Desde a criação da quarta divisão do Campeonato Brasileiro, somente um clube goiano teve sucesso na competição. Em 2012, o Crac, embalado por boa campanha no Campeonato Estadual, chegou até a final da Série D e conquistou a promoção para a terceira divisão, onde ficou por duas temporadas. Nos últimos anos, Anapolina, Anápolis, Aparecidense, Goianésia e Itumbiara não tiveram o mesmo sucesso.

Nesta temporada, Aparecidense e Goianésia, inclusive, querem deixar para trás o retrospecto ruim no torneio buscarem o tão sonhado acesso para a Série C, que garantiria uma condição melhor para os clubes em termos de competitividade e financeiramente. Da mesma forma, o Goiânia, que nunca disputou a quarta divisão, agora luta para reescrever a sua história no cenário nacional, onde já colecionou passagens na elite.

O trio goiano se encontra no A5 da primeira fase do Campeonato Brasileiro ao lado de equipes de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo. Além de Aparecidense, Goianésia e Goiânia, também estão na disputa pelas quatro vagas para a fase seguinte Águia Negra-MS, Operário-MT, Real Noroeste-ES, União-MT e Vitória-ES. A primeira rodada, inclusive, tem todos os jogos dos goianos neste sábado (19).

Às 15h, o Goiânia enfrenta o Real Noroeste, que passou nas preliminares pela Aquidauanense-MS. A partida acontece no estádio José Olímpio da Rocha, em Águia Branca. Já a Aparecidense, ainda na espera da liberação do reformado Annibal Batista de Toledo, recebe o Operário Várzea-Grandense no Hailé Pinheiro, às 17h, com transmissão da Sagres. Já o Goianésia, às 18h, tem o Vitória no Valdeir José de Oliveira.

Aparecidense

Time-base: Pedro Henrique; Rafael Cruz, Renato Silveira, Allef Nunes e Rayro; Tiago Ulisses, Washington, Rodriguinho, Robert e Alex Henrique; Édipo

Elenco do Camaleão

Goleiros: Pedro Henrique, Matheus Camilo e Tony
Laterais: Gabriel Paulino, Rafael Cruz, Rayro, Rômulo e Rodrigues
Zagueiros: Allef Nunes, Iago Mendonça e Renato Silveira
Meio-campistas: Albano, Bruno Henrique, Filipe Trindade, Flavinho, Léo Teles, Rian, Robert, Rodriguinho, Tavares, Tiago Ulisses e Washington
Atacantes: Alex Henrique, Cardoso, Édipo, Flávio Gabriel, Lucas Negueba, Marcos Paulo, Roniel e Uederson

Palavra do professor

Desfalcado pelo coronavírus, inclusive com o treinador Romerito e o auxiliar Weslley em recuperação, cabe ao assistente Thiago Carvalho comandar a estreia. “É uma oportunidade para mostrar o meu trabalho. É um objetivo meu (ser treinador) e tenho me preparado para isso. Claro que é uma situação bem ruim, por causa do vírus, mas me sinto preparado para dar sequência ao trabalho do Romerito e do Weslley”, ressaltou.

Por outro lado, sobre o primeiro adversário, destacou que “o Operário acabou de contratar um treinador, então é um time que está em construção. Chegaram atletas nessa semana, que teoricamente vão para o jogo. Temos pouca informação (sobre eles), quase zero. Dentro disso, a Aparecidense precisa fazer bem o que vamos propor, para termos vantagem durante o jogo, já que não temos informação para criar uma estratégia”.

Fala, presidente

Já o empresário Elvis Mendes, que acompanha a situação do diretor de futebol João Rodrigues, o Cocá, hospitalizado por conta da covid-19, lamentou o “início tumultuado, mas estamos trabalhando firme. Tenho certeza que essa vaga na Série D não caiu por acaso no colo da Aparecidense. Conseguimos montar um bom elenco, mesmo com pouco dinheiro. Vamos conquistar essa vitória e dedicar aos nossos guerreiros Romerito, Weslley e Cocá”.

