Muitos acreditam que a fé e a esperança são remédios que não cabem em uma cápsula, mas com um poder imenso de cura. Nesta 8ª edição da série Forma do Bem você vai conhecer Thiago Morais, um personal style de 39 anos que buscou forças na fé e na esperança para se recuperar de uma doença que o levaria a morte.

De acordo com o Ministério da saúde, o Acidente Vascular Cerebral é a segunda doença que mais mata no Brasil. Ela é decorrente de entupimento ou rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro. Assim, a doença causa paralisia e em alguns casos a morte. Embora seja uma doença mais comum em pessoas acima de 60 anos, a doença também atinge jovens em uma porcentagem mínima. Em 2019 Thiago entrou para essa estatística.

Confira a reportagem em vídeo:

Embora goiano, natural de Jataí, no ano em que foi diagnosticado com AVC Thiago morava em São Paulo a trabalho. Com uma rotina corrida, ele preferiu ignorar os primeiros sintomas da doença. “Do nada comecei a sentir tontura, dormência no lado esquerdo, e que minha língua estava enrolada. Mas nada foi de imediato. Fui decaindo com o tempo e demorei ir ao médico”, relembra.

Foto: Arquivo pessoal

Em dezembro de 2019, por incentivo da família, o personal style, decidiu procurar um médico. O estágio da doença era avançado e o diagnóstico não foi nada bom. “O médico me deu pouco tempo de vida. Hoje eu digo que ressuscitei, que sou um milagre”, conta.

Logo Thiago precisou ser internado. Os dias passavam e a cada visita seu coração apertava. “Um dia recebi alguns amigos e mesmo naquela situação eu consegui ficar feliz com aquele momento. Comentei mais tarde com a enfermeira o quanto estava feliz e ela me respondeu ‘então aproveita’. Naquele momento meu coração apertou. Era como se ela quisesse dizer que meus dias estavam chegando ao fim”, detalha.

Ao receber alta Thiago decidiu que não deixaria a doença tomar conta de seus sonhos. Então, ele começou a se apegar mais em Deus acreditar em si para chegar a cura. “Era algo entre eu e Deus. Eu sabia que era uma fase e que aquilo iria passar. Eu acreditei que voltaria ao normal um dia”, relembra ele da decisão. Nessa atura Thiago dependia de pessoas para coisas simples como comer, tomar banho e se virar na cama.

Foto: Arquivo pessoal

Taísa Lima foi uma das fisioterapeutas que ajudou Thiago na recuperação. Ela explica quais foram as principais dificuldades dele e como foi o tratamento. A taxia causa uma dificuldade na caminhada e o paciente fica muito desequilibrado. No caso de Thiago, ele tinha uma grande dificuldade em dar passos, além de dificuldades em pegar algum objeto. Então, nós fazíamos exercícios para retomar esse equilíbrio.

Dedicado, o personal style buscou em si mesmo a força para superar todas as expectativas colocadas pela medicina. A fisioterapeuta conta que o paciente evoluiu em um curto espaço de tempo em uma surpreendente evolução. “Começamos com quatro sessões semanais. Em pouco tempo esses encontros reduziram para dois. Ele evoluiu de forma espantosa tamanha a força de vontade dele”.

Foto: Arquivo pessoal

Ao longo do tratamento as contas começaram a chegar. E para ajudar, os amigos montaram uma vaquinha online. A surpresa foi que a ação arrecadou mais do que o esperado. O dinheiro chegava de amigos, familiares e anônimos que acreditavam em sua recuperação. “A gente arrecadou o tripulo do estipulado. Foi incrível”, lembra Thiago.

Algumas pessoas ajudam financeiramente e outras com palavras de alto astral. Um projeto realizado no Hospital Estadual de São Luiz de Montes Belos, coordenado pela enfermeira Marina Freitas, acredita que a fé e uma boa palavra são essenciais para uma recuperação. “Todos nós somos movidos por uma fé, acreditamos que há algo superior. Ter a capacidade de orar, de falar sobre o que está passando e ter pessoas ouvindo e se importando proporciona força para superar aquele momento”, explica a enfermeira e coordenadora do projeto Palavras que Curam, Marina Freitas.

De acordo com a coordenadora, o projeto tem ajudado na recuperação dos pacientes porque motiva que eles acreditem em si mesmo. “Um dos principais objetivos do projeto é proporcionar ao paciente uma nova visão de vida e de oportunidade. Isso tem sido importante porque nós ganhamos a confiança do paciente e ele passa a acreditar em seu potencial e em seu tratamento”, revela.

Atualmente Thiago mora em Goiânia, após quase dois anos do diagnóstico e início do tratando do AVC, ele mora sozinho, é independente e já retomou até a rotina de trabalho. “Recebi de Deus uma graça que eu não merecia. Agora só me resta ser grato”, conclui.

#Forma do Bem Sagres

Esta é a oitava reportagem da série inspirada no filósofo grego Platão. Ele descreve “A Forma do Bem”, como uma “Forma” (Ideia) análoga ao Sol que seria uma manifestação física que, assim como o Sol torna os objetos visíveis gerando vida sobre a Terra. O “Bem”, nesse conceito excede a vida, permite transcender para o além. Essa é a forma que, segundo Platão, permite ao filósofo, em treinamento, avançar para um rei-filósofo.

A Forma do Bem Sagres é um espaço de diálogo com a sociedade, alcançando as pessoas com conhecimento, reflexões e indagações. A cada semana, nos próximos três meses, apresentaremos novos conteúdos que vão te ajudar a ir além e a construir a sua navegação pelas rotas da transcendência.

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