Bullying, cyberbullying e autoestima estão entre as situações que causam exposição à violência no ambiente escolar. A professora do departamento de psicologia educacional da Faculdade de Educação da Unicamp, Telma Vinha, afirmou que essas situações dificultam o aprendizado dos estudantes porque eles precisam lidar com o sofrimento. 

“Não se aprende quando se está sofrendo. A escola atua muito de uma maneira reativa, como a gente fala, põe o dedo depois que o problema ocorre. Mas nós vamos precisar atuar de uma maneira preventiva também”, apontou.

Telma Vinha palestrou, na terça-feira (26), para professores de Educação Física, assessores pedagógicos e supervisores do Ensino Médio da Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc). O tema da conversa foi o “Acolhimento e bem-estar na sala de aula”.

Convivência escolar

Crianças e adolescentes estão em constantes mudanças e chegam às escolas com diversas realidades de vida. Portanto, Telma Vinha reforçou a necessidade das escolas trabalharem num pacto de melhoria da qualidade da convivência na dentro do ambiente escolar.

“Se elas[as relações] estão muito mais complexas, eu queria dizer para vocês que ninguém sabe o que fazer efetivamente. Está todo mundo aprendendo a lidar com características novas numa sociedade muito complexa, então não existem caminhos fáceis. Existem guias, orientações, pensar sobre, mas nós temos como, não é um problema a ser resolvido”, afirmou. 

A especialista em psicologia educacional orientou os professores da Seduc a se adaptarem às situações que ocorrem no dia a dia nas escolas. Segundo Telma Vinha, a convivência na escola e a aprendizagem são como um rio. E, assim como as águas se adaptam no percurso, os professores precisam se adaptar ao que está ocorrendo com os seus alunos.

“Então, se é uma questão que tem acontecido, a gente vai precisar dar conta disso, é algo que tem que ser dinâmico porque a sociedade é dinâmica e isso vai estar presente no conviver da escola”, contou.

Clima positivo e bem-estar

Palestra foi promovida pela Seduc (Foto: Seduc)

A palestra da especialista faz parte de formações da Seduc sobre a atuação dos professores em sala de aula. Um dos focos de Telma Vinha com os educadores centrou-se na cultura do acolhimento nas unidades escolares, pois o ambiente escolar é um dos mais favoráveis ao desenvolvimento das convivência para crianças e adolescentes.

“Um clima positivo não necessariamente melhora a aprendizagem, mas o negativo piora”, afirmou. Apesar de ter mencionado construir um bom clima entre a comunidade escolar, Vinha pontuou que clima e convivência não são a mesma coisa. 

“Quando se fala de clima, não é só sobre a criança, é um clima de bem-estar e de confiança para todos. Só que existe uma diferença entre clima e convivência porque a qualidade do clima é essa relação de confiança, autoexpectativa, se sentir apoiado e seguro, isso para todo mundo da escola”, disse.

Combate à violência

Telma Vinha afirmou que já identificou escolas com um clima altamente positivo, mas com violências naturalizadas. “O bullying e a discriminação eram frequentes”, notou. 

“A convivência implica uma cultura de convivência, cuidado e acolhimento. Então, a convivência significa que eu vou, por meio do conviver, tomar decisões, me relacionar, coordenar perspectivas, e eu vou aprender a viver numa sociedade democrática”, declarou a especialista.

Telma Vinha ressaltou que a boa convivência nas escolas contribui para “desnaturalizar as violências”.

A palestra de Telma Vinha ocorreu durante o lançamento do projeto “Corpo e Cognição”, na terça-feira (26), na sede da Seduc, em Goiânia. O projeto propõe encontros para os professores discutirem temas sobre acolhimento, bem-estar na e atuação integral deles na sala de aula.

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