No caso, o clube de Aparecida de Goiânia, sétimo colocado no Goianão 2019, herdou a vaga do Crac, que desistiu de participar da Série D. Por conta da pandemia, o orçamento do clube foi bastante prejudicado e hoje a diretoria trabalha com uma receita por volta de R$ 120 mil por mês. O custo mensal da estrutura da equipe montada para o Campeonato Brasileiro tem uma folha de pagamento em torno de R$ 100 mil.

Histórico na Série D

Está será a oitava participação da Aparecidense, que nunca superou a segunda fase. Já foram 54 jogos disputados, com 22 vitórias, 16 empates e 16 derrotas. Depois da estreia em 2012, chamou atenção no ano seguinte, quando acabou eliminado nas oitavas de final pelo Tupi-MG. A decisão, contudo, veio nos tribunais, por conta da invasão de campo de um funcionário do clube, desclassificado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Vice-campeão goiano em 2015 e 2018, carrega boas experiências na Copa do Brasil, torneio pelo qual já eliminou clubes tradicionais, como Sport (2016), Botafogo (2018) e Ponte Preta (2019). Na sua última participação na Série D, o ‘Camaleão’ foi eliminado ainda na primeira fase, quando terminou na terceira posição no Grupo A9, com nove pontos em seis rodadas, com três vitórias e derrotas.

Goianésia

Time-base: Thiago Santos; Lukinha, Rodolfo, Anderson Sobral e Elves; Da Matta, Bosco, Railson e Jonathan. Paulo Henrique e Franklin

Elenco do Azulão do Vale

Goleiros: Edson, Marcão e Thiago Santos
Laterais: Bruno Leite, Cleidson, Elves e Lukinha
Zagueiros: Anderson Sobral, Caio, Márcio Luiz, Rodolfo, Tiago Garça e Wester
Meio-campistas: Bosco, Da Matta, David Oliveira, Dudu, Fábio Leite, Luciano Buiú, Iran, Jonathan, Railson, Renato, Wiliam Kozlowski e Zizu
Atacantes: Ayrton, Dudu Itapajé, Franklin, João Marcelo, Léo Carvalho, Lucas Melão, Mateusinho, Paulo Henrique e Vanílson

Palavra do professor

Já presente na última rodada do Goianão antes da paralisação do campeonato, em março, o jovem treinador Luan Carlos, de apenas 28 anos, é uma das apostas do Goianésia, que frisou que “a convivência com jogadores com mais idade e experiência no futebol do que eu está sendo muito interessante. Aprendi que para ter o controle do grupo é preciso, antes de tudo, respeitá-los, porque o respeito é uma via de mão dupla. Esse é o grande segredo: ter firmeza e mostrar que tem conhecimento naquilo que está propondo”.

Sobre o adversário deste sábado, destacou que “o Vitória é uma equipe muito qualificada. Está há um ano e meio com o seu treinador e manteve praticamente todo o elenco que disputou o estadual. Inclusive, vinha liderando o campeonato, foi campeão do ano anterior e acho que hoje é a referência do futebol do Espírito Santo. Respeitamos muito o nosso adversário, mas também temos (qualidade). Se será difícil para nós, será muito difícil para eles também”.

Fala, presidente

Confiante, Marco Antônio Maia afirmou que “o time do Goianésia sempre entra com o objetivo de disputar qualquer torneio e no Brasileiro não é diferente. Queremos o acesso inédito, sabemos da tendência do futebol brasileiro em ter um calendário único e da importância para a permanência do Goianésia na história do futebol, para que tenha garantido todo ano um calendário anual para poder fazer um planejamento maior e que possa crescer no futebol brasileiro”.

Com uma folha reduzida por conta da crise causada pela pandemia e um orçamento mensal por volta de R$ 100 mil, o dirigente ressaltou que “o time está montado, mas o campeonato é longo e vai até o ano que vem ainda, então não está descartado futuras contratações por perda de jogador, mas hoje vemos um elenco perto do ideal que queremos. O time está ‘montadinho’, treinando há quase 30 dias. Claro que não foi o ideal, mas foi o que conseguimos em razão da pandemia e o Goianésia vem forte”.

Histórico na Série D

O clube do Vale do São Patrício tem seus maiores feitos no Campeonato Goiano, onde já realizou grandes campanhas, incomodando os grandes de Goiânia. Terceiro colocado em 2013, neste mesmo ano fez a sua estreia na Série D e, em 2014, na Copa do Brasil. Na quarta divisão, contudo, o retrospecto não é positivo: em 30 jogos, seis vitórias, quatro empates e 20 derrotas.

