Nesta quinta-feira (31), Marcelo Almeida terá o seu último dia oficial à frente da direção executiva do Goiás. Na função entre agosto de 2017 e dezembro de 2020, o dirigente passa a responsabilidade para Paulo Rogério Pinheiro, aclamado nesta quarta-feira (30) como o novo presidente executivo do clube esmeraldino.

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Em três anos e meio no cargo, o dirigente viveu momentos de tensão, como a invasão do CT Edmo Pinheiro um dia depois de assumir a presidência de forma interina, com a renúncia de Sérgio Rassi, até com as conquistas de 2018 e 2019, com o acesso para a Série A e a classificação para a Sul-Americana.

Em 2020, a segunda etapa da reforma do estádio Hailé Pinheiro, com a construção do novo setor leste, contrastou com o desempenho ruim no Campeonato Brasileiro e a crise financeira. Em setembro, uma entrevista reveladora sua à Sagres expôs problemas no clube, inclusive com críticas ao elenco. Neste mês, voltou a falar sobre a sua frustração.

Balanço da gestão

Em uma nova entrevista especial concedida ao repórter André Rodrigues, Marcelo Almeida fez um balanço do período em que esteve à frente da presidência executiva do Goiás. Com um foco maior acerca do futebol, o dirigente também não deixou de comentar sobre o problema estrutural e financeiro do clube esmeraldino.

Antes de ser eleito para o triênio 2018-2020, o dirigente assumiu o cargo de forma interina após a renúncia de Sérgio Rassi, em 25 de agosto de 2017. Na época, “também um momento tenso e conturbado. O Goiás não passava por um bom momento, ali na ‘rabeira’ da Série B, quase que caindo para a C. Quando assumi, logo teve aquele terrível episódio da invasão do centro de treinamento, com agressão às pessoas e quebra-quebra”.

“Vivenciei momentos de felicidade também, e sou obrigado a lembrar que no ano seguinte conseguimos fazer com que o Goiás retornasse à Série A, o que era o grande anseio de todos nós. No outro ano, também fomos muito felizes, porque não apenas conseguimos nos manter na Série A, como também nos classificamos para a Sul-Americana e ficamos na 10ª colocação do Brasileiro, que é um campeonato extremamente difícil”, ponderou.

No entanto, 2020 acabou como “um ano que acredito que não tenha sido bom para a grande maioria das pessoas que habitam a Terra. Fomos acometidos por essa terrível pandemia e sou obrigado a citar isso como um momento histórico e extremamente desagradável para o futebol e a estrutura do Goiás. Começamos o ano com vários projetos que, infelizmente, a grande maioria não deram certo”.

“Essa pandemia bagunçou a vida de todos nós, financeiramente, inclusive. Tínhamos feito um planejamento para quem em 2020 pudéssemos construir a segunda etapa da Serrinha, coisa que praticamente conseguimos fazer, mas o desencaixe financeiro que o Goiás passou influenciou de sobremaneira para que tivéssemos resultados adversos dentro de campo”, concluiu o presidente esmeraldino.

Marcelo Almeida ao lado de Hailé e Edminho Pinheiro, respectivamente presidente e vice do Conselho Deliberativo do Goiás (Foto: Rosiron Rodrigues/GEC)
Problemas financeiros

Além do milionário déficit mensal revelado à Sagres em setembro de 2019, o Goiás também conviveu com muitas perdas de receita nesta temporada. Além da falta de arrecadação pela ausência do público nos estádios, também houve a perda de patrocínios, a não transmissão de jogos da equipe na TV aberta e o renegociamento das parcelas do pagamento do Flamengo pela contratação de Michael, dentre outros cortes.

Nas projeções da diretoria, o prejuízo foi superior a R$ 20 milhões, entre arrecadação de público, direito de transmissão e a segunda parcela do pagamento da venda de Michael. Segundo Marcelo Almeida, “é o dinheiro que falta para a gente hoje. O que acontece no Goiás é um problema de fluxo de caixa bastante adverso e isso não tem como não influenciar dentro de campo”.

Conselho para Paulo Rogério

Durante a sua gestão, o dirigente não teve sucesso para diminuir os custos do clube. Marcelo destacou que “tem certas coisas que confesso que não consegui fazer e torço para que o Paulo Rogério consiga. O Goiás precisa ser enxugado e repensado em várias frentes, porque adquiriu dimensões muito grandes. Até questionamos: será que compensa ser tão grande assim?. Ou, se é grande demais, que seja repensado para que possa ser melhor alicerçado”.

Na sua opinião, “não adianta ser grande com um alicerce ‘bambo’, que é o que está acontecendo com o Goiás hoje. O alicerce do Goiás está ‘bambo’, e precisamos ser mais sólidos, porque, se não for, viverá em uma eterna insegurança. O Goiás é muito grande, tem uma estrutura grande demais, mas precisa ser repensado, porque, com a estrutura que temos hoje, nos deixa inseguros. E vai deixar o próximo e outro próximo enquanto não seja mexida a estrutura”.

Mensagem de esperança

Ainda confiante na permanência do Goiás na Série A, Marcelo ponderou que “hoje somos os 18º colocados, mas faço parte de um grupo que ainda acredita que possamos reverter essa situação. Quem olha a tabela percebe que existem chances reais de reverter. O momento, de fato, não é bom, poderia estar sendo bem melhor, mas o futebol é uma montanha-russa: hoje está bom, amanhã está ruim e depois está bom de novo. Hoje não está bom, mas está melhorando e acredito que daqui a pouco estará bom de novo”.

Ouça a entrevista na íntegra de Marcelo Almeida à Sagres