegetação. Segundo a professora, no momento dos incêndios florestais são liberados gases como o carbônico, metano e monóxido de carbono que vão para a atmosfera e aceleram o processo de aquecimento global, modificando a regularização climática. “A vegetação do cerrado armazena muitos desses gases, é como um sumidouro que capta isso naturalmente da atmosfera. Quando as pessoas queimam o cerrado, todos os gases que estão armazenados acabam sendo liberados”, explicou.

Foto: Assessoria de Comunicação dos Bombeiros de Goiás

Uma das grandes causadoras das queimadas é a agropecuária, pois esse é um ato que gera pouco custo para o preparo inicial do solo. Mas essa prática pode vir a prejudicar essa área da economia segundo a geógrafa.

“O solo vai perdendo matéria orgânica, ao contrário de uma tradição que diz que com o resto da queima o solo fica adubado, isso não se sustenta, porque se perde microrganismos com o fogo e muitos elementos importantes do solo. O agronegócio é prejudicado, pois essa prática resulta em terras menos férteis ao longo do tempo”.

A especialista explicou que a perca da vegetação contribui para as alterações dos regimes de chuvas. “A gente vai perdendo essa questão da qualidade hídrica e também da regulação climática”, declarou.

Para a professora a conscientização dos cidadãos, só virá através da educação ambiental e de fiscalização. “É preciso levar informação até as pessoas, mostrar aos pequenos produtores que existem outras alternativas além do fogo, mostrar que atitudes simples com evitar jogar resto de cigarro dos veículos pode evitar os incêndios nas rodovias. Devemos associar esse serviço de educação a fiscalização e com penalidades reais, para que as pessoas pensem muito antes de fazer um ato criminoso de queimada”, afirmou a professora.

Queimadas em Goiás em 2020

O tenente do Corpo de Bombeiros de Aparecida de Goiânia e oficial de informações públicas da Operação Cerrado Vivo, Tiago Rodrigues de Oliveira, explicou que o número de queimadas, até o momento, é relativo se comparado com o ano de 2019. Segundo ele houveram meses de alta e baixa. “No mês de maio ouve um aumento de 25%, já em junho, se comparado com 2019, uma diminuição de 16% e em julho as queimadas voltaram a aumentar. Atualmente estamos fechando o mês de agosto, temos aproximadamente mil ocorrências atendidas, de incêndio florestal. Totalizando no ano de 2020 quase cinco mil ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros”, explicou o tenente.

Foto: Assessoria de Comunicação dos Bombeiros de Goiás

De acordo com dados da Operação Cerrado Vivo, a maioria dos incêndios florestais são causados por ação humana. O tenente ressaltou que o ato de atear fogo ou queimar lixo em lotes baldios é crime. “O crime de poluição, prevê pena de reclusão de um a quatro anos, mais multa para os casos mais graves”, afirmou.

Operação Cerrado Vivo

Foto: Operação Cerrado Vivo / CBM-GO

A Operação Cerrado Vivo teve início em fevereiro de 2020 e será finalizada em dezembro deste ano com um relatório. Segundo o tenente Tiago Rodrigues, a operação tem duas fases, a primeira é de conscientização da população, que segue até o início de junho, e a segunda de combate às chamas.

“A primeira fase é preventiva, se consiste em um de trabalho com a população em relação aos crimes ambientais e todos os efeitos causados ​​pelas queimadas no nosso ecossistema, tanto na fauna como na Flora, é um trabalho preventivo e orientativo”, contou.

Palloma Rabêllo é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o IPHAC e a PUC Goiás sob supervisão do jornalista Tandara Reis.