Esta será a quinta participação do Goianésia no Campeonato Brasileiro e a grande missão do time será deixar para trás a péssima campanha realizada na sua última presença na Série D. Em 2016, foi o lanterna do Grupo A12, eliminado com seis derrotas e nenhum ponto somado em seis rodadas. Sem nunca ter superado a primeira fase, seu melhor desempenho foi em 2013, quando somou 10 pontos em oito jogos.

Goiânia

Time-base: Matheus Santillo; Adriel, Robson, Cristiano e Romarinho; Anthony, Miguel e Diney; Du Gaia, Bruno Santos e Américo

Elenco do Galo Carijó

Goleiros: Johnathan, Matheus Santillo e Weverton
Laterais: Adriel, Danilo, Romarinho e Wanderson Lima
Zagueiros: Cristiano, Dedé, Eduardo Leite e Robson
Meio-campistas: Anthony, Diego Fumaça, Diney, Kaio Wilker, Lucas Lucena, Miguel e Willian
Atacantes: Américo, Bruno Santos, Du Gaia, Yago Amaral, João Pedro, Mateus Alex, Rafael Barbosa e Stuart

Palavra do professor

Para a estreia, o treinador Finazzi não foi autorizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a estar na beira do gramado por ter tido contato com o novo coronavírus e será substituído pelo auxiliar Vítor. Contudo, o ex-atacante destacou que “todo mundo está ansioso para a estreia. Espero que possamos fazer uma boa estreia e trazer a vitória, porque tem sempre que buscar a vitória, independente de qualquer adversidade, porque nos dará tranquilidade e confiança para o resto campeonato”.

Questionado sobre os resultados ruins na preparação para o Brasileirão, incluindo goleada sofrida para um time amador, Finazzi explicou que “a primeira coisa é que não se deve perder nenhum amistoso, principalmente contra time amador. Não é dar desculpa, mas todo mundo sabe que profissional não gosta de amistoso contra equipe amadora. Não joga com a mesma vontade e tensão, e do outro lado é completamente o inverso, a equipe vem para ‘dar a vida’, tentar vencer e ser contratado”.

“Mesmo assim, não se deve perder. Fora isso, estávamos sem muitos jogadores. Pelo menos quase metade do time, com jogadores que vinham de contusão e outros ainda respeitando a quarentena da covid-19. Agora, com o grupo todo formado e à disposição, tenho certeza que será diferente, está todo mundo muito bem concentrado e preparado para fazer um grande campeonato”, completou.

Fala, presidente

Otimista pelo acesso, o empresário Alexandre Godói assumiu a direção executiva do clube com a ambição de recuperar o prestígio do ‘Galo Carijó’. “Sabemos que a caminhada é difícil, a Série D é uma competição inédita para a gente, mas precisamos conquistar nossos objetivos este ano ainda e não vamos desanimar. Estamos em um momento delicado e, para o nosso projeto não ir por água abaixo, temos que fazer uma boa competição agora, buscar o acesso para a Série C e não cair no Campeonato Goiano”, frisou.

Diferente dos seus adversários regionais, o Goiânia trabalha com um orçamento maior, em torno de R$ 200 mil, com uma folha de pagamento por volta de R$ 180 mil por mês. Godói ressaltou que “a conta é apertada e por isso o elenco precisa ser enxuto. Para dar continuidade ao trabalho e alcançar o objetivos. O grupo está fechado e estamos muito confiantes de que esse elenco vai dar resultado dentro do campo”.

Histórico na Série D

Um dos clubes mais tradicionais do futebol goiano, o segundo mais antigo da capital ainda existente, fundado em 1938, conquistou 14 títulos do Campeonato Goiano, com destaque para o pentacampeonato entre 1950 e 1954, feito repetido somente pelo Goiás. Já campeão regional, quando conquistou a Copa Brasil Central, em 1967, disputará a quarta divisão pela primeira vez. Por outro lado, já participou 14 vezes no Campeonato Brasileiro, com quatro presenças na elite, quatro na Série B e outras seis na Série C – sua última, em 2002.